quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Quo vadis, futebol?

Quem assistiu às transmissões dos dois jogos do Vitória de Guimarães na pré-eliminatória da Champions League não pode ter motivos para estar satisfeito com aquilo que viu, independemente da paixão clubística ou da qualidade do futebol jogado.
Se no jogo em Guimarães já havia algumas razões de queixa da arbitragem, se bem que em lances que poderiam ser de alguma forma de duvidosa interpretação, aquilo a que se assitiu ontem em Basileia foi um completo roubo de esquadra.
Uma decisão errada com influência directa nas aspirações desportivas e nas finanças de um clube.
Alguém virá a ser responsabilizado? Certamente que não.
O problema, para mim, é a dificuldade de adaptar algumas regras do futebol à tecnologia. Para quem não sabe, há um organismo, o International Board, que detém o poder de alterar qualquer regra. Fazem parte do
IB 4 representantes da FIFA e um de cada um dos países britânicos, o que significa que só se podem fazer alterações se os britânicos estiverem de acordo. A isto chama-se a universalidade do futebol.
Parece que no mundo do futebol há um grande problema em assumir que o árbitro pode errar ou que o árbitro pode não ver tudo em detalhe.
Comparem com o que se passa no râguebi ou no ténis.
No primeiro caso existe um árbitro que está num local em que tem acesso a todas as imagens televisivas. Em caso de dúvida, o árbitro de campo consulta o árbitro auxiliar e este transmiti-lhe o que viu. Em directo e através do sistema de som do estádio. Para que ninguém tenha dúvidas. Foi com este sistema que Portugal conseguiu marcar um ensaio contra a Nova Zelândia no Mundial do ano passado.
No ténis, são os jogadores que têm um número limitado de pedidos de verificação electrónica de jogadas duvidosas. Se tiverem razão na sua reclamação, o ponto é corrigido ou repetido, consoante a situação, e o jogador mantém o número de pedidos de verificação. Se não tiver razão, é-lhe descontado o pedido ao número de pedidos disponíveis. Quem tiver oportunidade de seguir algum jogo do Open dos Estados Unidos que está a passar exaustivamente na Eurosport, pode verificar como o sistema funciona.
Alega a FIFA que o facto de o futebol ser conservador é um dos seus atractivos. Mas será que o râguebi ou o ténis deixaram de ser atractivos por passarem a incorpar mais tecnologia? Certamente que não, diria mesmo que, por as respectivas federações terem tido essa clarividência, terão conseguido aumentar o interesse sobre as suas modalidades.
Finalmente, e ainda em relação ao jogo de ontem. Será que o árbitro vai ser responsabilizado pelo prejuízo objectivo causado a terceiros? Ou será que que nada de anormal se vai passar we nos próximos jogos europeus lá estará ele novamente a apitar como se nada se tivesse passado?

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