domingo, 24 de agosto de 2008

O silêncio de MFL



Manuela Ferreira Leite (MFL) mantém, de há de muito, uma coluna de opinião no semanário Expresso.
Não obstante vem sendo acusada de manter prolongado silêncio enquanto líder da oposição.
Com razão.
Primeiro, porque nessa coluna semanal vem abordando temas da actualidade sob o prisma genérico de analista / comentadora, e não na perspectica crítica da oposição partidária. Segundo, porque, convenhamos, o líder da oposição não se dirige ao país (somente) na coluna semanal de um jornal.
Mas, esta semana o artigo do MFL no Expresso deu brado porque veio denunciar o silêncio "alarmante", "inexplicável" e "inaceitável" de José Sócrates sobre a crescente onda de criminalidade que assola o País. Claro que, como seria de esperar, imediatamente o PS contra-atacou dizendo que a crítica encaixa como uma luva na estratégia omissiva que a própria MFL adoptou.
Vamos por partes.
De facto, MFL não foi eleita presidente do PSD para ficar em casa, em silêncio. Por isso, é certeira a crítica de fundo de Menezes, à excepção de que Menezes é a ultima pessoa com autoridade moral para a criticar: se não fora o péssimo desempenho dele como líder, MFL não seria hoje a presidente do PSD.
Mas, MFL anunciou logo de ínicio que não falaria, no sentido de que, ao contrário de outros antecessores, não se deixaria enredar na teia de anúncios, réplicas, e contraditas mesquinhas do cenário político dos últimos tempos. Percebe-se a sua estratégia de, a cerca de um ano de distância das eleições, deixar o governo PS desgastar-se sozinho.
Por outro lado, MFL foi eleita sem programa e sem equipa: ao longo deste tempo congregou o seu team, e vem preparando o seu projecto. E percebe-se que a esta distância MFL não queira ainda apresentar soluções e propostas para as questões da actualidade. Esse é o papel do Governo, que claramente o vem desempenhando mal. E MFL não quer dar soluções e oferecer respostas ao PS.
Sobretudo, MFL não quer que as atenções do eleitorado se desviem da crise e das insuficiências do Governo PS para se focarem no debate PSD-PS. Ainda não é o momento para tal.
O momento actual é propício a deixar o governo PS sozinho na arena numa pega de caras ao touro da crise económica e da vaga de crimes… e com MFL a assistir na primeira fila da bancada….. esfíngica.
Mas, digo eu, assistir de bancada só, não pode ser. Não basta. É preciso vaiar o toureiro.
Até porque há razões de sobra.

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