segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Muito certeiro e nada consequente


Só hoje li, por cortesia de um amigo laranja, o discurso de Paulo Rangel, perdão, de Manuela Ferreira Leite.
O discurso está bem estruturado, claro e cumpre uma parte das atribuições da liderança da oposição: a crítica política ao Governo. Já tinha achado o mesmo quando o ouvi da primeira vez, há dois anos.
O longo periodo de silencio não troxe nada de novo a não ser o fim desse mesmo silêncio. Há, contudo, um mérito indesmentível, na falta de ideias, MFL recorre ao que de bom os seus próximos já produziram no passado. É interessante a coincidência, se é que as há em política, de no dia anterior o Expresso ter publicado longa entrevista a Paulo Rangel.
Do lado do Governo, não tem havido economia no fornecimento de "matérias" para a oposição e é aí que MFL fica curta. Acusando correctamente o desnorte de diversos sectores da governação, não pede a demissão de nenhum ministro, não é nunca conclusiva. Acusa, acusa e acusa, mas não chega a consequências.
Por fim, depois de algumas trivialidades vagas sobre as PME's para agradar á massa associativa, voltamos ao problema de sempre: a ausência de propostas, a credibilidade de quem se dispõe a fazer diferente. Percebi hoje as criticas e desconfianças que ouvi ontem à noite num encontro de empresários; tinham ouvido o discurso, têm PME's para gerir e empregos a conservar, e a memória não os deixou esquecer os tempos de Ferreira Leite ministra.
Não basta fazer boa medicina de diagnóstico, essa já estava feita por todos os analistas e opinadores da praça. Para justificar votos é preciso explicar como se vai fazer. Serão precisos mais seis meses de silêncio?

2 comentários:

CASUAL FRIDAY disse...

Hi, permite-me discordar totalmente. A análise foi de crítica muito certeira, e ao mesmo tempo MFL enunciou as propostas alternativas de actuação. Apenas enunciou, e percebe-se porquê: a esta distância das eleições MFL não quer dar de bandeja as suas soluções e respostas para as questões da actualidade. Sobretudo, MFL ainda não quer que as atenções do eleitorado se desviem da crise e das insuficiências do Governo PS para se focarem no debate PSD-PS. Ainda não é o momento para tal.
O momento actual é propício a deixar o governo PS debater-se sozinho com as crises.
Tudo a seu tempo.

RA disse...

Hi, a ti permito tudo, porque tudo é permitido aos verdadeiros amigos! E mais, invejo-te. Um tão grande wishfull thinking não nos impede de um dia nos confrontarmos com a realidade, mas ajuda-nos a chegar lá com um sorriso. Eu, como pragmático, peno mais pelo caminho... A MFL teve, pelo menos, uma virtude: forneceu-nos um ponto de discórdia inofensivo, até porque nunca chegará a primeira-ministro. :-)