domingo, 31 de agosto de 2008

Nice Ticket


Ao contrário de muito McCainiac que para aí anda, eu, confesso admirador de Obama, fascino-me acima de tudo com a dinâmica da política norte-americana. Já aqui disse que nutro simpatia por McCain, que o teria preferido a Hillary Clinton, mas isso já é história. O que me leva a escrever hoje, depois do sucesso arrebatador da convenção democrática, é o ticket republicano: Sarah Palin.
Sarah Palin é a mulher com quem qualquer um de nós casaria se não tivessemos casado com a nossa mulher. É inteligente, bonita, elegante, transmite dignidade, é boa mãe e construiu uma carreira de sucesso. Não é pouco. Para além disto, é uma mulher de valores e convicções firmes, muitos dos quais partilho. Tem, depois, aquelas contradições muito americanas de conseguir ser uma pro-lifer convicta e, ao mesmo tempo, membro da National Rifle Association... Gostaria de saber o que pensa da pena de morte... Do outro lado, Obama também me baralha ao acolher os abortistas, embora sem entusiasmo, e, ao mesmo tempo, ser crítico da pena de morte... De registar, também, o lamentável faux pas de Palin ao elogiar demagogicamente Hillary de quem disse tão mal há tão pouco tempo. Nem tudo se perdoa a uma cara bonita...
Temos assim, apesar de tudo, uma excelente candidata ao lado de McCain, de alguma forma, um efeito Obama ao jeito repúblicano. Do lado de Obama, um Biden a lembrar McCain, dir-se-ia uma inversão de ticket. É a escolha entre a tradição com arzinho tímido de modernidade, ou a escolha da novidade que não despreza a tradição.
Há, contudo, importantes diferenças a reter: Obama decidiu há muito tempo que queria ser candidato a presidente e construiu com determinação, com inteligência, contra ventos e marés, uma fortíssima candidatura; Sarah Palin, com todas as suas qualidades, nunca aspirou a ser mais do que governadora do Alasca. Obama é natural e auto-determinado; Palin foi convidada e, apesar das suas enormes qualidades, é um golpe de marketing dos repúblicanos. Talvez daqui por quatro anos, confirmadas as qualidades de Palin, surja como potencial candidata à presidência, talvez até dispute primárias com uma Condoleezza Rice entretanto justamente reabilitada, who knows? Mas, falamos do agora, de eleições dentro de três meses.
Depois, mais importante, as políticas repúblicanas mantêm-se estáticas, conservadoras no erro, erradas no método. Os Estados Unidos têm urgência absoluta na restauração da coesão e justiça social para, regenerando por dentro, se reafirmarem como grande potência a nível externo. Neste momento, só os democratas mostram vontade de fazer a mudança necessária, a América e o mundo precisam desta viragem. McCain e Palin são rostos estimáveis de uma política esgotada, sem soluções para o presente, muito menos para o futuro. Acho sinceramente que os republicanos precisam destes quatro anos de folga para fazerem uma actualização programática e se prepararem para o futuro.

Por fim, mais um sinal da grandeza da onda Obama, alguém acredita que Palin estaria onde está sem o efeito Obama?

sábado, 30 de agosto de 2008

Neo-Socialismo


Nos últimos dias, o governo desencadeou uma operação de marketing para tentar ficcionar alguma acção contra a criminalidade galopante. Para mascarar a flagrante falta de efectivos no terreno, concentrou-os em mega operações stop com dezenas de agentes cada! Os telejornais entusiasticamete noticiaram estas super-produções governamentais. Segundo o governo, o objectivo seria a apreensão de armas ilegais e a detecção e detenção de imigrantes ilegais, factores potenciadores do aumento de criminalidade a que assistimos.
Primeiro tive esperança de nao ter ouvido bem, depois a coisa repetiu em vários canais. O governo socialista de Sócrates vem dizer-nos duas coisas muito simples: por ineficácia do Estado, anda aí um caudal de armas ilegais brutal a que só agora o governo se lembrou de tentar pôr mão. Mas, o pior desta mensagem do governo é o anátema xenófobo que lança sobre os imigrantes ilegais, relacionando-os directa e públicamente com esta onda de criminalidade. Fazer tal coisa é de uma irresponsabilidade criminosa, de uma injustiça inominável; é patrocinar um clima de xenofobia e suspeição generalizados sem razão nem fundamento.
Não percebo se isto é apenas a ansia de criar factos que desviem a atenção da absoluta incompetência do governo, se são ordens da maçonaria ao irmão Rui Pereira, se é pura e simples estupidez. O resultado é péssimo e perigosíssimo.
Fosse Portas ou alguém de direita a dizer um quarto do que foi dito, seria condenado e proscrito sem regresso possível. Como são os camaradas, ninguém pia. Mais um silêncio ensurdecedor e a democracia que se afunda.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Vocês sabem do que ele está a falar?

Agora que as férias estão a acabar, fica aqui um conselho para uma leitura interessante para quem gosta desta coisas.

Linha do Tua


Já que o inquérito preliminar não conseguiu descobrir qualquer causa para o acidente, deixo duas hipóteses:
  1. A culpa foi de alguma alheira transviada
  2. O Padre Fontes pode ter informações relevantes do Além

Menos Estado, Pior Estado - Os liberais socialistas


Adoro o Brasil. País de enormes contrastes, é caos e optimismo, corrupção e consciência cívica, pobreza e solidariedade; acima de tudo, uma imensa alegria que tudo supera. Os defeitos da organização política, administrativa e social do Brasil estão bem identificados.

1. A percepção pública de um Estado não confiável.
2. Degradação acelerada dos serviços de saúde público e recurso quase obrigatório ao privado.
3. Escola pública lascista, desorganizada e de má qualidade; recurso de quem pode ao ensino privado.
4. Justiça lenta e ineficiente.
5. Classe média em extinção, empurrada para o nível da pobreza, com baixo poder aquisitivo e alto endividamento.
6. Disparidade escandalosa de nível de rendimentos entre classe alta e classes mais desfavorecidas.
7. Níveis de criminalidade alarmantes e icapacidade de resposta do Estado.

O assustador é podermos, ao arrepio do resto da Europa, identificar todos estes factores de sub-desenvolvimento e tensão social crescente em Portugal. Podemos, sem exagero, afirmar que o governo Sócrates consolidou um caminho brutal rumo ao terceiro mundo. Este estado de coisas já produz acontecimentos preocupantes como a vaga terrível de criminalidade em curso, mas anuncia um futuro bem pior de falência da coesão social, de desigualdades, de desnorte da Nação.

A boa notícia é que o Brasil, com alguma vontade política que há que reconhecer e com a energia e capacidade crítica do seu povo, está a dar a volta e a caminhar rumo á civilização.
A má notícia é que Portugal, sem alternativa nos dois maiores partidos e com alguma letargia no seu povo, se afunda cada vez mais neste procupante estado de coisas.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

É sempre bom saber

É sempre bom saber notícias da nossa terra em órgãos de comunicação doutros países.
E a concretizar-se, será que este senhor, natural de S. Bernardo de lá, poderá vir a ser embaixador do acto?

Jogos Olímpicos - 4

Chegou a altura de dizer alguma coisa sobre a participação Portuguesa.
Achei que houve demasiada gente a falar quando não devia.
A começar no simpático rapaz que não recuperou do jetlag e queria estar na caminha, a continuar na Vanessa que, de medalha no bolso, disse o que não devia apesar de estar cheia de razão, passando pelo Presidente da Federação de Natação que não deveria ter lavado a roupa suja no magnífico Cubo de Água e a acabar no Presidente do Comité Olímpico, autor da rábula "vou-me embora mas quero cá continuar", todos estiveram mal.
Julgo que dos 14 milhões de euros que custou a nossa participação, valor que acredito seja insuficiente, se se tivessem gasto 100 mil euros numas noções básicas de comunicação, talvez estas "conversas" não tivessem existido.
Finalmente, o investimento em desporto, seja no pagamento das bolsas aos atletas - e deixemo-nos de lirismos olímpicos - profissionais, que são aqueles que podem obter resultados de destaque, seja na construção e manutenção de infraestruturas devidamente disseminadas pelo país, é largamente compensado pela notoriedade dos resultados e pela possibilidade de cada vez mais jovens poderem ter acesso ao desporto.
Agora um profissional de topo a nível mundial receber do Estado 1000 euros mensais que não são actualizados há mais de 12 anos, é rídículo. Será que o Secretário do Estado e o Presidente do IND ganham o mesmo que ganhavam os que ocupavam aqueles lugares em 1996?
Certamente que não, mas, como não lhes toca directamente este problema, nem vale a pena falar no assunto.

"Just a regular guy"


Como disse o RA, no post anterior, a Vanity Fair deste mês está soberba, uma obra prima do bom gosto e da qualidade jornalística. Só pelas fotografias, vale a pena ser vista; a começar pelo portfolio do fotografo Mark Seliger; Carla Bruni, fotografada por Annie Leibovitz; as fotografias das supermodelos Naomi Campbell, Cindy Crawford, Linda Evangelista; Claudia Schiffer, Stephanie Seymour e Christy Turlington; as fotografias do vale de Katmandu pelo fotografo Robert Polidori.... Mas, as peças jornalísticas também merecem uma leitura atenta. Destaco, aqui, a reportagem de Patricia Bosworth sobre o actor Paul Newman: fala da pessoa, do homem, na sua essência, e do porque da sua longevidade como actor. Paul Newman, em fim de vida (diz-se que veio para casa para morrer de cancro), foi mais do que um actor premiado e sex-simbol. O respeito que granjeou ao longo décadas deve-se a uma nobreza de carácter que conquistou milhões de pessoas. Paul Newman é um homem multifacetado; acima de tudo, um homem de família empenhado em preservar a sua privacidade; corredor de automóveis; realizador e argumentista; activista político; empresário de sucesso; e um empenhado filantropo. É desta faceta do seu carácter que gostaria de falar, de seguida.
Na vida real, Paul Newman tem desempenhado o papel do "Bom Rapaz", usando a sua notoriedade para apoiar causas nas quais acredita.
Em 1980, uma semana antes do Natal, Paul Newman decidiu fazer o seu famoso molho de saladas para oferecer aos seus amigos como presentes de Natal. A ajudá-lo estava o seu amigo Hotch. De repente, Paul teve a ideia de começar a comercializar os seus molhos de saladas. Com a ajuda do seu amigo Hotch fundou um império que vale milhões. Hoje em dia, comercializam molhos para saladas, molhos para esparguete, limonadas, bolachas… Todos os lucros deste negócio são canalizados para ajudar instituições de caridade. Vinte e cinco anos depois, as doações para diversas organizações excedem os 250 milhões de dólares. Mas, Paul Newman, queria fazer mais: queria criar a sua própria instituição de caridade. Em 1985 criou um campo de férias para crianças com doenças terminais: cancro, Sida...Um campo onde as crianças possam usufruir das alegrias da infância sem comprometer as suas necessidades médicas; um campo que seja "um mundo de possibilidades e não de limitações". Neste Campo, as crianças não pagam nada. Newman chamou a este campo de férias:"Hole in the Wall Gang Camp". Até hoje, mais de 114.000 crianças frequentaram este campo.
“Michael Brockman, colega nas corridas de carros, define Paul Newman desta forma: "one of the best guys I ever met."... "He’s just a regular guy".

Quo vadis, futebol?

Quem assistiu às transmissões dos dois jogos do Vitória de Guimarães na pré-eliminatória da Champions League não pode ter motivos para estar satisfeito com aquilo que viu, independemente da paixão clubística ou da qualidade do futebol jogado.
Se no jogo em Guimarães já havia algumas razões de queixa da arbitragem, se bem que em lances que poderiam ser de alguma forma de duvidosa interpretação, aquilo a que se assitiu ontem em Basileia foi um completo roubo de esquadra.
Uma decisão errada com influência directa nas aspirações desportivas e nas finanças de um clube.
Alguém virá a ser responsabilizado? Certamente que não.
O problema, para mim, é a dificuldade de adaptar algumas regras do futebol à tecnologia. Para quem não sabe, há um organismo, o International Board, que detém o poder de alterar qualquer regra. Fazem parte do
IB 4 representantes da FIFA e um de cada um dos países britânicos, o que significa que só se podem fazer alterações se os britânicos estiverem de acordo. A isto chama-se a universalidade do futebol.
Parece que no mundo do futebol há um grande problema em assumir que o árbitro pode errar ou que o árbitro pode não ver tudo em detalhe.
Comparem com o que se passa no râguebi ou no ténis.
No primeiro caso existe um árbitro que está num local em que tem acesso a todas as imagens televisivas. Em caso de dúvida, o árbitro de campo consulta o árbitro auxiliar e este transmiti-lhe o que viu. Em directo e através do sistema de som do estádio. Para que ninguém tenha dúvidas. Foi com este sistema que Portugal conseguiu marcar um ensaio contra a Nova Zelândia no Mundial do ano passado.
No ténis, são os jogadores que têm um número limitado de pedidos de verificação electrónica de jogadas duvidosas. Se tiverem razão na sua reclamação, o ponto é corrigido ou repetido, consoante a situação, e o jogador mantém o número de pedidos de verificação. Se não tiver razão, é-lhe descontado o pedido ao número de pedidos disponíveis. Quem tiver oportunidade de seguir algum jogo do Open dos Estados Unidos que está a passar exaustivamente na Eurosport, pode verificar como o sistema funciona.
Alega a FIFA que o facto de o futebol ser conservador é um dos seus atractivos. Mas será que o râguebi ou o ténis deixaram de ser atractivos por passarem a incorpar mais tecnologia? Certamente que não, diria mesmo que, por as respectivas federações terem tido essa clarividência, terão conseguido aumentar o interesse sobre as suas modalidades.
Finalmente, e ainda em relação ao jogo de ontem. Será que o árbitro vai ser responsabilizado pelo prejuízo objectivo causado a terceiros? Ou será que que nada de anormal se vai passar we nos próximos jogos europeus lá estará ele novamente a apitar como se nada se tivesse passado?

VF


Para suavizar o fim de férias, tinha na minha caixa de correio o último numero da Vanity Fair. Na capa uma esplendorosa Mme. Bruni-Sarkozi comparada a Jackie O., como o fizemos no passado aqui no Enguia, com o mote Liberté, Egalité, Nudité. No interior, ilustrada pelas fotografias soberbas de Annie Leibovitz, Bruni abre o livro e fala frontalmente sobre tudo, desconcertantemente. A não perder.
Presente também Paul Newman nos seus anunciados últimos dias, de que falarei em post dedicado num dos próximos dias.
Depois, como de costume, muito boa informação, fotografia de excelência e o trendsetting de quem dita as regras.

Tudo normal...


O PS rejeita a proposta do CDS para agendamento de um debate parlamentar de urgência sobre segurança interna. Argumenta o PS que a situação que vivemos actualmente no país não justifica nenhuma alteração ao calendário parlamentar previamente definido. O PS tem maioria absoluta e usa-a assim, quer, pode e manda. Só porque sim.
Para o PS, negar as evidências é a forma mais eficaz de mascarar a sua absoluta incompetência governativa.
Depois queixem-se dos MMS's da vida!

Basta!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Jogos Olímpicos - 3

Chega a altura de falar dos Portugueses. Mas ainda não da Missão Olímpica.
Muito se falou dos fatos de natação Speedo LZR fabricados em Paços de Ferreira, que conseguem claramente melhorar as performances dos nadadores..
Falou-se menos do Nelo, o fabricante de canoas de Vila do Conde, que conseguiu "apenas" 20 medalhas.
E, porque não, falar também da Profato, igualmente de Paços de Ferreira, que equipou 9 selecções de equitação.
Certamente que terá havido outros exemplos de empresas portuguesas ou unidades produtivas sediadas em Portugal terem contribuídos para o sucesso dos Jogos Olímpicos.
E a participação económica, pelo que se sabe destes exemplos, superou claramente a participação desportiva.

Ecológicos á força .... que remédio

Portugal é o país europeu que, em 2007, comprou carros novos mais ecológicos!
Tal não significa, porém, uma maior consciência ecológica nacional. A explicação reside unicamente no baixo poder de compra dos portugueses, que compram carros mais pequenos e de baixa cilindrada. Ou seja, como o poder de compra não permite mais, os portugueses optam por modelos de baixo consumo, que são menos poluentes e mais baratos.

A escolha dos portugueses tem tudo a ver com aspectos de natureza económica - só. Não fora isso, a tendência nacional para exibir status através de carros novos colocar-nos-ia no fundo da lista. ....

Jogos Olímpicos - 2

Falando das modalidades olímpicas.
Em Barcelona houve uma experiência com o hóquei em patins, mas que não voltou a ter repetição. Seria por não ter dimensão global?
E então o que acham do softball e baseball? Serão desportos globais?
E, já agora, o porquê de ausência do futsal, futebol de praia e râguebi?
Com alguns destes desportos, sempre teríamos mais algumas possibilidades de ganhar umas medalhitas...

Manelinho de Anissó


Portugal, para além da vaga de assaltos, assiste a uma vaga de novos partidos, vindos não se sabe bem de onde, sem que o povo os tenha chamado.

Para além do justicialista e mauzão MMS, tive hoje conhecimento do novo partido unipessoal de Manuel Monteiro.

O novo partido unipessoal de Manuel Monteiro é, de facto, inovador. Para além de ser o primeiro partido unipessoal, coisa a que nem Eanes se atreveu, é também o primeiro partido distrital. Numa leitura rápida, dir-se-á que Monteiro, farto do nado-morto da Nova Democracia, simplificou a estrutura e resolveu fazer eleger-se sozinho em Braga. Porém, no seu site de candidatura, pode perceber-se que a coisa é bem mais profunda, que Manuel é o verdadeiro bom rapaz, o português brioso, homem sem medo e desinteressado. O amigo do seu amigo.

E porquê Braga? Lógicamente, porque Manuel se sente bracarense, nasceu em Anissó e até fez por lá a aprendizaem das primeiras letras. Só não explicita se, uma vez eleito, virá todos os dias domir a Braga, terra do seu coração. As paixões são assim.

Para chegar a deputado e poder com galhardia defender a Braga do seu coração, Manuel precisa de 22.000 votos. Vai pedi-los por antecipação. Conta que as 22.000 assinaturas, que garante ir apresentar, corresponderão aos votos necessários para a sua eleição! Brilhante! Mas, e se alguém adoece no dia da eleição? Eu acho que mais vale prevenir e arranjar mais umas 100 assinaturas para imprevistos de última hora.

É de mim, ou isto está...? Bem, deixem para lá!

Já cá faltava!


Novo partido MMS quer polícia a usar armas de fogo sem tabus.
O Movimento Mérito e Sociedade propôs hoje onze medidas para criar mais segurança em Portugal. Para o partido é importante que as penas passem a ser cumulativas, que a polícia possa actuar de forma mais firme e com maior recurso a armas de fogo, que haja uma fusão das principais forças de segurança e que as vítimas tenham um papel mais activo nos processos.
Pois é, já cá faltava! Não se lembraram dos tão pedagógicos apedrejamentos públicos, dos eficazes meios mecânicos de tortura, mas desconfio que a pena de morte vem a caminho. Mesmo!
Isto é, obviamente, demagogia da mais grosseira e saloia. O aspirante a tiranete que dirige o grupelho (não lhe dou o gosto da reprodução do nome!) é um ex-juiz! A coisa tem contornos preocupantes.
Mais do que deprimente, este epifenómeno é mais uma das consequências da desastrosa política do Ministério da Administração Interna e de Rui Pereira. Com o verdadeiro clima de terror que começa a despontar no país, abre-se espaço a estes extremismos disparatados se o Estado se revela incapaz de agir eficazmente. O Governo não tem outra solução senão encontrar soluções e meios para a imediata reposição da autoridade do Estado e da ordem, sob pena de, para além dos multíplos assaltos diários, pôr a perder a concepção democrática do Estado tal como a conhecemos.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Do melhor que tenho lido....

Já não há união de facto.
Agora é: união de fato.
Se forem mulheres diz-se união de vestido.

Jogos Olímpicos 2008 - 1

Passada que está a euforia dos Jogos Olímpicos, também eu me acho no direito de fazer alguns comentários sobre o assunto.
Em primeiro lugar, tivemos uns jogos sem casos, sem atentados, praticamente sem doping e com resultados desportivos e umas cerimónias de abertura e de encerramento fantásticas.
Tivemos também os heróis, naturalmente aqueles atletas cujo comportamento desportivo se destacou dos restantes. Michael Phelps acima de todos com as suas 8 medalhas de ouro, mas também muitos
outros que conseguiram mais do que uma medalha.
E destaco também a final de basquetebol masculina. Um jogo fantástico entre os Estados Unidos e a Espanha, em que o Dream Team ganhou como se previa, mas onde teve de demonstrar a sua valia. E onde um jogador de 17 anos,
Ricky Rubio, a jogar contra aqueles atletas que há não muito tempo só conhecia das transmissões da NBA e das cadernetas de cromos, fez um jogo fabuloso.

Descubra as semelhanças

Ao ver esta fotografia, lembrei-me daqueles passatempos habituais nos jornais em que é preciso descobrir as diferenças entre duas imagens semelhantes.
Aqui, funciona ao contrário.
É necessário descobrir as semelhanças entre dois tipos diferentes.
Se alguém descobrir alguma, tem direito a dar um mergulho numa piscina do Allgarve, cortesia do Pinho.

Partilhar é bom.


Uma revisão das pesquisas sobre a mudança nos papéis familiares preparada por pesquisadores americanos sugere que as mulheres sentem-se mais atraídas pelos homens que ajudam nas tarefas domésticas.
A pesquisa analisou os diversos estudos sobre as mudanças no papel masculino nas tarefas domésticas e concluiu que a contribuição dos homens nas actividades da casa aumentou em 15% nos últimos 40 anos. No entanto, em Portugal, continua a verificar-se uma tendência global para uma divisão assimétrica, com "inclinação tradicional". Isto quer dizer que, no geral, as tarefas domésticas recaem, sobretudo, sobre a mulher.
Segundo o psicólogo Joshua Coleman, autores de um dos estudos analisados, a divisão do trabalho doméstico está associada com um aumento no nível de satisfação nos casamentos.
"As mulheres dos maridos que participam das tarefas domésticas sentem mais interesse sexual e afeição pelos maridos", afirma Coleman.

Ora, aqui está um bom conselho para maridos "muito ocupados".Partilhar as tarefas domésticas reduz o nível de incidência das "dores de cabeça".

A vergonha pública ainda funciona....

.... nos tempos que correm.
Será, porventura, a única medida a revelar-se eficaz:
O Governo faz uma apreciação positiva da publicação da lista de devedores ao Fisco, iniciada em Julho de 2006. É que, desde essa data, segundo dados oficiais, os cofres do Estado já conseguiram recuperar 500 milhões de euros aos indivíduos e sociedades faltosos investigados e que viram o seu nome publicado ou em vias de o ser. Só entre Janeiro e Julho do corrente ano os valores arrecadados em impostos em dívida já excedem os 200 milhões de euros.
A lista de devedores ao fisco já conta com quase 13 mil nomes, entre particulares e empresas.

Se houvesse um Serviço Nacional de Saúde ...

... digno desse nome, a realidade não seria assim:

Os portugueses estão a celebrar mais seguros de saúde privados e a recorrer mais às clínicas de saúde privadas. Segundo a Associação Portuguesa de Seguradores (APS), cerca de 1 700 000 portugueses já têm seguros de saúde, e a breve prazo este número vai ultrapassar os dois milhões.
No que toca a prémios, o seguro de doença cresceu 9,2% no primeiro semestre de 2008 face ao mesmo período de 2007.

As unidades de saúde privadas facturaram 690 milhões de euros em 2007, um crescimento de 8% em relação ao ano anterior.
A análise recente do sector da saúde em Portugal dá conta também de um grande concentração, já que os cinco principais operadores - José de Mello Saúde, Grupo Espírito Santo Saúde, HPP, Grupo Português de Saúde e Clisa - reuniam, em 2007, uma quota de mercado da ordem dos 80%.

Também as seguradoras estão a facturar mais: 440 milhões de euros em 2007, mais 7,8% que no ano anterior.

De novo?

A P. disse-me desde o início que isto iria acontecer, o João Pereira Coutinho escreveu sobre isto há já algum tempo. Pensei, até hoje de manhã, que seria uma espécie kennedytrauma ou mlktrauma que influenciava visões mais fatalistas ou pessimistas de uma revolução em curso. Pelos vistos, a minha visão benigna das coisas é que pecou por ingenuidade.
Hoje, uma estação de televisão do Colorado noticiava a operação em curso desde domingo, que resultou na prisão de quatro homens que planeavam assassinar Barack Obama em plena convenção democrática. O atentado estava em plena preparação prática, com armas adquiridas e todos os detalhes previstos. Mais uma vez, a arma escolhida seria uma carabina de precisão para tiro distante.
A imprensa revela que o link evidente dos quatro homens é um bando de tarados defensores da "supremacia branca", o que quer que isso queira dizer... Nestes casos, é interessante tentar olhar para lá das evidências, ou não. Não sou adepto das teorias da conspiração, mas realizo neste momento que Obama assusta de facto, e não são só os mentecaptos de uma qualquer supremacia.
Veio-me ao pensamento uma peça recente da VF sobre a segunda campanha Kennedy e a inevitabilidade do seu trágico fim. De novo.
O erro fatal em que não podemos caír é, conforme alguns instilam, duvidar da capacidade, da preparação do povo americano para ter um presidente negro. Haverá, lá como cá, quem tema a revolução em curso, existirão grupos de reacção mais ou menos organizados, tal nada tem a ver com o povo que é afinal quem comanda a maior democracia do mundo.

O Efeito Enguia - Boing!


Ao que parece, o nosso post Boing, de há umas horas atrás, já surtiu efeitos! Imagina-se aqui no Enguia que, após leitura do nosso post por um dos ministérios que regularmente nos visita, caiu o Carmo e a Trindade. Foram a correr comprar os jornais e ligaram a telefonia na TSF. Teixeira dos Santos, de lápis e borracha, emendava o orçamento e avisava o irmão Pereira que já podia ir dizer que nada tinha, de facto, acontecido. O lápis é da Viarco, a borracha da Firmo (verde clara, tamanho xl, por causa destes precalços), tudo bem antigo, a condizer com as estrelas com quem Pinho se pavoneia.
Pronto, já passou. Tudo como dantes, quartel general em Abrantes e esquadra da treta na Cova da Moura.
Boing!
P.s.: O retrato acima já tem muitos anos e o garboso cavalheiro é Philippe Noiret

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

“É na recessão que se prepara o período novo”


Para o antigo ministro das Finanças, Portugal não vai conseguir escapar à actual recessão que afecta os países desenvolvidos. Ainda assim, a crise pode ter um lado positivo: a pedagogia da recuperação. É na recessão que se preparam as políticas para o período novo.
Jorge Braga de Macedo tem, no entanto, um receio: as eleições legislativas do próximo ano podem motivar uma paragem nas reformas, acabando numa discussão sobre os estilos dos candidatos.
Destaques da Entrevista hoje ao Diário Económico:

«A minha imagem pública foi marcada por ter dito em 1992, com licença poética, que a economia portuguesa podia escapar à recessão. Para explicar, recordo o verso de Fernando Pessoa:
Há um oásis no incerto;
É como uma suspeita;
De luz por não-há-frinchas;
Passa uma caravana .
Primeiro, a incerteza que havia naquela altura de uma recessão que chegou subitamente com o não dinamarquês ao tratado de Maastricht. Depois uma suspeita de luz por não-há-frinchas e uma caravana que passa, quer dizer: uma situação melhor do que as outras mas certamente não ideal. Aquela poesia tocou num ponto da psique portuguesa - que eu se calhar deveria ter antecipado que podia tornar-se motivo de chacota. Começaram a brincar com a parte turística, com a desertificação e os camelos. Parecia que não era preciso fazer nada, quando era exactamente o inverso: nas recessões é que se preparam as políticas e reformas para o período novo. »

«Por isso é tão relevante o actual momento. Há uma onda reformista neste Governo isso é indesmentível, mas é muita parra e pouca uva. São reformas que demoram tempo, por isso não se pode esperar mudanças imediatas. Mas às vezes temos dificuldade em medir resultados, até porque reformas adiadas durante 15 anos não podem ter resultados depois de três. E estamos a aproximar-nos de uma eleição. O que vai acontecer em 2009? Aprender numa recessão, tomar medidas, continuar como se devia ter feito na recessão anterior, ou, pelo contrário, parar, interromper as reformas porque agora há que ganhar as eleições?
Mas há reformas que só passam com convergência de posições dos partidos de governo, por isso chamadas bipartisan nos EUA. Nesse contexto, a recessão internacional pode ser uma oportunidade extraordinária para criar condições e aprofundar as reformas.»

«Mais grave do que as invasões napoleónicas e a guerra civil, mais grave do que as sucessivas revoluções do século XX, foi que, há trinta e poucos anos, a classe empresarial portuguesa levou uma grande marretada. Não se cria uma elite industrial de imediato e a exclusão do chamado old money durou até 1989. Voltamos à grande medida conjunta do PS e do PSD: a revisão constitucional que permitiu privatizar, mesmo na véspera da queda do muro de Berlim! Esta reforma estrutural foi seguida pela entrada no sistema monetário europeu e pela liberalização dos movimentos de capitais mas, depois, as reformas pararam.
Nos últimos trinta anos, não estamos no grupo dos recordes de crescimento mundial: foram 15 anos para decidir se era capitalista ou socialista, depois um breve intervalo para fazer reformas que ficaram incompletas, e mais 15 anos a pensar nas pessoas e a dizer que os números não interessavam .»

Boing!!!


Boing! Foi a única coisa que me ocorreu esta manhã ao tomar contacto com as notícias. Pode ser de regressar hoje ao trabalho e estar eventualmente com os neurónios letárgicos. Acompanhem, por favor, o meu raciocínio.
O ministro Rui Pereira, que não tem direito a férias de glamour como o ministro Pinho, vai ver, segundo a TSF e o Diário Económico, o orçamento do seu ministério reduzido em 17% em verba para investimento e 8% em despesas de funcionamento. Extraordinário! Como referi em post que poderão ler abaixo, só mais criatividade estatística permitirá alimentar qualquer ideia de segurança no país. O ministro, já se sabe, virá dizer que, como bom gestor (mais uma novidade!), irá fazer mais com menos. Mais, é sempre possível porque aparenta nada ter feito; com menos, basta pensarmos na última esquadra a que nos dirigimos... O ministro, que se gaba de ter trabalhado todo o verão, pelos valores do orçamento, ainda acaba a fazer turnos de policiamento de proximidade!
Mas, isto é a visão dos velhos do restelo. Ao mesmo tempo, DN & JN, quelle surprise!, chapam na capa: "PGR reforça meios para combater crime grave!". Não será mentira, em concreto, mas adultera toda a realidade da Administração Interna em Portugal, ou não?
Serei eu que estou a ficar tan-tan?

Pelo menos, fiquei boing com as manobras que as notícias denunciam!
Meanwhile, just keep walking looking over your shoulder...

domingo, 24 de agosto de 2008

O silêncio de MFL



Manuela Ferreira Leite (MFL) mantém, de há de muito, uma coluna de opinião no semanário Expresso.
Não obstante vem sendo acusada de manter prolongado silêncio enquanto líder da oposição.
Com razão.
Primeiro, porque nessa coluna semanal vem abordando temas da actualidade sob o prisma genérico de analista / comentadora, e não na perspectica crítica da oposição partidária. Segundo, porque, convenhamos, o líder da oposição não se dirige ao país (somente) na coluna semanal de um jornal.
Mas, esta semana o artigo do MFL no Expresso deu brado porque veio denunciar o silêncio "alarmante", "inexplicável" e "inaceitável" de José Sócrates sobre a crescente onda de criminalidade que assola o País. Claro que, como seria de esperar, imediatamente o PS contra-atacou dizendo que a crítica encaixa como uma luva na estratégia omissiva que a própria MFL adoptou.
Vamos por partes.
De facto, MFL não foi eleita presidente do PSD para ficar em casa, em silêncio. Por isso, é certeira a crítica de fundo de Menezes, à excepção de que Menezes é a ultima pessoa com autoridade moral para a criticar: se não fora o péssimo desempenho dele como líder, MFL não seria hoje a presidente do PSD.
Mas, MFL anunciou logo de ínicio que não falaria, no sentido de que, ao contrário de outros antecessores, não se deixaria enredar na teia de anúncios, réplicas, e contraditas mesquinhas do cenário político dos últimos tempos. Percebe-se a sua estratégia de, a cerca de um ano de distância das eleições, deixar o governo PS desgastar-se sozinho.
Por outro lado, MFL foi eleita sem programa e sem equipa: ao longo deste tempo congregou o seu team, e vem preparando o seu projecto. E percebe-se que a esta distância MFL não queira ainda apresentar soluções e propostas para as questões da actualidade. Esse é o papel do Governo, que claramente o vem desempenhando mal. E MFL não quer dar soluções e oferecer respostas ao PS.
Sobretudo, MFL não quer que as atenções do eleitorado se desviem da crise e das insuficiências do Governo PS para se focarem no debate PSD-PS. Ainda não é o momento para tal.
O momento actual é propício a deixar o governo PS sozinho na arena numa pega de caras ao touro da crise económica e da vaga de crimes… e com MFL a assistir na primeira fila da bancada….. esfíngica.
Mas, digo eu, assistir de bancada só, não pode ser. Não basta. É preciso vaiar o toureiro.
Até porque há razões de sobra.

Restart


É facto que Obama, com a luta sem tréguas que sofreu dentro do próprio partido, teve uma over-exposure que o fragilizou junto do eleitorado. A obamamania excedeu o razoável e foi o próprio a decidir férias recatadas para dar descanso à opinião pública. De outra forma não se consegue explicar o insólito empate técnico com McCain que as sondagens anunciam.
Ainda é muito cedo e Obama revela novamente a sua inteligência e pragmatismo político com a escolha do candidato à Vice-Presidência; Joe Biden is the man for the Job.
Obama precisa de gente experiente. Biden é senador do Delaware desde 1973. Precisa de gente com experiência em política externa. É a especialidade de Biden. Obama sai desajeitado quando bate em McCain. McCain bate com um sorriso. McCain é que está certo: política não é uma arte para os frágeis. Ao não responder os ataques que lhe dirigem, Obama parece fraco. Biden bate bem – e com um sorriso. Obama mantém a imagem de bom rapaz e resolve o problema sem parecer fraco. Biden foi a favor da guerra, também. Mas, como McCain, é um poço de ideias de como resolver o imbróglio. Biden tem cabelos brancos.
Governadores não trazem a experiência nacional e internacional. Jovens reforçam a imagem de inexperiência. Biden complementa Obama nos seus pontos fracos. Fecha o argumentário.

Que fará agora McCain? Arranjará nas fileiras repúblicanas um jovem idealista e mobilizador para a candidatura à vice-presidência?

O Grande Baiano

Partiu Dorival Caymmi. A par de Jorge Amado, Caetano e Dias Gomes, um dos grandes Baianos de sempre. Obviamente, a idade fazia adivinhar esta perda; contudo, o encerramento definitivo de uma obra tão rica deixa sempre um sabor de saudade.
Tendo vivido no Rio, era conhecido como o carioca mais baiano de sempre. De facto, a Bahia transborda sempre das suas canções, até quando canta o intimista Copacabana, há um travo de Bahia que trespassa toda a melodia.
Cuidadoso nas letras, plenas da melhor literatura, senhor de melodias mornas e preguiçosas que transmitem calor e sensualidade. Caymmi, tendo-nos deixado a nobre descendência com obra, Nana, Danilo e Dori, deixará uma nostalgia em cada um de nós que vez que ouvirmos uma e outra vez cada uma das suas músicas.
Para além da música, há a pintura e a literatura, provas da versatilidade e multidisciplinaridade do artista; prefiro manter Caymmi ligado à sua obra maior e continuar a ouvi-lo com prazer sempre renovado.
Deixo aqui uma deliciosa Maricotinha (petit-nom que depois colou a Bethânia) em parceria com Chico Buarque.
Para os que não resistem ao disquinho post-mortem, sugiro "Familia Caymmi em Montreux" gravado durante o festival, uma obra prima da música popular.

sábado, 23 de agosto de 2008

Cartoons da semana


As Razões do Veto ao Divórcio


Começando por uma declaração de interesses, afirmo já que simpatizo com Cavaco Silva. Creio que teve méritos enquanto Primeiro Ministro e sempre me pareceu que seria bom Presidente da República. Não me desiludi.
Tal, porém, não tolda a minha visão crítica, nem me impede de discordar dele pontualmente, como agora discordo da argumentação com que justificou o seu veto político á nova lei do divórcio.
É certo que não consultei o texto do novo articulado legal, mas parecem-me excessivamente erradas e distorcidas as motivações apresentadas pelo Sr. Presidente da Republica para a recusa da nova lei.

Confesso que não entendo que se um dos cônjuges quer o divórcio, o outro possa pretender obrigá-lo a continuar casado, mantendo a vida conjugal contra a vontade.
Não percebo tal coisa.
Menos entendo e aceito que um pretenda exercer sobre o outro cônjuge um "poder negocial" para obter vantagens patrimoniais em troca de dar o divórcio. Isso é vender ao outro o divórcio.
E acho profundamente errado que o PR defenda a manutenção desse "poder negocial" de consentir ou não com o divórcio para efeitos da divisão dos bens do casal. O casamento não é um seguro patrimonial, nem pode servir para obter do outro cônjuge mais do que cabe a cada um segundo o regime de bens que escolheram livremente ao contrair casamento.
É que, Cavaco Silva parece esquecer-se que há um regime de bens do casamento – comunhão geral, comunhão de adquiridos ou separação de bens – que os nubentes convencionam livremente quando casam, e que esse regime serve precisamente para estabelecer os modos de dispor e de partilhar os bens adquiridos antes e durante o casamento.
A meu ver, não é certo criar a expectativa de que o divórcio pode servir para uma aquisição patrimonial mais favorável do que a que resultaria da aplicação pura e simples do regime de bens escolhido pelos próprios nubentes para o efeito.

Discordo veementemente do PR nas supostas vantagens de manter, ainda que residualmente, o regime da culpa no divórcio. Não colhe minimanente a alegação de desprotecção da mulher vítima de violência doméstica: é geralmente conhecido que em semelhantes situações quem quer o divórcio é precisamente a mulher agredida, e quem não o concede é o marido agressor que deseja manter a vida em comum.
É manifesto que o regime do divórcio baseado na prova da culpa do outro cônjuge só serve para dificultar a obtenção do divórcio, prolongando a conflitualidade e o contencioso entre o casal. Para mal deles e dos filhos. Sobretudo dos filhos, que sofrem muito quando existe "guerra" entre os pais.
O divórcio a pedido de um dos cônjuges deve fundar-se em requisitos o mais simples e objectivos possível, de prova fácil, que agilizem o processo de declaração do divórcio e a partilha dos bens do casal.
A responsabilidade parental pelos filhos deve ser cometida a ambos os progenitores o mais igualmente possível, de modo a que tendencialmente as crianças passem igual tempo com o pai e a mãe. Só assim se mantêm laços fortes e sentimentos familiares de pertença entre o pai e os filhos – que são impossíveis de criar e manter nos actuais regimes de visitas de fim de semana a cada 15 dias com o pai.
Aspecto muito importante: se as crianças passarem igual período de tempo com o pai e com a mãe ao longo do ano, isso significa que cada um dos progenitores terá por igual medida o dispendio económico com o sustento quotidiano dos filhos, mas também igualitária necessidade de conciliação dos tempos de trabalho com a assistência diária aos seus filhos. O que me parece sumamente justo e o meio óptimo de resolução de boa parte dos actuais problemas laborais e conflitos familiares conexos.
Já as despesas escolares e circum-escolares dos filhos deveriam ser suportadas por ambos os pais na medidas dos respectivos rendimentos e possibilidades materiais.

Dirão os conservadores e católicos mais acérrimos que o casamento é para sempre, não pode ser dissolvido assim tão facilmente por divórcio, e que assim se quebra e destrói a familia. Aos que assim falam, contraponho:
Que me perdoem, mas tal não é verdade.
O casamento só pode durar para sempre se e enquanto os dois conjuges assim o quiserem.
Se um deles quer divorciar-se, que sentido faz manter á força um casamento contra a vontade de um dos membros do casal? Que casamento será esse? E que vida familiar haverá nessa casa? Como crescem e vivem os filhos desse casal que não se ama, não se gosta, e não se dão bem um com o outro?
Não entendo a posição daqueles que, por motivo religioso, pretendem impor a todos uma proibição do divórcio, ou, ao menos, um divórcio díficil e custoso. Os motivos e crenças religiosas de cada um são do foro intímo de cada um. O Estado não pode atentar contra elas, mas também não deve impô-las a todos. E por isso o Estado não deve impedir nem dificultar o divórcio.

Por isso, não concordo com a argumentação do Cavaco Silva para não promulgar a nova lei. Acho que o Parlamento deve rever o projecto legislativo, mas deverá manter e sustentar as linhas essenciais que aqui mencionei: consagrar o divórcio unilateral, impor a partilha de bens do casal segundo o regime matrimonial por ele escolhido ao casar, extinção do divórcio culposo, responsabilidade parental partilhada igualmente entre os progenitores incluindo a convivência quotidiana com os filhos.

Português Excelentíssimo!


Parabéns a Nelson Évora, de português para português! Sempre que um compatriota nosso revela a sua excelência, devemos sentir orgulho; quando o faz empunhando a nossa bandeira, eleva o nome de Portugal. Foi o que fez Nelson Évora, dado o que se viu, com um cunho de individualidade notável.
Esta vitória é de Nelson Évora, serve para o confirmar na galeria dos melhores de sempre, honra o nome de Portugal, mas não desculpa nem aligeira a vergonha que deve cobrir o comité olimpico português. Évora e Vanessa foram as excepções, a regra foi a mediocridade e a irresponsabilidade. Parece que já há quem queira fugir às responsabilidades á sombra desta medalha que é só fruto do mérito individual do atleta.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Produções Fictícias


Ontem andava em Moledo, um daqueles pseudo-intelectuais de óculos fundo de garrafa e cheiro de cinzeiro por despejar há 15 dias, a distribuir folhetos que anunciavam um comício do BE no Terreiro de Caminha com a presença do grande educador Francisco Anacleto Louçã. O oportunismo da coisa era evidente, esplanadas cheias, misturados os militantes mobilizados (será que o Sr. Nelso Peralta veio?), daria um optimo boneco televisivo. Passei por lá curioso, eu que nunca tinha assistido a nenhum ritual trotskista, e no Terreiro própriamente dito: nada!
Descobri então um micro-palco, timidamente enfiado debaixo dos arcos da Caixa Geral dos Depósitos e umas filas de cadeiras brancas bem espaçadas onde caberiam umas cinquenta almas que teimavam em não aparecer todas. Um cenário deprimente, um fiasco absoluto.
Nada disso, disse-me um amigo meu. As televisões fazem o boneco mais conveniente e os jornais omitem a escassez, para quem não viu, vai ser um grande comício.
É este o embuste do BE na sociedade portuguesa, uma ficção bem engendrada com a cumplicidade dos media, uma produção fictícia rodada com suficiente habilidade, depois a intelectualidade de pacotilha, falida dos ideiais de abril, faz o resto. O incrível é que, para já, tem resultado. Hasta cuando kamarada?

Divórcio


Esteve bem o Presidente da República ao vetar a aberração que seria a nova lei do divórcio. Pièce de résistence, mais uma, dos jacobinos e maçónicos empenhados em desconstruir o modelo civilizacional de raiz cristã, teve um travão merecido em Belém. Tendo estado francamente mal noutras circunstâncias, por exemplo com a sua inolvidável ambiguidade e indesculpável silêncio na questão do aborto, Cavaco tem corrigido a mão em determinadas matérias de princípio. Não deu direito a comunicação ao país porque não é do seu interesse pessoal mas, mesmo assim, os que não desistem duma sociedade com valores agradecem.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Londres 2012


Os Jogos Olímpicos de Londres 2012 estão à porta.
Aqui ficam duas sugestões ao Comité Olímpico para que os resultados possam ser melhores que em Pequim 2008.
  • Levar apenas atletas do SLB (são os que ganham medalhas)

  • Levar vários porta-bandeiras (são os que ganham medalhas de ouro)

Deplorável

Quem assistiu à transmissão dos Jogos Olímpicos hoje, na RTP, deve ter ficado como eu: incrédulo.
O comentador, Jorge Lopes, limitou-se a acompanhar a transmissão pelas imagens da televisão. Mas ele não está em Pequim? A fazer o quê?
Só um exemplo.
Quando Nelson Évora fez o 4º salto, que lhe viria a dar a medalha de ouro, estava a ser transmitida uma cerimónia protocolar. Mas era possível ver a pista do triplo-salto e o marcador que estavam por trás do pódio. Viu-se o nome de Nelson Évora, viu-se a corrida dele e depois viu-se Rk. 1, ou seja, 1º lugar.
Na RTP, só quando foram passadas as imagens em diferido é que houve comentários.
E depois, aquando do último salto, sabendo-se já que a medalha de ouro era de Nelson Évora, o entusiasmo do comentário era semelhante ao da transmissão em directo do funeral da Princesa Diana. Nem um bocadinho de exaltação, de contentamento. Nada.
É pena que assim seja.
Quem tem oportunidade de ver transmissões de eventos deste género na televisão espanhola vê algo diametralmente oposto. Além de interromperem as transmissões oficiais para darem provas ou entrevistas de atletas espanhóis, nota-se a emoção e o orgulho dos comentadores com os resultados obtidos pelos seus atletas.
Penso que já é altura, passados que foram 34 anos do 25 de Abril, de a televisão pública passar a ser de Portugueses para Portugueses. E de mostrarem orgulho e contentamento com os feitos dos Portugueses.
Quanto ao Jogos Olímpicos, vou esperar pelo fim para também eu poder dar uns bitaites sobre o assunto.

Está explicado!


A onda de criminalidade que tem assolado o país não tem perturbado os portugueses que, confiantes no ministro Rui Pereira, percebem que é uma situação perfeitamente normal e que Portugal continua um país muitíssimo seguro.
Contudo, ao saber de mais dois crimes ocorridos esta noite, já depois do assalto de ontem a um carro-forte, não pude deixar de me pôr a pensar. Há sempre uma explicação para tudo e, humildemente, acho que já percebi. Lembram-se dos ultimos verões em chamas? Pois é, com o clima deste verão e a falta de mata por arder, não há incendiário que resista. Logo, estatisticamente, se compararmos o decréscimo do numero de fogos com a escalada do car jacking, a coisa deve ficar empatada. Mas o MAI, em face do aumento de assaltos violentos, da explosão de conflitos urbanos, da moda dos sequestros, já deve ter alterado o calculo estatistico e convertido o padrão de comparação para metros de mata ardida.
Assim, se compararmos o numero de assaltos e ocorrências violentas de 2008 com os metros de mata ardida em 2005, teremos uma evolução francamente positiva que, nas palavras do ministro, não nos deverá fazer baixar os braços mas, são resultados francamente encorajadores.

O problema é se o proximo verão aparecer com um clima assim de... verão. Com legislativas à porta, o grande-arquiteto só deve somar pedidos de chuva...

Selecção Nacional

A propósito do jogo da Selecção ontem à noite, em Aveiro...

  1. O magnífico perfume com que a ERSUC decidiu brindar todos os presentes no estádio, demonstra um magnífico sentido de marketing e talvez uma nova forma de publicidade.
  2. A clarividência da FPF ao escolher este adversário, um verdadeiro 2 em 1. Reparem que os próximos adversários de Portugal são Malta, uma pequena ilha e a Dinamarca, terra em que quase todos os apelidos terminam em ...sen. Com as Ilhas Faroé tivemos como adversário uma ilha e jogadores cujos nomes terminam quase todos em ...sen.
  3. A razão de ser do patrocínio da Galp à FPF. Quase uma hora para sair do parque de estacionamento é uma boa contrapartida dada pela FPF à Galp. Esperamos mais jogos em Aveiro.
  4. Uma nova forma de equilibrar jogos de futebol que, à partida, parece que irão ser muito desiquilibrados. Jogam 10 contra 12. Andava lá um rapaz vestido de vermelho (teoricamente da nossa selecção) que, além de falhar golos incrivéis, ainda conseguia atrapalhar os outros rapazes de vermelho e até mesmo desviar os remates que eles faziam à baliza adversária.
  5. O estádio quase cheio. Afinal em Aveiro sempre se gosta de ver futebol.

Pra rua me levar

Ao ler ontem um magnifico post de Laurinda Alves sobre Seu Jorge, verdadeira força da natureza, revisitei o transcendente Ana e Jorge ao vivo. Para mim, Seu Jorge e Ana Carolina são das maiores revelações dos últimos anos, dois dos mais sólidos artistas da música popular da actualidade. Tanto um como outro, emanam força, proximidade e profundidade. Poder-se-ia dizer que são duas faces da mesma moeda, preto e branco, masculino e feminino.
Porque nela me encontro, deixo aqui hoje Pra rua me levar num registo extraordinário. Enjoy!


Não vou viver, como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho aonde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão

Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você


É... mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir

Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você...

Ana Carolina

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Enguia ao vivo

Para todos aqueles que desejarem ver a nossa espécie para além da caldeirada ou das enguias fritas, a Câmara da Murtosa tem uma bela demonstração no seu stand da FARAV.

Amar ou Odiar


Amar ou odiar: ou tudo ou nada.
O meio termo é que não pode ser.
A alma tem de estar sobressaltada
P'ra o nosso barro se sentir viver.

Não é uma cruz a que não for pesada,
metade de um prazer não é um prazer;
e quem quiser a alma sossegada
fuja do mundo e deixe-se morrer.

Vive-se tanto mais quanto se sente:
todo o valor está no que sofremos.
Que nenhum homem seja indiferente!

Amemos muito como odiamos já:
a verdade está sempre nos extremos,
porque é no sentimento que ela está.


Fausto Guedes Teixeira - 1922

Fay


Sim, a fotografia é a cores e o mar é o do Golfo na Florida. Este mar é normalmente azul turquesa e o céu ostenta um sol radioso. Esta fotografia foi tirada hoje durante a chegada da tempestade tropical Fay que, só deverá atingir o estatuto de tornado depois de avançar terra dentro.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A vida é como uma bicicleta



In a letter to his son, Einstein wrote, "Life is like a bicycle, to keep your balance you must keep on moving."

Em carta ao seu filho, Einstein escreveu, "A vida é como uma bicicleta, para manter o equilíbrio tens de continuar a pedalar".

Estad(i)o de Férias

O tempo de férias que vamos vivendo não dá muito vontade de escrever.
Nem a mim nem a outros.
É o que se passa, por exemplo, com o nosso leitor Raul Martins, que, depois deste "naco de prosa" sobre o estádio cá do burgo, se esqueceu de nos brindar com outra peça semelhante sobre este outro estádio.
Infelizmente parece que as dores são exactamente as mesmas, a Norte ou a Sul, com Câmaras de direita ou de esquerda.
Ficamos à espera que os PS's do Algarve contratem Raul Martins para "treinar" aquela equipa e passem a apresentar resultados económico-financeiros em condições.

Chávez, O Invejoso


O presidente da Venezuela, Hugo Chávez Frías, instou, segunda-feira, os seus simpatizantes a "erradicarem o capitalismo" para fazerem avançar o processo "revolucionário" de implementação de um regime de "socialismo do século XXI" e precisou que as terras são propriedade da nação."A terra não é propriedade privada, a terra é propriedade da nação", disse o Chefe de Estado, que sublinhou ainda que as pessoas compram o direito à terra mas o Estado deve garantir que "a utilizem bem".
Estas afirmações vêm confirmar mais uma vez a estreita visão política de Chávez. Talvez ele devesse olhar, com atenção, para o seu parceiro ideológico: a China. Ao impor uma economia de mercado com características socialistas, em 3 décadas a China tornou-se a quarta maior economia do mundo. Uma sociedade formalmente comunista é hoje a quarta maior economia capitalista do mundo.
Talvez o recado que Hugo Chávez envia, não seja para o mundo Ocidental, mas para a China. Chávez , bem sabe que não seria capaz, apesar da riqueza e dos recursos naturais do seu país, de transformar a Venezuela numa das maiores potências económicas do mundo. A estratégia para esconder as suas limitações é o Bota-abaixo.
A inveja é uma coisa muito feia!

Vida simples


Ainda de Férias, mudei de ares, mais para norte. Acordamos cedo, tomamos o pequeno - almoço, com calma, e fomos fazer compras ao mercado: peixe fresco, legumes e fruta. Acompanhadas pela estonteante paisagem do Rio Minho, seguimos até Cerveira para passear pelas suas ruas. De volta a casa, tiramos a sesta e depois, porque o tempo estava demasiado instável para se tentar a praia, ficamos deitadas junto à piscina. Depois de um chá foi altura de uma caminhada pelas campestres estradas de Vilar de Mouros, acompanhadas de um final de tarde ensolarado e de uma brisa refrescante. Para terminar em beleza, o jantar foi peixe grelhado na brasa, ao ar livre.
É tão bom apreciar, com calma, as coisas simples da vida. E, porque não há muitos dias assim,vale a pena disfrutar e saborear como se fosse o último dia.

Medalhistica


Na nova China de todas as maravilhas, a medalhistica portuguesa. A saber:

1. Medalha de prata para a Miss Fernandes (Ó Venceslau, como foste nessa de chamar Vanessa á tua menina? Não chegou o que os teus pais te fizeram a ti?)

2. Medalha de ouro para os calções do Michael Phelps made in Portugal. Aguardam-se comentários de oportunidade de Manuel Pinho e de Paulo Nunes de Almeida.

3. Medalha de bronze para todos os outros. Vamos ver quanto dura o bronze chinês. Mais do que o de Moledo?


Vanessa Fernandes entende que há atletas portugueses que desconhecem o significado de viver em desporto de alta competição e lembrou que a «alta competição não é brincadeira nenhuma»
- «
Não é fazer meia dúzia de provas, andar a receber uma bolsa e está feito. Muitos não vêm bem a realidade das coisas. Não têm a noção do que isto significa. Se calhar por termos facilidade a mais», - explicou em Changqing, na China. (…)
A medalha de prata no triatlo dos Jogos Olímpicos acrescentou que «nunca na vida vinha para aqui para viajar e ver os Jogos» e que o seu «pensamento nunca foi esse», tendo, ao mesmo tempo acusado alguns atletas nacionais de falta de ambição:
«É que há pessoas a quem lhes é igual ficar em 50º ou 20º ou o que quer que seja. Nunca pensaria assim. Até ficava desiludida se pensasse dessa maneira. Os resultados é que me dão ambição para fazer melhor para a próxima. E nunca estou satisfeita», adiantou.

Muito bem, Vanessa Fernandes! Lutou e conseguiu! Está de parabéns, pela prata que ganhou, fruto do seu trabalho e esforço continuado e persistente.
E tem toda a razão nas críticas que faz .. é que, ao contrário de alguns a Vanessa não ficou de manhã "na caminha", nem desistiu antes de começar, também não ficou petrificada no estádio a olhar , nem culpou terceiros….. e seguramente não foi á China só para ver as vistas!

Só não gostei da linguagem da vitória ("fogo é pá fogo é pá fogo") – para a próxima Vanessa, (sim, vai haver próxima), p.f. prepare outras interjeições portuguesas menos vernáculas….. Não é por mim, é por si ….

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Que nem uma luva, acho eu!

Passava os olhos nos jornais, hoje de manhãzinha e fui, mais uma vez, surpreendido por uma "peça de teatro" ao melhor nível de um ensaísta e encenador de segunda (vai por extenso, de propósito).

Não vale a pena sequer fazer menção à dita peça, ou ao encenador/protagonista.

Vale, isso sim, dizer que me lembrei imediatamente de uma frase que uso muitas vezes, da autoria de Jules Renard, escritor e ensaísta francês do séc. XIX, este sim de primeira categoria.

Dizia ele, então que:

"Um pedante é um homem que tem a digestão intelectual difícil."

Gosto muito desta frase e acho que, no caso de hoje, cai que nem uma luva.

Clara Ferreira Alves e a irrelevância cavaquista


Quem se tiver dado ao trabalho de ler o que vou escrevendo sabe que não sou admirador de Cavaco Silva. Não admirar Cavaco, não gostar do seu estilo, não me identificar com quase nada do que pensa, honestamente, não me permite que o tente denegrir a partir de qualquer pedestal de pretensa superioridade. É aqui que Clara Ferreira Alves se espalha ao comprido e com estrondo.

Clara Ferreira Alves é, pior que Cavaco, uma das faces da pequenez nacional; rainha de petit-comité, onde grassa a sobranceria, a soberba e uma confrangedora estreiteza mental. A ideia que Ferreira Alves e os seus pares fazem de si próprios não cabe neste pequeno Portugal, a sua realidade, porém, caberia bem num T2 no Fogueteiro. Pior, Ferreira Alves, na intocabilidade que o seu meio lhe garante, não cura sequer das aparências: deleita-se babada com Soares nos ecrãs públicos e malha sobranceira em Cavaco no Expresso.
Mas, o mais importante é a falta de critério e lucidez que o torpor soarista lhe induz.
Goste-se, ou não, Cavaco Silva é tudo menos o burro que Clara apresenta. Cavaco é um homem determinado, com uma ambição muito concreta, com uma análise fria e calculista do país e uma interpretação do sentir popular que lhe permite atingir com sucesso os seus objectivos pessoais. A política também se pode fazer assim e, neste domínio, Cavaco é objectivamente inteligente e eficaz. Pensar-se que foi à Figueira rodar o BX é de uma estupidez confrangedora, Cavaco saiu de casa para ser presidente do PSD, em condições que planeou rigorosamente. Se houve mérito de Cavaco, foi ter um início de presidência do partido relativamente livre do baronato e de pressões.
O erro de Clara é confundir cultura com inteligência. De facto, Cavaco é ostensivamente inculto, tal como Sócrates, tal como o povo parece gostar. Salazar, homem de uma cultura clássica notável, escondia-a dos portugueses e aparecia de férias na aldeia rodeado de galinhas, muito rural e muito povo. Em tempos difíceis os portugueses parecem gostar de feitores de aldeia, rígidos no porte e aparentemente rigorosos nas contas. Sá Carneiro, Soares e Sampaio são homens de outro momento, da revolução, da novidade, do grande debate ideológico. Deixam um legado infinitamente mais interessante e rico do que Cavaco mas, repito, isto não faz de Cavaco um burro. Cavaco não precisou de uma mundividência esclarecida para atingir os seus objectivos, mais, o seu desprezo pelo "bom pensamento" estreita os seus laços com todos os incultos que, são, infelizmente, em numero avassaladoramente maior que os cultos.
Depois, há a falta de vergonha de Clara. Chama, sem pudor, economista mediano a Cavaco; ela a quem não se conhece percurso para além da lingua afiada e venenosa; ela que idolatra Soares, um advogado menos que medíocre. Inventa a inviabilidade de Cavaco governar qualquer outro país europeu, esquecendo, por exemplo, John Major em Inglaterra. Aliás, tal como Cavaco, um apreciador de Albufeira and yet prime minister of the United Kingdom. A democracia tem destas coisas que, pelos vistos, Clara digere mal.
Clara Ferreira Alves terá razão quando diz que Cavaco não tem mundo, que é ostensivamente inculto, que não foi o bom governante que quis fazer parecer. Faltou-lhe ir buscar D. Maria Cavaco; de facto, a imensa piroseira do quadro, quase legitima todas as barbaridades que apeteçam dizer. Quase.
Ter opinião é legítimo, não gostar de uma ou de outra figura pública é natural, apontar-lhe os defeitos é normal, o que não fica bem a quem critica é a arrogância sem limites, a cegueira desonesta e, ao fim e ao cabo, a mediocridade do ataque que iliba o criticado.
Nestes casos, mais vale dizer como eu digo de Soares: O homem irrita-me até à medula, não gosto dele, sonho todas as noites que lhe atiro um ovo podre! Infelizmente, para ser honesto, não lhe posso chamar burro. Nem a Cavaco.


O espanto foi a minha primeira reacção ao ler este post de Yoani Sanchez, sobre uma excursão turística em Cuba.
No século XXI, não há agências de viagens para cubanos, e as excursões turísticas organizadas para cubanos são uma actividade ilícita, mas persistente apesar dos controles de estrada e das camionetas decrépitas e calorentas que alugam por um dia.
Depois, detenho-me a admirar a força e inteireza de Yoani Sanchez que tendo emigrado para a Europa, regressou para viver no seu país, suportando estas iniquidades do regime comunista.

E penso na sorte que tenho, que temos todos nós aqui, vivendo em liberdade plena, gozando férias anualmente onde queremos e como queremos. E na maior parte do tempo nem nos damos conta.
Vivemos noutra realidade, noutra dimensão, quase outro tempo, totalmente opostos aos de Yoani Sanchez.

É bem verdade que não há aqui espaço nem motivo para ressentimentos e depressões; só temos de nos sentir gratos todos nós aqui, e valorizar tudo e tanto o que de bom recebemos.
Valorizar a infinita liberdade que desfrutamos no nosso país, a paz em que vivemos há tanto tempo, o ordenado ao fim do mês, os nossos amigos, os dias de sol, os fins de tarde de Verão, as noites de lua cheia. .... you name it.