terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O grande dia!


A nação espera o seu 44º Presidente. Era assim que o New York Times abria a sua edição de hoje. Sem o suspense do dia das eleições, mas com uma carga simbólica igualmente forte, este dia de tomada de posse ficará indelévelmente marcado na história. Poucos presidentes ao longo da história americana terão sido tão esperados e desejados. Obama é o fiel depositário das esperanças de milhões, o homem escolhido para os guiar num tempo sombrio, agreste e de grandes tribulações.
Sendo um Obamista desde o primeiro minuto, não perdi a lucidez e não tenho ilusões quanto às diculdades enormes que Obama enfrentará. Caberá a Obama enfrentar a grande recessão e relançar a economia, recuperar a credibilidade dos Estados Unidos na cena mundial, gerir guerras em curso e planear o afrontamento aos inimigos dos americanos, dar passos claros na agenda ambiental e na cooperação. Não é pouco. Resta saber se é humanamente possível.
Os sinais de moderação, o cuidado de temperar alguma ousadia com experiência sólida, a meticulosa gestão da sua intervenção sobre os grandes temas, deixam antever muito menos revolução do que alguns imaginaram. Obama é, acima de tudo, um homem de bom senso e de consensos, realista e pragmático, mantendo o sal de um certo idealismo, de uma ideia de justiça e sociedade que deveriam nortear toda a acção política. É, como lhe chamei aqui há uns tempos um "outstanding regular guy", não é um leviano nem um revolucionário latino-americano maluco.
Espero o melhor, consciente das dificuldades e, acima de tudo, consiente que será, em primeiro lugar e antes de tudo, o presidente do Estados Unidos e de todos os americanos.

Por fim, a emoção. Obama trouxe paixão á política, como já não nos lembrávamos. Quem gosta, como eu de política, tem muito que lhe agradecer.
Não escondo que o factor raça terá influenciado a minha adesão inicial e impulsiva à marcha de Obama, a solidez, a profundidade e a credibilidade vieram depois. Mas, assumo-o sem problemas, e confirmo-o hoje ao emocionar-me sem reservas a cada lagrima de cada negro que estando hoje em Washington, ou em qualquer canto da nação, tem na memória a escravidão dos seus avós e no presente um irmão seu no comando dos destinos da Nação. É assim que se constroi um grande país.

God bless America!

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