Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramos.
O navio sobre o mar,
o cavalo na montanha.
Com sombra pela cintura,
ela sonha na varanda,
verde carne, trança verde,
e olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
À luz da lua cigana,
as coisas estão-na fitando
sem ela poder fitá-las.
Verde que te quero verde.
Grandes estrelas de escarcha
seguem o peixe de sombra
que anuncia a madrugada.
A figueira esfrega o vento
com a lixa dos seus ramos,
e o monte, gato selvagem,
eriça piteiras bravas.
Mas quem virá? E por onde?
Ela fica na varanda,
verde carne, trança verde,
a sonhar ondas amargas.
(…)
Sobre o rosto da cisterna
Agitava-se a cigana.
Verde carne, trança verde,
E olhos de fria prata.
Cristais de neve e de lua,
a sustêm sobre a água.
Íntíma se pôs a noite
como pequenina praça.
(...)
Verde que te quero verde.
Verde Vento. Verdes ramos.
O navio sobre o mar.
O cavalo na montanha.
Federico Garcia Lorca
(tradução de Eugénio de Andrade)
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