Foi publicado, na semana passada, o relatório SEDES que fala de um “mal-estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional.” Concordo totalmente. Como pior é impossível, ainda, esta semana, foi publicado um relatório da União Europeia que indica que o risco de pobreza entre crianças é muito elevado em Portugal. Ambos traçam um retrato negro da situação social e económica do país. Perante tal retrato, a sociedade civil reage; critica os sucessivos governos; culpam os partidos; culpam os políticos.
Desculpem, mas vou ser politicamente incorrecta. Onde fica a nossa quota-parte de responsabilidade? Acho que a culpa não morreu sozinha. Será que não temos o governo que merecemos? Não fomos nós que elegemos os sucessivos governos?
Analisando o relatório da União Europeia, o que mais impressiona é constatar que as transferências sociais, as políticas sociais (subsídios, rendimento mínimo, etç.) não têm quase nenhum efeito na diminuição do risco de pobreza. As famílias que recebem estas ajudas, em lugar de procurar formas de vida que as retirem da pobreza, habituam-se ao estatuto de dependência que os subsídios criam. Onde fica a responsabilidade dos cidadãos por melhorarem as suas condições de vida? O ciclo de pobreza não é quebrado porque estes cidadãos, não aproveitam esta oportunidade, não se responsabilizam pelo seu destino.
O problema não está só no governo, nos compadrios políticos, é também uma questão cultural, ou dito de outra forma, uma questão de falta de cultura: falta de cultura cívica e falta de cultura democrática. O próprio relatório SEDES alerta para esta situação: “Mas uma boa parte são questões internas à nossa sociedade e às nossas circunstâncias. Não podemos, por isso, ceder à resignação sem recusarmos a liberdade com que assumimos a responsabilidade pelo nosso destino.”
Somos pouco interventivos, ficamos á espera que alguém resolva os nossos problemas. Somos criativos, óptimos no improviso mas falta-nos rigor, objectividade, iniciativa, arrojo e vontade de mudar. Gostamos de ser guiados, como carneiros, é mais fácil, dá menos trabalho. Temos inveja de quem tem sucesso e adoramos a desgraça alheia. Somos um povo triste, desalentado, egoísta e invejoso.
Uma nação de sucesso não pressupõe um povo adulto na política?
Está na hora de sermos cidadãos cada vez mais activos e participantes.
Está na hora de velar para que a democracia seja vivida e participada.
Está na hora de não prescindir de contribuir para a resolução de problemas.
Está na hora de participar em grupos de intervenção cívica, políticos, religiosos, de protesto, ou em grupos de voluntariado.
Está na hora de usufruir com parcimónia dos bens colectivos, mas querer igualmente contribuir para o bem comum, com rigor e com empenhamento, olhando o bem pessoal em harmonia com interesse colectivo.
Concordo que o retrato social que aqui apresento é muito escuro. Reparem que nunca falo na terceira pessoa do plural mas na primeira pessoa do plural. O que digo é um exercício de autocrítica, não destrutivo mas construtivo. Se cada um de nós assumir a sua quota-parte de responsabilidade ainda vamos a tempo de construir uma nação com futuro.
Desculpem, mas vou ser politicamente incorrecta. Onde fica a nossa quota-parte de responsabilidade? Acho que a culpa não morreu sozinha. Será que não temos o governo que merecemos? Não fomos nós que elegemos os sucessivos governos?
Analisando o relatório da União Europeia, o que mais impressiona é constatar que as transferências sociais, as políticas sociais (subsídios, rendimento mínimo, etç.) não têm quase nenhum efeito na diminuição do risco de pobreza. As famílias que recebem estas ajudas, em lugar de procurar formas de vida que as retirem da pobreza, habituam-se ao estatuto de dependência que os subsídios criam. Onde fica a responsabilidade dos cidadãos por melhorarem as suas condições de vida? O ciclo de pobreza não é quebrado porque estes cidadãos, não aproveitam esta oportunidade, não se responsabilizam pelo seu destino.
O problema não está só no governo, nos compadrios políticos, é também uma questão cultural, ou dito de outra forma, uma questão de falta de cultura: falta de cultura cívica e falta de cultura democrática. O próprio relatório SEDES alerta para esta situação: “Mas uma boa parte são questões internas à nossa sociedade e às nossas circunstâncias. Não podemos, por isso, ceder à resignação sem recusarmos a liberdade com que assumimos a responsabilidade pelo nosso destino.”
Somos pouco interventivos, ficamos á espera que alguém resolva os nossos problemas. Somos criativos, óptimos no improviso mas falta-nos rigor, objectividade, iniciativa, arrojo e vontade de mudar. Gostamos de ser guiados, como carneiros, é mais fácil, dá menos trabalho. Temos inveja de quem tem sucesso e adoramos a desgraça alheia. Somos um povo triste, desalentado, egoísta e invejoso.
Uma nação de sucesso não pressupõe um povo adulto na política?
Está na hora de sermos cidadãos cada vez mais activos e participantes.
Está na hora de velar para que a democracia seja vivida e participada.
Está na hora de não prescindir de contribuir para a resolução de problemas.
Está na hora de participar em grupos de intervenção cívica, políticos, religiosos, de protesto, ou em grupos de voluntariado.
Está na hora de usufruir com parcimónia dos bens colectivos, mas querer igualmente contribuir para o bem comum, com rigor e com empenhamento, olhando o bem pessoal em harmonia com interesse colectivo.
Concordo que o retrato social que aqui apresento é muito escuro. Reparem que nunca falo na terceira pessoa do plural mas na primeira pessoa do plural. O que digo é um exercício de autocrítica, não destrutivo mas construtivo. Se cada um de nós assumir a sua quota-parte de responsabilidade ainda vamos a tempo de construir uma nação com futuro.
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