quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

No Country For Children .....

O risco de pobreza das crianças portuguesas é dos mais elevados e mais duradouros.

Um relatório da Comissão Europeia sobre pobreza infantil coloca Portugal entre os oito países da União Europeia com níveis mais elevados de pobreza entre as crianças, e também entre aqueles com mais probabilidades de se manter nesta posição.
Na UE, Portugal está em penúltimo lugar e é apenas ultrapassado pela Polónia – mais de 20% de risco - numa uma tabela liderada pela Finlândia e Suécia - com 7% de risco.
Em Portugal há mais de 20 por cento de crianças (uma em cada cinco) expostas ao risco de pobreza. O risco abrange tanto crianças que vivem com adultos desempregados como as que vivem em lares onde não há desemprego. A análise da pobreza entre as crianças permitiu identificar factores que são potenciadores desta situação.
Entre os principais, segundo o relatório figuram a dimensão do agregado, bem como o nível de escolaridades e a situação profissional dos pais.Uma conclusão: quanto menor a escolaridade dos pais, maior o risco de pobreza das crianças. É, talvez, um dos dados mais chocantes presentes no relatório europeu:
- em Portugal, 68 por cento (contra 16 de média eu-ropeia) das crianças vivem com pais que não concluíram os estudos secundários.
- - 88% por cento das crianças portuguesas em risco de pobreza vivem em agregados com estas baixas qualificações.
É o patamar mais elevado de desqualificação na UE. Apenas Malta, com66 por cento, se aproxima. E há situações tão distantes da nacional como esta: a percentagem de crianças a viverem em agregados com níveis baixos de escolaridade é de dois por cento na Eslováquia, seis por cento na Polónia, sete por cento em França.
Amélia Bastos, do Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa, com um doutoramento em pobreza infantil e um livro sobre o tema a ser publicado em breve, confirma Portugal "na cauda da UE". Tanto pela análise dos recursos monetários, como pela observação da "privação", em que a criança é olhada directamente: "O insucesso escolar é grande, encontramos uma dieta alimentar desequilibrada e muito frequentemente a ausência total de comida. Muitas crianças não têm qualquer vigilância médica. Muitas delas continuam a viver também numa situação de estigmatização auto-alimentada. Por fim, residem muito frequentemente em casas sobrelotadas, nas quais não dispõem de um quarto. Quem anda no terreno constata que existe uma grande fatia destas crianças condenadas a reproduzir a pobreza das famílias. A quebra do ciclo intergeracional não está a ser feita", afirma esta investigadora.

Em reacção oficial a este relatório, o Senhor Ministro do Trabalho e da Segurança Social prefere considerar que o cenário retratado neste Relatório não corresponderá "certamente" à situação de hoje: os abonos foram reforçados, criado o rendimento social de inserção, os subsídios de maternidade. Pois......
o Ministro fala de outro país certamente, que não este em que vivemos.

1 comentário:

RA disse...

Pois é, a cada análise do primeiro ministro ou de um dos seus ministros, parece que a geração play-station chegou ao poder. Falam sempre de uma realidade virtual, nunca do país real.