segunda-feira, 23 de março de 2009

Será que ele pensa no que diz?

Começo por referir que simpatizo com candidatura ibérica ao Mundial 2018, mesmo sabendo que certamente nos irão sobrar uns "trocos" do grande negócio que estes eventos sempre representam.
Agora parece-me que anda por aí muita gente, que, fruto dos lugares que ocupa, deveria ter muito mais tino e pensar antes de falar.
Vem isto a propósito das declarações do Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, que podem ver neste documento.



Diz o cavalheiro que a candidatura serve para rentabilizar estádios. Segundo o dicionário online da Priberam, rentabilizar siginifica produzir rendimento, tornar financeiramente vantajoso, tornar lucrativo ou rentável ou tornar produtivos os recursos disponíveis.
Sabendo que Portugal dispõe de 10 estádios construídos para o Euro 2004, poderia entender-se segundo as declarações de Laurentino Dias, que esta candidatura iria servir para rentabilizar os estádios que não são rentáveis, e que todos sabem ser Bessa, Aveiro, Coimbra, Leiria e Faro até porque, ainda nas mesmas declarações, afirma que o Governo só apoia a candidatura se não houver mais investimento em estádios de futebol.
Aqui chegados, vamos consultar a carta-convite que a FIFA enviou às Federações de Futebol a propósito deste Mundial.

Logo no segundo parágrafo desta carta, são referidas as condições necessárias para a candidatura, no que aos estádios diz respeito: "...aproximadamente 12 estádios com uma capacidade mínima de 40000 lugares para os jogos dos grupos e 80000 para os jogos de abertura e final...".
Quer isto dizer que os estádios que Portugal precisa de rentabilizar não se enquadram nestes requisitos, e apenas os estádios da Luz, de Alvalade e do Dragão servem mas só para os jogos de grupos, ou seja, os estádios que mais jogos têm, que mais capacidade têm de angariar outros eventos, seja pela sua localização, seja pela sua dimensão, são os estádios que Portugal tem para apresentar nesta candidatura ibérica.
Mas não ficamos por aqui.
Estando definidos os estádios, como pode um responsável do Governo afirmar que não se vai gastar mais dinheiro neles?
Quem pode garantir que daqui por 9 anos aqueles estádios ainda estão em condições de receber um evento destes?
Quem pode garantir que daqui por 9 anos as exigências técnicas e de segurança para um Campeonato do Mundo possam ser cumpridas nestes recintos?
Isto para já não falar em tudo aquilo que não tem directamente a ver com os estádios ou com o investimento privado na construção e renovação do parque hoteleiro mas que um caderno de encargos deste tipo certamente comporta em termos de infraestruturas de comunicações, telecomunicações, segurança, instalações hospitalares, etc.
É certo que estes não são investimentos em estádios de futebol, mas, se não fosse este evento e na perspectiva da nossa candidatura poder vir a ser a vencedora, será que seriam necessários?
Não li em nenhum órgão de comunicação qualquer "desmontagem" destas declarações. Aparentemente está tudo de acordo com o raciocínio de Laurentino Dias. Ou será que não convém contrariar Sua Excelência?

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