segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Congresso VII


Deixei passar algum tempo antes de comentários, porque o efeito do discurso do Presidente do Partido, Paulo Portas, só é relevante quando "confrontado" com o país e não com o congresso.
Hoje, parece-me claro que a forma e a substância foram as que se esperavam, as que abrem perspectivas ao desejado crescimento do Partido através do estabelecimento de um pacto de identificação e confiança com o eleitorado.
Foi muito importante a explanação do plano de redução da carga fiscal e a interligação do mesmo com políticas sociais urgentes; o discurso foi bem mais abrangente do que a teoria inicial da classe média alvo; ainda bem. De notar que, Paulo Portas foi sensato e moderado ao admitir como desejável, investimento público em áreas de necessidade e estruturantes para o desenvolvimento nacional. Como pudemos já ver, Sócrates veio a reboque, desmentir Teixeira dos Santos e anunciar possíveis baixas de impostos; falta-lhe mudar a agulha dos investimentos públicos, do faraónico e desnecessário, para o útil e indispensável.
No plano da segurança, o ponto forte de Paulo Portas, o tema foi bem abordado, sem demagogia nem alarmismos irresponsáveis, com a proposta de medidas concretas e exequiveis para problemas recorrentes e potenciadores do laxismo e aumento da criminalidade.
A educação é outra área forte, a que não será estranha a experiência e conhecimento de Diogo Feyo, em que, sem populismo, foi feito um verdadeiro xeque-mate ao governo. Aqui também, houve preocupação social e não de segmento ou classe.
Gostaria de ter ouvido um pouco mais sobre saúde, porque os problemas não se esgotam numa vacina ou ditos de circunstância. Ainda há tempo de sobra e o partido terá de reunir gente competente, eu diria de excepção, dada a dimensão do problema e a importância do sector, para encontrar um discurso sobre saúde ao nível do que já tem sobre economia, segurança e educação. Não faltam bons quadros no partido ligados ao sector, bastará pô-los a trabalhar em conjunto.
Revi-me em absoluto nas palavras de António Pires de Lima quando denunciou a falta de um discurso para a justiça; eu próprio já o tinha reclamado junto do líder por mais de uma vez. Há que reconhecer, sem complexos, que o partido não tem um historial brilhante no sector, mas tal não pode impedir-nos de o abordar, dá-nos, aliás, uma obrigação acrescida de demonstrar aos portugueses que, nesta área central e estruturante da vida pública, sabemos o que queremos e como fazê-lo.

Uma última nota para referir a minha satisfação com o sublinhado da matriz democrata-cristã que atravessou todo o discurso final. Também, com o cuidado tido na abordagem de temas como a imigração que, sendo abordados com o melhor dos objectivos e escrupuloso respeito por todos, se prestam sempre a especulação e demagogia por sectores mal intencionados, com voz demasiadamente amplificada nos media portugueses.


Sem comentários: