Era impossível ser mais claro e directo nas críticas ao Governo. Era impossível destacar melhor o que o PS não quer que se veja nem que se fale.
Cavaco Silva pronuciou ontem um discurso de crítica subtil, mas foi directo ao assunto:
"Muitas famílias têm dificuldade em pagar os empréstimos que contraíram para comprar as suas casas" - (mas até hoje José Sócrates tem repetido que esses problemas financeiros internacionais não chegarão a Portugal);
"Há idosos para quem a reforma mal chega para as despesas essenciais"; (só que, oficialmente, diz-se que o complemento social para idosos acabou com essas situações);
"Há jovens que buscam ansiosamente o primeiro emprego"; (mas José Sócrates nunca fala deles, prefere falar do programa Novas Oportunidades);
"Há homens e mulheres que perderam os postos de trabalho"; (José Sócrates opta por proclamar que já criou milhares de postos de trabalho).
E, se o discurso de José Sócrates tivesse aderência á realidade, Cavaco Silva não teria acrescentado:
"O que é vivido pelos cidadãos não pode ser iludido pelos agentes políticos. Quando a realidade se impõe como uma evidência, não há forma de a contornar."
Subida das taxas de juro, desemprego, reformas baixas, pobreza, desigualdade social, fraco crescimento económico - este é o País visto por Cavaco Silva, que ontem repetiu: "Não escondo que vivemos tempos difíceis."
Para não se dar por achado, José Sócrates invocou ontem, logo após o discurso de Cavaco, o esforço do Governo para pôr as contas públicas em ordem e garantiu que o Executivo tudo tem feito para apoiar os mais desprotegidos.
Sócrates bem pode dizer que podia ser pior. Mas, ….
"A verdade gera confiança, a ilusão é fonte de descrença" foi a frase lapidar de Cavaco Silva.
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