12o.ooo professores na rua.
Ontem em Lisboa, os primeiros da longa manifestação chegavam ao Marquês de Pombal e os últimos ainda de encontravam na Rua do Ouro. Esta dimensão geográfica do cortejo dos descontentes é uma imagem fortíssima do volume das queixas em relação à ministra e ao governo.
Conheço muitos professores que ontem rumaram a Lisboa para fazer ouvir a sua voz. Acho que nenhum deles é sindicalizado, muitos são de direita, outros de centro e outros de esquerda. Tentar dizer que as mega-manifestações de professores são manobras sindicais, dá aos sindicatos uma força que não têm com o fito único de desvalorizar as grandes mobilizações de protesto cívico.
As declarações da ministra ontem, e as de Sócrates hoje, são lamentáveis e deixam a nu a obcessão estéril com políticas cuja eficácia não convence ninguém. Esta convicção do governo apoia-se em dois vectores: primeiro a ideia de reforma e firmeza (leia-se autoritarismo) na implementação da mesma. É irrelevante a bondade da reforma, é secundário se nos leva de um ensino mau para um ensino péssimo. O que importa a Sócrates é decidir, confunde determinação com casmurrice, decisão com precipitação, mudança com regressão. O segundo vector passa pela diabolização dos funcionários públicos, dos professores em particular, e pela irresponsabilização de pais e alunos, tentando assim a aprovação dos segundos pela via do facilitismo e alheamento. Nada mais errado e perigoso.
No final de contas, pagamos todos. É Portugal no seu todo que pagará no médio prazo os caminhos erráticos e irresponsáveis das politicas educativas que têm dado a esta costa.
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