Fui ontem assistir, como "convidado institucional", ao encerramento do congresso do PS.
Fui educado com um determinado código de comportamento, onde o estatuto de convidado era tratado com especial cuidado. Como convidado, teria sempre de comer a sopa, dar sinais de agrado a biscoitos sortidos já amolecidos e com travo a mofo, beijar polidamente septuagenárias empoadas e cheirando a naftalina, etc., etc..
Fui muito bem recebido no congresso e gostei de encontrar amigos meus, socialistas, que não via há já algum tempo. E, como lá estava como convidado, não falarei dos discursos, ora intimidatórios, ora vitimizantes, ora vácuos; não mostrarei decepção pela falta de pistas, já não digo soluções, para os grandes problemas que afligem o país; não darei ares de espanto pela obliteração dos desempregados, dos idosos, dos excluidos; não me revelarei apreensivo pela toada demagógica e eleitoralista que dali saiu, ignorando ostensivamente a recessão em que nos encontramos.
A partir de hoje, volto ao meu estatuto de livre pensador, 24 horas passadas sobre a visita à casa socialista. Já poderei dizer o que penso!
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