sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Salário mínimo


400 Euros mensais é o valor que define em espaço europeu o limiar da pobreza. Sócrates, com pompa e circunstância, veio anunciar que no próximo ano o salário mínimo nacional seria actualizado para aproximadamente 450 euros. Tal anúncio não traz novidade, resulta dos acordos de concertação social assinados faz muito tempo. Envolve um compromisso prévio do governo, dos sindicatos e do patronato.
São cerca de 300.000 os trabalhadores directamente influenciados pela actualização, mas ascenderão a cerca de um milhão os indirectamente benificiados, por terem o seu salário directamente indexado ao salário mínimo.
Importa dizer que este é dos salários mínimos mais baixos de toda a UE, e o mais baixo se nos reportarmos à antiga ideia de Europa Ocidental. Os trabalhadores portugueses, quando comparados com os outros trabalhadores europeus, ganham mal e porcamente.
Apesar do momento de crise, Vanzeller veio confirmar que os acordos são para cumprir, pede apenas uma reunião de definição de implementação. Tentativa dilatória? Esperemos que não.
Francamente, não consegui até hoje encontrar uma razão para o dislate de Ferreira Leite ao classificar a actualização do salário mínimo como uma irresponsabilidade. Pelo menos, lata não lhe falta, até para as maiores barbaridades. É de facto séria, diz o que pensa. O problema é que o seu pensamento não presta, não serve ao país. Não se conhece a esta senhora uma critica ao escândalo dos salários milionários e desajustados que por aí proliferam; contudo, preocupa-se com a actualização do salário mínimo. A bem das contas, deixa o muito a quem tem demais, e compõe o resultado tirando a quem mais precisa. É inqualificável.
A crise terá custos incontornáveis; para não passar dramáticamente do plano económico para o social, terá de implicar solidariedade e medidas de patrocínio da coesão social. Deverá haver uma preservação de mínimos para sustentabilidade da ordem e de alguma tranquilidade social.
Sócrates não está a dar nada a ninguém, nunca o fez. Neste caso, está a cumprir os mínimos que até o patronato nacional entende serem correctos. Ferreira Leite, para além de se revelar incapaz para as funções futuras a que se propõe, falha na função presente ao inflacionar o valor real da medida do governo. O seu salário é manifestamente alto para a qualidade revelada no desempenho das funções. Esse sim, uma irresponsabilidade!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Meter a pata na poça


Num discurso sobre as propostas da candidatura do Partido Republicano para a ajuda às crianças com necessidades especiais, Sarah Palin disse que não se devia desperdiçar dinheiro em coisas como a investigação genética da mosca do vinagre. Acontece que alguns cientistas tiveram de explicar à sra. Palin que a pesquisa sobre a mosca do vinagre já permitiu identificar um marcador genético que pode resultar em avanços no entendimento dos mecanismos que levam ao autismo e permitem compreender melhor certas patologias neurodegenerativas como a doença de Alzheimer Mais uma vez, meteu a pata na poça.

Les bourgeois

As notícias vão passando, entre gurus optimistas e profetas da desgraça, lembrei-me desta "petite hommage" ao dinheiro fácil. Do inspiradíssimo Brel.

Sempre actual...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

CONFIANÇA


"Confia apenas em ti; o teu melhor amigo e parente és tu próprio"
Autor: La Fontaine, Jean de
Esta frase ou citação reflecte tudo quanto penso ou sinto relativamente a muitos (talvez não sejam assim tantos, mas enfim...) que comigo partilharam um percurso de vida; até determinada altura, até certo ponto, até ontem, até hoje.
Acontece. Aprende-se sempre. E até se aprende a não confiar; em ninguém. Ou quase...

Money makes the world go round


Ando até hoje perplexo com esta história do financiamento dos partidos. Pelos vistos, o regime legal em vigor só teve utilidade para fazer um escândalo á volta de um tal Jacinto Rego, e lançar mais uma sanha contra os que teimam em dizer que não tem de haver só bloco central.
Por artes misteriosas, a medida de abertura do regime legal ia entrar com pézinhos de lã via Orçamento de Estado. O ministro não sabia, o primeiro-ministro não imaginava, é um enigma sem resolução. Quantos mais enigmas não detectados haverão neste O.E.? Qual o grau de permeabilidade a estas supostas mãos invisíveis?
Entretanto, soube-se que, na maior das discrições, o PS e o PSD já reuniam há algum tempo para encontrarem uma formula vantajosa para ambos de rever a lei. Ou seja, criaram uma lei apertada para propagandear moralidade; agora que precisam de dinheiro a sério para as campanhas que aí vêm, negoceiam discretamente a flexibilização da lei para o dinheiro poder entrar sem grandes filtros nem regras. Extraordinário!
A crise em curso ajuda a que as pessoas não dediquem muita atenção a manobras como esta. O bloco central aproveita, as estruturas agradecem, os autarcas aplaudem. Das Morgados da vida, nem uma palavra...

A frente ribeirinha de Lisboa está prestes a transformar-se, substituindo as vistas de rio por imenso amontoado de contentores. A empresa que lucrará está ligada a Jorge Coelho. Aliás, a mesma empresa viu a referida concessão portuária renovada por muitos e bons anos, sem concurso público nem outros empecilhos. Mais, imune a qualquer crise, vimos hoje o ministro Lino adjudicar a nova auto-estrada do Douro interior, adivinhem a quem? Mota-Engil, claro está!
Se ao menos a Mota-Engil fizesse hospitais...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Veto e os "pelourinhos"



Na sua mensagem sobre o veto ao novo Estatuto político-administrativo dos Açores, o Presidente da Republica (PR) justifica o veto á Lei do Estatuto Político dos Açores com o facto de conter normas que "colocam em sério risco equilíbrios político-institucionais",em virtude de "por lei ordinária, como é o caso do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, se vir a impor obrigações e limites às competências dos órgãos de soberania que não sejam expressamente autorizados pela Constituição da República."

Em causa está o artigo 114º do estatuto, que obriga o Presidente da República a, antes de dissolver o parlamento regional, ouvir o Presidente da Região Autónoma e a Assembleia Legislativa, quando actualmente precisa apenas de consultar o Conselho de Estado e os partidos políticos. Tal imposição, sustenta o PR, é condicionar por lei ordinária as competências presidenciais o que "significaria criar um precedente grave e inadmissível no quadro de um são relacionamento dos órgãos de soberania entre si e destes com os órgãos regionais."

Francamente, não parece que ouvir o Presidente da Região Autónoma e a Assembleia Regional antes de tomar a decisão de dissolução do parlamento regional seja "condicionar" as competências presidenciais; aliás, nem parece descabido o requisito de auscultar previamente a posição desses órgãoes regionais. Grave seria se a lei pretendesse que a opinião das entidades ouvidas pudesse, de algum modo, condicionar a soberana decisão final do chefe de Estado. Coisa que não faz.

Note-se que o próprio Cavaco Silva reconhece que " o que está em causa, naturalmente, não é uma questão de relevo da autonomia regional,", mas insiste que aquela exigência de audição representa "uma questão de princípio e de salvaguarda dos fundamentos da República no que diz respeito à configuração do nosso sistema de governo".
Não é de todo uma questão relevante: em trinta anos de autonomia, jamais a Assembleia Legislativa dos Açores foi dissolvida pelo Presidente da República, e, por outro lado, que os órgãos de governo próprio sempre foram ouvidos nos momentos decisivos da vida política regional.

Confrontado com os argumentos do Presidente da República, o líder parlamentar do PS disse que o seu partido "irá apreciá-los oportunamente". "No entanto, numa primeira leitura, não nos parece que o Presidente da República, na fundamentação do seu veto, tenha trazido novas questões àquelas que tiveram a oportunidade de ser apreciadas na Assembleia da República", frisou Alberto Martins.
Trocado por miúdos, se a Assembleia da República, que aprovou o Estatuto por unanimidade a 25 de Setembro, confirmar o voto por maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções, o PR terá de promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar da sua recepção. Basta que os 121 deputados socialistas votem favoravelmente o Estatuto para o chefe de Estado ser obrigado a promulgá-lo.
Tudo visto, fica a impressão geral de que se está a discutir uma questão de somenos, de pormenor, do fenómeno do poder, e dos "pelourinhos" de cada um. Que o PR está a defender acerrimamente os seus poderes, sem olhar á razoabilidade. Uma questiuncula política que vai perder a breve trecho.
Sobretudo uma questiuncula que não interessa ao comum dos mortais, que o cidadão comum não acompanha, nem quer saber.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Nós e os outros


Os últimos tempos têm-me obrigado a assídua frequência hospitalar. Sou cliente Médis, mas tenho acompanhado os meus próximos, que o seguro não cobre, no tirocínio dos hospitais públicos. Sim, a Médis é uma companhia fantástica que nos acompanha de bom grado quando temos saúde, dinheiro e juventude, ou seja, quando menos precisamos; falhando a saúde, o dinheiro e a idade avançando, chutam-nos de volta para o público. Business is business. Resta dizer que tenho o tal seguro por ser uma benesse sem custos, no meu caso particular.
Todos os que entram num hospital estão, de alguma forma, fragilizados. Hoje, no pediátrico de Coimbra, tive mais uma abordagem do que é a nossa saúde pública. Um edifício degradadíssimo, enfermarias com crianças a mais, uma estrutura anárquica, desorganizada, meios insuficientes. Só podemos refugiar-nos na competência do factor humano. Nada mais.
Passeando pelos corredores e espreitando as enfermarias, vemos o que não queremos ver, dor, sofrimento, limitação, em muitos casos, uma perturbante ausência de Deus, não posso entendê-la de outra maneira, não há razão possível para o mal estar daquelas crianças. Fraca fé, talvez a minha.
Ali desembocam os meninos de todo o centro e interior do país, nem todos têm a visita dos pais, esperam em camas de ferro na penumbra sem saber o que esperar. A maioria destes meninos não será interessante para as Médis do mundo, pela sua condição de saúde, pela falta de dinheiro. Os hospitais da Luz estão a anos luz. Estes meninos mereciam mais luz nos hospitais a que a vida os obrigou. Mereciam conforto, bem estar e meios; companhia e amor.
Quando pedi uma cama maior para a minha filha, com ar de enfado disseram-me do trabalho que daria arranja-la e apontaram o bom exemplo de um menino de 13 anos que vive encolhido numa cama minúscula, tronco nu imóvel e olhos fixos no tecto.
Foi o dia de hoje, tenho tido muitos assim, em muitos mais hospitais. Sei bem as diferenças entre público e privado. Sei bem quanto nos empurram para o privado; Tão bem, que não posso calar o que sinto.
Quando ouço algum imbecil defender de forma estúpida e criminosa o desinvestimento na saúde pública, quando ouço algum ignorante defender a via preferencial do privado, quando ouço algum cretino dizer que a boa saúde é para quem a pode pagar, percebo que, quem se arroga ao direito exclusivo a melhores médicos, não precisa de mais que um sofrível veterinário.

domingo, 26 de outubro de 2008

Afinal...


Afinal, a crise pode mesmo afectar este país que Sócrates dizia ter impermeabilizado. As dificuldades virão e, por causa da crise, e só por causa dela, os 150.000 novos empregos poderão estar comprometidos. Quem o diz é Sócrates e, para variar, desta vez parece falar verdade.
Ali ao lado, Júdice declara-se um "optimista preocupado" e, de forma optimista e preocupante, propõe um governo de salvação nacional com todos os partidos. Que mais iremos ouvir?

Poltica e sociedade


Apenas um ponto interessante para reflexão sobre política e sociedade. É amplamente aceite que Lula tem feito uma evolução ao longo da sua presidência, de demagogo populista, passou a estadista credível e com peso na política mundial. Liderou uma consolidação económica e social e confirmou o Brasil como interlocutor incontornável para as grandes questões da América Latina. Mais importante, tornou-se o seguro anti-Chavez, o mundo agradece. Sublinho que sou eu, um democrata-cristão de direita a fazer o retrato do ex-líder do PT; insuspeito, portanto.
Na prática e dentro do Brasil, o Lula dos planos populistas e aldrabões ganhou eleições com estrondo; o novo Lula do primeiro mundo está prestes a sofrer uma humilhante derrota nas eleições municipais.
É sempre curioso e útil para análise ver como a democracia permite percepções tão diversas da mesma realidade, para Lula ganhar o mundo terá de perder o Brasil?

sábado, 25 de outubro de 2008

Rest in peace...

O DN anda mal, mas sexta, dia de Câncio, a coisa piora. Ao nível dos tabloides mais rascas, foi desenterrar Haider, dando frívolamente a notícia da sua eventual bissexualidade. Num tom homofóbico, especulativo e sensacionalista, o DN lá assumiu, como facto da maior importância nos dias que passam, a presunção de maior intimidade entre o falecido e Stefan Petzner. No meio desta tentação viperina, o DN ata as mãos à esquerda chique e desorienta os grupos glbt. Ainda havemos de ver o grupo de trabalho homossexual do BE recuperar a memória de Haider...

De perder a cabeça

Hoje, a pagela oficial do governo, leia-se Diário de Notícias, noticiava que as terapias mais avançadas contra o cancro chegam a Portugal com um ano de atraso. Mentira! Na véspera, toda a comunicação social deu a mesma notícia, com uma pequena diferença, o atraso médio é de dois anos.
Quando penso na nossa saúde pública actual e recente, nojo é a palavra mais soft que me ocorre, as restantes acabariam com o blog. Quando penso nos últimos ministros da saúde, sei que correria risco de prisão se os encontrasse na rua.
Quando se trata da vida das pessoas, não me peçam civilidade nem boa educação face a esta bandalheira criminosa.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Teixeira dos Santos agradado

Teixeira dos Santos agradado com possibilidade de principais bancos recorrem às garantias do Estado

"O Governo regista com agrado o acolhimento positivo que a concessão de garantias por parte do Estado está a merecer por parte das principais instituições de crédito que operam no nosso mercado", afirmou Teixeira dos Santos.

Sr. Ministro, certamente está a precisar de pôr os óculos.
Vendo bem, não será muito mau sinal que os 4 maiores bancos portugueses necessitem do aval do Estado para emitir dívida e obter recursos ???

Bom seria que não precisassem ...

Keep Calm



Lightboxes, made in London of galvanised steel with plastic front.
Adorei o "
Keep Calm" .
E não desperdiço o "Do not disturb"…

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Triste sina

A OCDE veio confirmar com números exactos aquilo que todos já tinhamos apreendido no nosso dia a dia: em Portugal agrava-se, cada vez mais, o fosso entre ricos e pobres.
Já aqui escrevi sobre esta mexicanização do país, sobre as preocupações sérias que esta gritante desigualdade deve suscitar. Hoje, é um dado adquirido que quem tem muito dinheiro tem acesso a melhor educação, melhor saúde e mais eficaz abordagem da justiça. Longe vão os tempos de saúde de primeira universal e gratuita, ensino de qualidade para todos e justiça digna desse nome. Para este estado de coisas, concorre a imoralidade de salários injustificadamente altos para alguns e desavergonhadamente baixos para a maioria. Morreu o sonho de uma sociedade mais justa e solidária, começa-se perigosamente a pensar se o estado assistencial e caritativo não será melhor que o actual estado de coisas.
A economia de mercado, quando encarada com principios, pode trazer benefício e desenvolvimento que são partilhados por todos. É o capitalismo de rosto humano que defendo. Podemos encontra-lo nos países nórdicos, na Alemanha, na Holanda... Nestes países cria-se riqueza sem complexos, mas salvaguarda-se o bem estar geral e a participação de todos nessa riqueza. Registe-se as advertências recentes de Merkel em relação a salários que teimavam subir acima do razoável, pondo em risco a coesão social. Olhemos para o Estados Unidos e verificamos facilmente que os periodos de desenvolvimento mais longo e sustentado foram os de maior harmonia de rendimentos.
Do outro lado, temos o capitalismo selvagem e sem princípios, temos patrões a mais e empresários a menos, o desmando desumano chamado neo-liberalismo. Temos seres humanos que são vistos como mero factor produtivo, de quem se espera representem o menor custo possível e cujo bem estar é um factor irrelevante para o desenvolvimento. O sonho desta classe dirigente é ter uma classe produtiva que trabalhe melhor, mais horas e por um salário menor. Assim, poderá a classe dirigente aumentar exponencialmente os seus rendimentos. A coesão social faz-se no limite minimo da contenção da greve no imediato, o futuro há-de ser como calhar.
A crise que vivemos não é alheia a estas concepções do mundo, começa na finança, mas tem raizes profundas nas concepções sociais individualistas e liberais.
Voltando a Portugal, a análise diz-nos que esta tendência se acentua a partir de meados de 80, mas agrava-se significativamente nos periodos de governação socialista, actualmente, de forma alarmante. Em Portugal, pode falar-se de uma esquerda dos interesses, dum socialismo patrocinador da desigualdade social, que nos afasta da Europa social para nos aproximar da América Latina. É a grande herança da suprema hipocrisía de Soares: governar para os mais ricos, mas sempre com os pobrezinhos na boca.

Eles andem aí...


O Ministério da Defesa britânico tornou agora públicas imagens e filmes registados ao longo de anos onde são visíveis ovni's. É um passo decisivo para compreendermos como chegaram até nós tantos extra-terrestres e qual a razão de nos depararmos dia a dia com acontecimentos do outro mundo.

MST

Conselho de amigo a Miguel Sousa Tavares: Compra um Magalhães (Classmate) e guarda uma cópia de segurança dos livros numa pen! Evita pens da marca usada por Teixeira dos Santos! Nem te passe pela cabeça que o Vasco Pulido Valente teve alguma coisa a ver com o recambolesco assalto! Ideia para um novo livro: o assalto ao maior escritor vivo, na opinião do próprio.
É mesmo assim, MST deverá encarar este contratempo como uma oportunidade, nunca como um obstáculo. Aprendi isto num maravilhoso powerpoint que me enviaram por mail.

Juro que fiquei triste com o resultado de hoje do fêquêpê. Embora espere que continuem asim no campeonato nacional...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Obamamania em depósito a prazo

O Depósito Obama ganha força:
Em apenas duas semanas, o depósito McCain/Obama do Banco Best já conta com 8 milhões de euros.
Este depósito a prazo, que está indexado às eleições dos EUA, permite ao cliente aplicar o seu dinheiro num dos candidatos, apostando na sua vitória. A taxa de remuneração depende do resultado eleitoral face á aposta do depositante.
Segundo o Banco, a preferência recai no depósito Obama com 96%.

Não foi mal



Tirando o tema Santana, que só surgiu no fim, a entrevista a Manuela Ferreira Leite (MFL) foi quase toda consagrada ao ataque ao Governo, sobretudo em matéria de economia.
MFL considerou que "estamos num momento de falar verdade às pessoas", referindo-se às previsões de 0,6% previsto pelo executivo. "0,2%, nunca andará muito longe disto.0,3% no máximo", afirmou a líder laranja como o número mais real.
Neste ponto, Manuela Ferreira Leite frisou várias vezes que "o défice está a ser conseguido à custa das PME", sobretudo porque está a ser seguida uma política de "mexer com os prazos de pagamentos e recebimentos ".

Esteve bem dentro do seu estilo. Convenhamos que, ontem, MFL actou como lhe competia, na posição de lider da oposição. Falou no seu estilo grave e sério, mas disse o que tinha de ser dito quanto á recente actuação do Governo: apontou os perigos reais de um orçamentos irreal, eleitoralista, feito sobretudo para grangear votos ao PS.

No mais, o tema Santana, falou a verdade, confrontada com os factos, e não teve peias em reconhecer os males internos. É que, ou mentia, ou inventava "cavalheirices" torcendo a realidade, ou, falava sinceramente. Escolheu esta ultima opção, e fez bem.

Deprimente


O tempo que dediquei à entrevista de ontem a Manuela Ferreira Leite foi tempo perdido. MFL não consegue ir alem de justificações e de um discurso que não mobiliza rigorosamente ninguém, confunde pessimismo com rigor, não percebe a necessidade de uma ideia que possibilite horizontes menos negros. Seriedade não é mau agoiro.
No plano partidário interno, não queria acreditar no que ouvi: "É o PSD no seu melhor!". O quê? A líder faz uma critica letal ao partido que lidera? Declara publicamente que o seu partido, em vez de ser oposição credível, se perde nas jogadas internas? Inacreditável!
Bem sei que é verdade. Bem sei que se refere a uma parte do PSD. Mas, quando alguem vota no PSD, vota em todo o PSD, no que MFL gosta e no que MFL acusa publicamente. Com que cara pedirá MFL o voto aos portugueses, se nem ela própria se sente confortável com parte dos benificiários desse voto?
Houve recentemente um líder partidário que seguiu este registo. O seu grande trunfo era uma mítica credibilidade. Só gostava de uma parte do partido que liderava, denunciando publicamente os parentes menos queridos. Os portugueses não perceberam então, como não percebem hoje. O tal líder passou, não deixou marca, caiu no esquecimento geral.
Ferreira Leite é, cada vez mais, uma questão de tempo. As apostas já devem ferver.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cartoons...

Notas da crise ....


E foi um ar que lhes deu ....
O mínimo que se pode dizer é que a crise é como a duracell: dura, e dura, e dura ......

Eis os mais recentes episódios:

O GOVERNO e o banco central holandês resgataram ontem o ING depois de terem acordado uma injecção de capital de 9 mil milhões de euros para evitar a falência de um dos maiores bancos holandeses. Este será o segundo banco que o governo holandês vai salvar depois de ter resgatado o Fortis, em conjunto com os governos belga e luxemburguês.

A CAISSE d Espargne, que agrupa as caixas de aforro francesas, anunciou perdas de 600 milhões de euros em consequência de um importante acidente bolsista na actividade de derivados de acções, a semana passada.

CINCO bancos austríacos adquiriram o Constantia Privatbank e vão injectar-lhe liquidez no montante de 400 milhões de euros, enquanto o Banco Central da Áustria adicionará 50 milhões de euros, para assegurar os depósitos dos clientes no valor de 10 mil milhões de euros. É o resgate do primeiro banco austríaco em dificuldade devido à crise.

O Presidente do Deutsche Bank, Josef Ackerman, anunciou ter renunciado ao seu bónus anual, por solidariedade. Anunciei ao Conselho Fiscal do Deutsche Bank que renunciava neste ano difícil ao meu bónus em proveito de trabalhadores que têm mais necessidade de dinheiro que eu", explicou o patrão do principal banco alemão ao semanário Bild am Sonntag.
Os outros três membros da direcção do banco vão seguir o exemplo do presidente, precisou o Deutsche Bank. Em 2007, a direcção havia embolsado 33,2 milhões de euros, dos quais 4,3 milhões sob a forma de prémio indexado à rendibilidade da instituição. Deste total, 12,5 milhões de euros foram encaixados por Josef Ackerman.

Investidores líbios, entre os quais o banco central daquele país do Norte de África, reforçaram a sua participação no UniCredit, o maior banco italiano. Só este mês, e até quinta-feira passada, a capitalização bolsista do banco italiano caiu 32%, na sequência da crise financeira global. Os líbios são bem-vindos e podem fortalecer o UniCredit , comentou à Bloomberg Patrizio Pazzaglia, um gestor de fundos no Insinger de Beaufort em Roma.

Os bancos britânicos vão ser submetidos a um controlo mais apertado, na sequência da crise do crédito, anunciou sexta-feira o responsável da Autoridade de Serviços Financeiros (FSA na sigla inglesa) em duas entrevistas. Adair Turner disse que até agora a FSA, que na prática é o polícia das finanças britânicas , tem regulado a prática dos bancos britânicos com brandura .

O efeito dominó continua a fazer sentir-se na actual crise financeira global. Da falência (ou quase) de instituições financeiras nos Estados Unidos e Europa, passou-se ao risco de colapso financeiro dos países.
A ameaça é substancialmente mais elevada nas economias com maiores défices da balança corrente e de capital obrigadas a recorrer a financiamento estrangeiro para financiar a actividade económica doméstica. Nestes casos, não se lida apenas com a maior dificuldade de acesso ao crédito por parte de famílias e empresas. Mas também com a fuga dos investidores de activos e destinos considerados mais arriscados, o que contribui para a queda acentuada do valor das divisas, tomando ainda mais cara a aquisição de crédito lá fora. São os casos da Islândia, da Ucrânia e da Hungria.

No country for new movies...


Fui ver o mais novo dos irmãos Coen, "Destruir depois de ler". Gostei muito, a obra está bem acima da mediocridade que tem passado pelas salas ultimamente. John Malkovich compõe um personagem interessantíssimo; Brad Pitt excede-se num papel delirante; Clooney convence, mas não brilha num registo a que os Coen nos habituaram, McDormand idem.
O tema é actual e transporta-nos dos sintomas da crise de valores para a absoluta disfunção comportamental. Por motivos parvos, dá-se uma revolução, que, para alívio da CIA, nunca chega a acontecer. Morre gente por nada, todos traem e perseguem todos, numa sequência burlesca e bem humorada. Dá direito a um bocado bem passado, inteligente e até dá que pensar. Mas...
Pois é, depois do magistral No country for old men, os Coen corriam este risco. Não se lhes pode exigir que sejam sempre superlativos e, se fizermos um exercício de memória, este filme é bem melhor do que Onde estás irmão?, também com Clooney.
Pode-se dizer que, tal como Allen, os Coen entraram na fase de fazerem um fime por ano, este é o de 2008. Muito bom. Mas não foi ano de Barca Velha...

domingo, 19 de outubro de 2008

Mr. President!


Bem podem os liberais de serviço sonhar com um "facto de Outubro". Com o apoio público de Colin Powell, Obama está uns passos mais próximo da Casa Branca. Este apoio do antigo Secretário de Estado de Bush é um facto de Outubro.
Em foruns de discussão americanos que tenho frequentado ao longo do último ano, corria há muito este desejo de ver um endorsement público de Powell. Uns viam-no como apenas um wishfull thinking, outros acreditaram mesmo; felizmente, tiveram razão os últimos.
Powell foi precioso para Obama, cortez para McCain, letal para Palin. Sem rodeios, rendeu-se ao capital de esperança e novidade que Obama traz, diz que é o homem certo, para o lugar certo, no momento certo. Um candidato de excepção. Sobre McCain, sublinha as conhecidas qualidades, mas lembra que o tempo é de mudança e da nova geração. Por fim, chama a atenção para o facto de uma vitória republicana poder implicar o risco de Palin ascender à presidência, nada mais letal.
Ainda haverá quem insista que Obama é um socialista encapotado??? Get real!

Açores


Foi dia de eleições nas ilhas açoreanas. Não me agradou a maioria absoluta de César e o seu discurso de vitória confirmou o meu desagrado. Há, contudo, motivos de grande regozijo para mim; o CDS teve hoje um resultado histórico nos Açores.
Artur Lima está de parabéns pelo resultado e pelo trabalho desenvolvido localmente.
Paulo Portas apostou muito nesta campanha, e bem. Com sondagens adversas no continente, Portas mostra a sua resiliência e, dado o investimento pessoal na campanha, tem legitimidade para surfar esta onda a nível nacional.

Portas tem muito de Twain, quem lhe anuncia repetidamente a morte, tem, manifestamente, exagerado.

No PSD, ás vezes, estão assim ........


Uns cabeças de abóbora ! !
E MFL incluída se deixar que Pedro Santana Lopes seja candidado do partido á Camara de Lisboa ...
Minha Cara Senhora não foi para isto que se candidatou, não foi isto que prometeu ... Além disso, já deixou Sócrates antecipar-se em coisas demais (no slogan de campanha - que seria a força da mudança senão o slogan perfeito para o PSD -; no discurso parlamentar para resolução da crise financeira, na iniciativa orçamental dando a volta por cima).
Já chega de inanidade... e arranje EQUIPA de uma vez, já não é sem tempo!

Nice Belt !


O Enguia no Oriente

Não, nós também não fomos na comitiva.
Mas, desde que a comitiva partiu, o Enguia começou a ser visto do Japão, o que não tinha acontecido antes.
É esta a nossa pequena contribuição para a manutenção das relações de amizade Aveiro-Oita.

Vizinhanças - 2

O PS-Aveiro anda engraçado. O tão esperado candidato à Câmara, o tal que em Março estava escolhido e quase convencido e que deveria ter sido apresentado em Junho, sumiu-se.
Em Julho, já não se falava nisso.
Em Outubro, estão todos muito ocupados com as eleições para a Distrital.
Todos?
Pelos vistos não.
Parece que a primeira candidatura está a avançar, apesar de não se assumir como tal. Por enquanto acrescento eu.
Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.

Vizinhanças - 1

Não é muito bonito comentar o que se passa na casa dos vizinhos. Mas por vezes é irresistível.
Goste-se ou não de Pedro Santana Lopes, ninguém duvida que é um político sempre disponível para novos desafios e que não tem medo de concorrer a eleições.
No PSD há outros políticos, será mesmo esta a caracterização que se deve dar a este tipo de personagens, cuja principal característica é não fazer mas, sobretudo, desfazer.
É o que faz Pacheco Pereira. O homem gosta de holofotes, de mandar os seus bitaites mas, quanto a assumir desafios, quieto, quietinho, que pode vir a correr mal.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Como viver com um Euro por dia!...


“A miséria não é obra do destino. É obra dos homens e só os homens a podem destruir”, disse o padre Joseph Wresinski.


Amanhã, a Revista Cais vai promover a iniciativa: ”No dia 17 de Outubro, dia mundial para a erradicação da pobreza, viva apenas com 1 euro e sinta a realidade de 984 milhões de pessoas no mundo.”

Passaram já 8 anos desde que os s países membros da ONU assinaram, em conjunto a Declaração do Milénio, que fixou 8 objectivos de desenvolvimento específicos, a serem atingidos até 2015, um dos quais seria: "Reduzir para metade a pobreza extrema e a fome".

Estamos cada vez mais longe de o alcançar. O pior á que a recente crise económica provocada pela ganância dos muito ricos vai agravar a situação dos muito, muito pobres.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Cartas incómodas

Em espístola que vai hoje a leilão, Marcello escrevia a sua desilusão com o dicipulo e assistente Diogo Freitas do Amaral. Mais um dado para aferir do caracter permanentemente evolutivo da personalidade de Freitas do Amaral. Partindo do principio de que só os burros não mudam, o percurso de Freitas revela uma inteligência muito acima da média.

"O Diogo era devoto de Salazar, amigo do presidente Tomás, de quem um tio era ajudante, ao ponto de ir preparar os seus exames para o Palácio de Belém! A revolução dos cravos foi sobretudo a derrocada do carácter dos portugueses. Que homem!" A carta em que Marcelo Caetano fala assim do seu antigo discípulo, Diogo Freitas do Amaral, é escrita a 13 de Abril de 1977, nove meses antes de o então presidente do CDS assinar o acordo com o PS de Mário Soares para o Governo.

Mal imaginava Marcello onde haveria de chegar "o Diogo"...

Promessas credíveis


Carlos Queiroz, o grande treinador que tantos pediram para substituir o mau treinador Scolari, parecia um mestre do suspense ao gerir, como está a fazer, a qualificação lusa. Afinal não, não é suspense, Queiroz garante agora que a selecção ganhará o próximo jogo, inexorávelmente. Se a equipa adversária aparecer morta, já sabemos quem foi...

Interessante também, a performance de Ronaldo; com a família e amigos que tem, tinha obrigação de lidar melhor com os albaneses. Sem ofensa para os albaneses.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Lucky Joe


Sócrates é um homem de sorte, tem também algum engenho e astúcia, sentido de oportunidade qb, só é pena não saber governar.
A crise em curso facilmente acabaria com um primeiro-ministro menos habilidoso. Sócrates está a surfar a onda da crise com mestria; apresenta um orçamento eleitoralista com a desculpa das urgentes necessidades do presente, desmultiplica-se em aparições meticulosamente preparadas, anexou Ferreira Leite e, com a desculpa da estabilidade imperiosa, cerceia a crítica de outros adversários.
Entre muitas medidas inócuas e propagandísticas deste OE, há uma de especial significado: o previsto aumento salarial da função pública de 2,9%, valor acima da inflação prevista. Sócrates sabe que o grande muro entre si e um bom resultado eleitoral seria a legião descontente de funcionários públicos. Esta medida é um descarado acto eleitoralista, resta saber se seduz e reconcilia, resta aferir a duração da memória dos funcionários públicos. Á oposição resta esperar e lembrar o passado recente, mas politicamente nada pode obstar ao aumento de hoje.
O próximo ano será de grande incerteza e reviravoltas possíveis, para já, Sócrates domina o palco com a propaganda que tão bem protagoniza.
Até quando durará o bluff?
Quantos mais golpes de sorte?

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Imperdível

Comentário político de Keith Olbermann do épico informativo da MSNBC Countdown. Comentário com posições claras, sem os rodriguinhos a que estamos habituados por cá. Claro e demolidor. A não perder! Obviamente, adorei esta sova monumental na Governadora Palin...

Mais cedo do que eu esperava


Tenho aqui denunciado a agenda jacobina de destruição do modelo social vigente. Sempre disse que, depois do aborto livre viriam os casamentos gay, depois a eutanásia, a adopção gay e a manipulação genética sem regras nem limites éticos.
Tendo esclarecido a minha posição quanto aos casamentos gay, a inclusão deste tema nesta agenda obscura em nada belisca o meu escrupuloso respeito pela orientação sexual individual nem pelos legitimos direitos de cada um.
Já há o aborto livre em Portugal em confronto aberto com o direito fundamental á vida. Já tentaram destruir o casamento, com a tentativa de instituição do equívoco que seria o casamento gay. Agora, seguindo a ordem que tenho denunciado, exigem a eutanásia na próxima legislatura.

"A Associação Portuguesa de Bioética propõe a realização de um referendo nacional sobre a legalização da eutanásia, dentro de dois anos, com início do debate social sobre o tema em Novembro de 2009.
"Promover uma reflexão critica sobre a morte medicamente assistida na perspectiva ética, jurídica e social" é o objectivo do parecer que visa contribuir para um "debate plural na sociedade portuguesa", disse Rui Nunes, presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB)."

Pergunta impertinente

Já repararam que deviamos ter investido todo o nosso dinheiro em bolsa na passada sexta-feira?

Regresso á Tate Modern, um dos meus museus de eleição. Desta vez, uma fotografia tirada ontem a uma empregada do museu enquanto atravessava a instalação "Fontes". A instalação faz parte da mostra temporária do brasileiro Cildo Meireles.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Too far...


Confesso que inicialmente senti alguma simpatia por Sarah Palin. A sua carinha laroca aliada à informação disponível na altura, deram-lhe um optimo capital de simpatia para começar a corrida. Chegou a alavancar o único "momentum" McCain até agora; teve o mundo a seus pés, calcou-o com demasiada insensibilidade. Sarah Palin foi a sua pior adversária, os democratas nem tiveram de se dar ao trabalho.
Conservador que sou, arrepio-me de cada vez que oiço chamar conservadora a Palin. Palin revelou-se, ainda bem que atempadamente, uma criatura profundamente limitada e confusa na sua concepção dos outros e do mundo. Os seus discursos revelam que o preço de Palin é baixo, que a sua ambição é inversamente proporcional aos seus princípios. A facilidade com que mente, denigre e calunia revelam uma mulher capaz de tudo menos da dignidade mínima exigível para o cargo a que se candidata.
Quando os seus discursos de ataque a Obama conduzem a que alguem na assistência grite "KILL HIM"; quando Palin não condena estes gritos assassinos; quando alimenta e continua a toada; facilmente concluimos que o risco da sua eleição é tanto ou mais assustador que a pior crise que esteja em curso.
Palin, mais do que uma criatura estupida, é do pior que a política tem revelado. Não é preciso descer tão baixo, para passarmos a tolerar Gorge W..

Más notícias

De acordo com o Diário de Aveiro, este ano não há Sons em Trânsito.
É pena, pois este festival já tinha ganho o seu lugar entre os apreciadores da diversidade musical e deixa Aveiro mais pobre culturalmente.
Espera-se que seja confirmada a parte final da notícia e que em 2009 possamos voltar a ter o SET.

sábado, 11 de outubro de 2008

Subprime

Até tem legendas!...

Cartoons da semana...



Ainda a questão do casamento homossexual:


Começo por afirmar que não me parece aceitável que esta questão se resolva pelo modo mais simples, que é também o mais ambicionado e exigido pelos homossexuais.
O modo mais simples é aditar somente 4 palavras a um artigo do Código Civil: basta introduzir a expressão "ou do mesmo sexo" no artigo 1577º, assim:
«Casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente ou do mesmo sexo que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida, nos termos das disposições deste Código.»
Aquelas 4 palavrinhas resolveriam completamente a questão, passando pois os casais de pessoas do mesmo sexo a poder casar, divorciar-se ….. e adoptar, sem qualquer distinção.
Assim não.

Não obstante, penso que esta questão tem de ser resolvida rapidamente de modo a que os casais homossexuais passem a dispor de um enquadramento legal consensual e claro, e que acabe de uma vez por todas com os vexames e humilhações públicas de que ainda são vítimas.
Eu exemplifico:

Por estes dias, um casal de homens em união de facto solicitou numa sucursal de um grande banco da nossa praça um crédito á habitação para aquisição de habitação própria e permanente. A sucursal teve de colocar a questão á Direcção Jurídica: podia o banco conceder o crédito á habitação no regime geral ao casal formado 2 homens?
Pergunta asnática, dirão todos vocês. Mas não é tão asnática assim face á lei que temos. Vejam:

Sucede que, nos termos da lei em vigor, só os "agregados familiares" têm acesso ao crédito para aquisição de habitação própria e permanente, isto é, com direito a isenção de imposto de selo sobre os juros e deduções fiscais relativas ás amortizações feitas.
Ora, a própria lei determina que um agregado familiar é um «conjunto de pessoas constituído pelos cônjuges ou por duas pessoas que vivam em condições análogas às dos cônjuges».
Como os cônjuges são, por definição legal, o marido e a mulher, começa aqui um problema jurídico que a nossa lei, incluindo a lei das uniões de facto, não resolve de todo.

E tratando-se de um problema com implicações fiscais – de isenção e dedução de impostos – existe aqui o risco de um dia mais tarde, a nossa Administração Fiscal vir a imputar ao banco um suposto erro cometido, e portanto o ónus de suportar á sua custa o imposto não pago oportunamente. Quem se "atravessa" nisto? Claro que ninguém, e os gays que se desenrasquem e vão bater a outra porta, obtendo declaração escrita das Finanças quanto á viabilidade da pretensão.
Isto não pode ser.
É humilhante, é degradante, e é inadmissível.

No plano dos valores afigura-se perfeitamente consensual que um casal homossexual compre casa com recurso a crédito á habitação usufruindo dos beneficios fiscais dos agregados familiares.

É preciso que os deputados á Assembleia da Republica se deixem de oportunismos aéreos.
Esta injustiça concreta no crédito á habitação para os casais homossexuais existe há imenso tempo, e é facílima de resolver.
Bastaria aditar 2 ou 3 palavrinhas ao texto legal do diploma do crédito á habitação.

Como se bem vê, não são precisos grandiosos projectos "fracturantes" para eliminar resultados iníquos e injustos que a lei, ainda, impõe.
E já agora redigindo a lei com mais atenção e mais cautela, os deputados prestariam um melhor serviço á causa da igualdade e não discriminação.
Bastaria, em suma, que os senhores deputados á Assembleia da Republica, descessem das nuvens, e fizessem uso de algum discernimento e bom senso (os que o tiverem) ….

Câmara Municipal de Aveiro vs CGD

Fui desafiado por um anónimo a comentar este assunto, se tivesse coragem para tal.
Não me parece que seja necessário tal atributo para o fazer, mas sim o conhecimento da situação. E, quanto a isto, apenas sei o que imprensa escreve e os documentos da Câmara que o Dr. Raul Martins (quem lhos fornece será interessante saber) publica.
Penso que falta algo muito importante para alguém se poder pronunciar com propriedade. É a carta anterior da CGD a comunicar à CMA que, caso o Tribunal de Contas recusasse o empréstimo, as condições apresentadas perderiam a sua validade.
Se esta carta existe, parece-me que a razão estará do lado da CGD. Caso não exista, e sabendo todas as partes que este tipo de empréstimos tem de ser visado pelo TC e que pode ser necessário reformular o pedido inicial, então a razão está do lado da CMA e a posição da CGD cheira-me a esturro.
Finalmente, estranho que uma missiva desta importância seja publicada no blog do líder concelhio do principal partido da oposição em Aveiro e, questão talvez de menor importância mas que para mim não o é, a identificação de quem a assinou e o facto de, contrariamente ao que é habitual na banca, ser assinada apenas por uma pessoa.
Posto isto, e como o fim-de-semana ainda vai a meio, vou voltar ao futebol americano até à hora da Selecção Nacional começãr o seu jogo.

Coerência?

Tenho lido com alguma curiosidade as notícias sobre as "guerras" internas do PS, nomeadamente quanto à possibilidade ou não do Dr. João Pedroso poder ser candidato a Presidente da Distrital.
Será que este eventual candidato não é o mesmo Dr. João Pedroso que, nas últimas autárquicas, foi candidato e eleito nas listas do PS à Assembleia Municipal de Aveiro?
Mas, quando o escolheram para essa lista, não sabiam onde é que ele morava?
Ou será que ele mudou de casa depois disso?

Abraça-me hoje.....


sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Outro Lobo Antunes


Há muito tempo que não escrevo. Não tenho conseguido. O ùltimo mês resumiu-se às seguintes Palavras: obras, aulas, mudança, confusão. Ainda estou atentar organizar-me entre uma escola à beira do colapso e uma casa em " construção". Não poderia deixar de falar do outro Lobo Antunes: O Nuno. Neuropediatra, Director do CADIN é um homem que admiro não só como Médico mas também como ser humano. Ontem esteva à conversa com Judite de Sousa, sobre o sofrimento, o cancro e o seu novo livro. Tal como o Irmão, demonstra uma profunda compaixão pelo Outro e conta com simplicidade própria de um sábio histórias de vida que nos fazem pensar sobre o nosso destino e aquilo que realmente importa. Obrigado pela forma tocante como falou de alguns dos seus doentes, não como apenas um número, mas como um ser humano único e especial.

À falta de melhor para o fim-de-semana

Já que as bolsas não param de cair, e porque é necessário algo para levantar a moral, vejam aqui uma explicação básica sobre futebol americano. As regras compreendem-se rapidamente.

António Lobo Antunes


Não compro a Visão, espreito-a no avião ou em casa de um familiar assinante. De cada vez que abro aquelas páginas, confirmo a sobranceria saloia de Ricardo Araujo Pereira, a parcialidade jurássica de J. Carlos de Vasconcelos, o copy-paste de coisas que já li na Time ou na Newsweek, uma mediocridade quase absoluta, na linha do que o jornalismo militante de esquerda nos habituou. Mas, eu disse quase. Sim, a Visão esconde semanalmente um pequeno tesouro: a crónica de António Lobo Antunes.
Não vou aqui discorrer sobre o Lobo Antunes maior escritor vivo da lingua portuguesa. Vou dizer-vos como me emociono e comovo com o Lobo Antunes da malfadada Visão. Ouso até chamar-lhe António. Numa evidente metamorfose, António usa a sua escrita, a sua melhor ferramenta, para semana a semana se ir resolvendo com o mundo. Há uma ternura, uma quase doçura, que evolui e se revela com o andar do tempo. Se no passado nem sempre assim foi, hoje a frieza e o cinismo perdem sempre para o coração, grande e aberto. António passeia-nos pelas pessoas da sua vida, do irmão João, ao humilde companheiro de armas, todos grandes, todos essenciais numa história maior que agora revê. A biografia de António não será postuma, não sairá da pena de outro, é feita da sua escrita, das suas pequenas crónicas, das pessoas e dos lugares que nos vai contando, onde nos leva entre sorrisos cândidos e lagrimas furtivas.
Oxalá pudessemos e soubessemos fazer na nossa vida este percurso sábio, de memória e reconciliação, de emoção e abertura, o António sabe-o.
Não sei quanto tempo ainda cá andará o António, Deus queira que muito. Faz falta aos seus, faz falta ao mundo enquanto homem e criador; ainda merecemos mais uns livros e muitas crónicas. Mas, se o António partisse amanhã, a imortalidade que conquistou seria sempre menor, comparada com a forma tocante como tem resolvido a sua vida.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Bolsa

Acabo de ouvir nas notícias da Renascença que as bolsas europeias continuam em queda, apesar das medidas de emergência que Governos e Bancos Centrais tomaram.
Há certamente muitos a perder algum dinheiro e alguns a perder muito dinheiro em cada hora que passa.
Os próprios bancos comerciais, que usam o nosso dinheiro para tentar rentabilizar os seus activos, devem estar a perder milhões em cima de milhões, mas, quanto a estes, não é nada que um aumento nos spreads, nas comissões ou nas taxas, na ajude a resolver. Afinal de contas, é sempre o mesmo que paga.
O curioso da notícias em questão é que referia que das principais bolsas europeias, apenas a de Lisboa não tinha descido.
E eu que eu não sabia é que a bolsa de Lisboa é uma das principais da Europa.
Espero que o BaD nos esclareça esta questão.

Obrigado Sócrates

Os empresários Portugueses cujas empresas têm uma matéria colectável superior a 12500€ agradecem penhoradamente ao Governo e ao Primeiro-Ministro a prenda ontem comunicada à Nação, no valor de (25%-12.5%)*12500€=1562.50€.
Aqueles cujas empresas têm matéria colectável inferior a 12500€, agradecem na proporção do benefício obtido.
O barbeiro da esquina ou o merceeiro do bairro vão finalmente poder gozar férias na Praia da Barra com este benefício extra.
Só quem não percebe nada da economia real é que percebe o jeitão que esta verba vai fazer às empresas que ainda conseguem ter lucros em Portugal.
De todas as notícias que ouvi até agora sobre este assunto, não me recordo de ter percebido que algum jornalista se tivesse dado ao trabalho de fazer estas contas antes de dar loas à medida.

Respeitar as diferenças é tratar de forma diferente o que é diferente


O casamento gay vai voltar ao parlamento pela mão do pseudo-fracturante BE. No meio da crise que nos apoquenta, são poucos os portugueses interessados na matéria. Relevante, pelo que expõe do actual funcionamento do PS, é a imposição de disciplina de voto aos deputados obedientes a Sócrates; lá se vai o partido das liberdades.
A minha opinião sobre este matéria continua a mesma e não encontro razões para a alterar, embora os radicalismos de um e outro lado às vezes dêem vontade de ser radical também. Por isso, por continuar actual, fui buscar uma coisa que escrevi há tempos e que continua a traduzir o meu pensamento e posicionamento sobre este assunto.
"Há muito tempo que defendo um estatuto legal que reconheça direitos e atribua deveres a uniões de facto, independentemente da opção sexual dos seus constituintes. O estado e a sociedade não podem nem devem distinguir, positiva ou negativamente, ninguém pela sua orientação sexual. Entendo que duas pessoas que vivam em união de facto deverão ter a possibilidade de aderir a um regime contratual que lhes permita uma partilha e comunhão de direitos e obrigações. Para muita gente, para além dos aspectos práticos, é o passar da clandestinidade para a ordem legal e social vigente, não lhes devemos negar isso.
Se quiserem criar um novo nome, inventar uma nova palavra que defina estas uniões de facto e o acto de celebração legal das mesmas, por mim, tudo bem. Não concordo é que lhe chamem casamento. O casamento tem uma tradição histórica e cultural muito concreta, é um conceito, uma palavra, que serve para identificar uma realidade conhecida e muito especifica; é aquela e não outra. O factor de bom senso, de preservação do conceito de casamento tal como o conhecemos, não tem sequer de hierarquizar a sua situação em contraste com outros tipos legais de vida comunitária. O casamento só deverá ser descriminado positivamente se frutificar e aí já será a família própriamente dita, e não o casamento, a usufruir de algum benefício; é um efeito de um dos pressupostos do casamento ter a possibilidade natural de gerar descendência, ou não.
Acho que é isto que interessa a todos: enquadramento social e legal das relações que se transformam em comunidades de vida que perduram, faça-se; mas não é necessário adulterar nem confundir conceitos. Se somos todos iguais na diferença, evitemos falsas uniformizações que só levam a equívocos e se perdem na sua frivolidade."

Ainda o Lehman...

Auditor's one line report on Lehman Brothers Balance sheet:

"There are two sides of a Balance Sheet, Left & Right (Assets and Liabilities respectively):
On the Right side there is nothing right and on the Left side there is nothing left".

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Ovelhas e Porcos


Nunca fico satisfeito quando a eficácia é directamente proporcional à estupidez. Sou dos que, compreendendo que o processo de Mário Machado é político, até aceitam a sentença como meio profiláctico, como medida preventiva para eventuais imbecilidades futuras. O que me indigna, tanto quanto o cartaz acima, é que o PNR, com a ajuda de toda a esquerda e classe jornalística, consegue um fenómeno mediático de grandes proporções com apenas um outdoor. Sim, um outdoor do PNR tem mais impacto do que mil outdoors de qualquer outro partido. Isto abre um gravíssimo precedente; é o prémio do desrespeito por critérios básicos da comunicação política. É a apologia do tipo de intervenção que grupos radicais como o BE têm utilizado com sucesso muito menor. Não será difícil imaginar os cartazes que algumas causas mais fracturantes poderão inspirar se não houver limites e se os ofendidos os propagandearem até à exaustão.
O sr. Coelho vive a saltar destas cartolas de papelão, o seu movimento, caso seja de algum modo uma ameaça, deverá ser vigiado por quem de direito; quanto ao resto, ignorar é o remédio, é o que mais lhe dói. Que este cartaz seja o último a correr o país a partir de um só original. Aos próximos destruam-nos com a necessária discrição.

Coerência


Pedro Passos Coelho, um dos líderes sombra do PSD, renasceu das cinzas como o herdeiro da tradição liberal do partido; rendeu-lhe 31% dos votos laranjas. Entretanto, no caos actual, as coisas não estão de feição para os liberais. Passos Coelho comenta o discurso de Cavaco alfinetando Ferreira Leite e, pasme-se, declarando-se profundamente preocupado com o facto de os portugueses estarem a perder protecção social! Para liberal, não está nada mal.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Palavras inspiradas na felicidade



«I had a farm in Africa at the foot of the Ngong Hills. The Equator runs across these highlands, a hundred miles to the north, and the farm lay at an altitude of over six thousand feet. In the day-time you felt that you had got high up; near to the sun, but the early mornings and evenings were limpid and restful, and the nights were cold. The geographical position and the height of the land combined to create a landscape that had not its like in all the world. There was no fat on it and no luxuriance anywhere; it was Africa distilled up through six thousand feet, like the strong and refined essence of a continent. The colours were dry and burnt, like the colours in pottery. The trees had a light delicate foliage, the structure of which was different from that of the trees in Europe; it did not grow in bows or cupolas, but in horizontal layers, and the formation gave to the tall solitary trees a likeness to the palms, or a heroic and romantic air like full-rigged ships with their sails furled, and to the edge of a wood a strange appearance as if the whole wood were faintly vibrating. Upon the grass of the great plains the crooked bare old thorn trees were scattered, and the grass was spiced like thyme and bog-myrtles; in some places the scent was so strong that it smarted in the nostrils. All the flowers that you found or plains, or upon the creepers and liana in the native forest, were diminutive like flowers of the downs - only just in the beginning of the long rains a number of big, massive heavy-scented lilies sprang out on the plains. The views were immensely wide. Everything that you saw made for greatness and freedom, and unequaled nobility.The chief feature of the landscape, and of your life in it, was the air. Looking back on a sojourn in the African highlands, you are struck by your feeling of having lived for a time up in the air. The sky was rarely more than pale blue or violet, with a profusion of mighty, weightless, ever-changing clouds towering up and sailing on it, but it has a blue vigour in it, and at a short distance it painted the ranges of hills and the woods a fresh deep blue. In the middle of the day the air was alive over the land, like a flame burning; it scintillated, waved and shone like running water, mirrored and doubled all objects, and created great Fata Morgana. Up in this high air you breathed easily, drawing in a vital assurance and lightness of heart. In the highlands you woke up in the morning and thought: Here I am, where I ought to be.»

"A verdade gera confiança, a ilusão é fonte de descrença"


Era impossível ser mais claro e directo nas críticas ao Governo. Era impossível destacar melhor o que o PS não quer que se veja nem que se fale.
Cavaco Silva pronuciou ontem um discurso de crítica subtil, mas foi directo ao assunto:
"Muitas famílias têm dificuldade em pagar os empréstimos que contraíram para comprar as suas casas" - (mas até hoje José Sócrates tem repetido que esses problemas financeiros internacionais não chegarão a Portugal);
"Há idosos para quem a reforma mal chega para as despesas essenciais"; (só que, oficialmente, diz-se que o complemento social para idosos acabou com essas situações);
"Há jovens que buscam ansiosamente o primeiro emprego"; (mas José Sócrates nunca fala deles, prefere falar do programa Novas Oportunidades);
"Há homens e mulheres que perderam os postos de trabalho"; (José Sócrates opta por proclamar que já criou milhares de postos de trabalho).

E, se o discurso de José Sócrates tivesse aderência á realidade, Cavaco Silva não teria acrescentado:
"O que é vivido pelos cidadãos não pode ser iludido pelos agentes políticos. Quando a realidade se impõe como uma evidência, não há forma de a contornar."

Subida das taxas de juro, desemprego, reformas baixas, pobreza, desigualdade social, fraco crescimento económico - este é o País visto por Cavaco Silva, que ontem repetiu: "Não escondo que vivemos tempos difíceis."

Para não se dar por achado, José Sócrates invocou ontem, logo após o discurso de Cavaco, o esforço do Governo para pôr as contas públicas em ordem e garantiu que o Executivo tudo tem feito para apoiar os mais desprotegidos.
Sócrates bem pode dizer que podia ser pior. Mas, ….
"A verdade gera confiança, a ilusão é fonte de descrença" foi a frase lapidar de Cavaco Silva.