quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Salvem o Zé Povinho


Eu, que não sou dada a grande patriotismo, quando ouvi falar do eminente fecho das Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, corri a comprar algumas peças deste grande artista. Não as mais emblemáticas, até porque os sapos, lagostas e couves, não me convencem esteticamente. Fiquei-me por algumas peças, um pouco mais "soft". Não foi uma compra racional, mas afectiva: o desejo de possuir um pouco do nosso património cultural. Visitei por duas vezes o museu Bordalo Pinheiro e foi uma experiência inesquecível. O kitsch destas peças é esteticamente imponente.
Centenas de moldes centenários das peças de cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro estão guardados numa cave da Fábrica de Faiança das Caldas da Rainha. Com a fábrica em risco de fechar, o que irá acontecer à vespa, às rãs, aos golfinhos mitológicos e a toda a fauna e flora criados por Bordalo? Há quem apele ao Estado para que ajude a manter vivo este património.
Interrogado sobre o assunto, na sexta-feira, o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, disse à Rádio Renascença que considera muito importante conservar os moldes, mas que o mais importante é "manter aquela fábrica viva" e que isso não passa pelo seu ministério. "Ultrapassa-me completamente enquanto ministro da Cultura." Sabe-se que o governo de José Sócrates tem ajudado algumas empresas que consideram ter “viabilidade económica”. Talvez valesse a pena olhar com mais atenção para este caso porque o que está em causa não é só o aumento do número de desempregados mas a perda de um património nacional que poderá ser irrecuperável.

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