Nunca tanto como agora se discutiu a dicotomia liberalismo - socialismo. É uma discussão que interessa particularmente aos adeptos do liberalismo. Se é verdade que os dinossauros socialistas rejubilam com a actual depressão do sistema capitalista de cariz liberal, não é menos verdade que os liberais têm boa resposta em Cuba e na falência do antigo bloco de leste. Ri-se o roto do esfarrapado. Dá tanta vontade de rir ouvir o PC falar da actual situação americana, como se de castigo divino se tratasse, como dá vontade de rir os liberais que vão buscar fotografias dos guetos comunistas para defender a validade da sua argumentação; demagogia pura de ambas as partes.
O estado americano salvou da ruina o Fannie May e o Freddie Mac. Hoje a Federal Reserve injectou milhões na AIG para evitar mais uma mega-falência. Hoje, numa correcção de trajectória, McCain anunciou que, ganhando as eleições, acabaria com a ganância especulativa, por outras palavras, prometeu regulação do estado! Obama já o tinha feito. Os principais analistas americanos dizem que o futuro terá de passar políticas promotoras do bem estar e coesão social; se a America se quiser manter grande, não será na base do salve-se quem puder, no fundamento da lei do mais forte. Alan Greenspan, que nunca fala por acaso, avisa que esta geração poderá experimentar algo idêntico a 29 do século passado.
Olhando para o estado do mundo, todos concordamos que o socialismo está morto e só um lunático como Chavez o desenterra, mas não é menos verdade que o capitalismo liberal entrou em coma. Dirão os optimistas que do coma de 29 acordou mais forte e para durar quase mais noventa anos; valeu a pena?
Continuando a olhar para o estado do mundo, quais serão os países mais imunes a todas estas convulsões? É fácil; a Holanda, a Noruega, a Dinamarca, a Suécia e a Finlândia. Numa dimensão maior, a Alemanha revela uma resiliência notável. Todos estes países se regem pelas regras do capitalismo, funcionam em mercado aberto, têm elevadíssimos níveis de desenvolvimento e são países ricos. Porquê? Porque acreditam e praticam políticas integradas de bem estar e coesão social. Porque fazem os seus projectos sempre visando o longo prazo e fogem da especulação e da tentação do lucro fácil e imediato. Porque criam riqueza que a todos aproveita e, por isso, a todos compromete. Porque têm menos estado na burocracia, mas estado suficiente na regulação, estado suficiente na prestação do retorno dos impostos pagos. É o tal estado pessoa de bem que nós desconhecemos.
Concluindo, é interessante atentarmos na crise e nos seus principais protagonistas, não devemos é deixar de olhar e aprender com os que passam pela tormenta com menos dificuldade.
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