segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Delícias do Douro Vinhateiro


Depois de 2 semanas particularmente exigentes e extenuantes no trabalho, chegou um fim de semana de passeio…… pelo Alto Douro vinhateiro, com direito a lagarada, pic nic na margem do rio Pinhão, gastronomia, passeio de comboio com locomotiva a vapor e carruagens de época, e claro: Vinho do Porto.
As minhas recordações guardam especialmente o passeio no comboio e o pic nic:

Depois do almoço no Douro-In, corremos para a estação porque o comboio histórico é lento mas não espera, e os lugares não são marcados. Mas valeu muito a pena.
O comboio corre bem junto ao rio ao nível da margem, proporcionando uma vista única da paisagem do Douro das vinhas.
De pé, debruçada no final da última carruagem do comboio, gozei uma vista incomparável: ao lado da linha, o rio Douro serpenteava entre montes arredondados, ora bojudos ora em reentrâncias; montes que alguém penteou com os dedos, em carreirinhas verdes e castanhas, perfeitamente paralelas ao rio, e que também ondulam ao sabor das curvas.
Aqui e acolá, há casas de quinta erigidas em sítios perfeitos, escolhidos com sabedoria e gosto.
Esta paisagem do Douro é para saborear devagar, e para voltar uma e outra vez, apreciar e ver de novo, sempre como da primeira vez.
É que, ao contrário do que já sucede na Régua, Armamar e em muitas aldeias á volta, o vale que cerca o rio mantém a paisagem intacta: não avistamos fiadas de prédios, anúncios de outdoors, "maisons" incaracterísticas e horríveis. Não há disso. Cerca-nos uma beleza verde, ondulante e arredondada, como não existe noutro lado.

A locomotiva a vapor apita, fumega e corre como há cem anos. Pelo caminho as pessoas acorrem a vê-la passar, sorrindo de saudade, e os barcos no rio buzinam e saúdam alegremente.
As minhas crianças vão á frente junto á locomativa, no meio da fumarada, e as mais sortudas até vão ajudar os maquinistas. No fim do passeio, estão negras de fuligem e carvão, mas felicíssimas.
Mas, a final, ninguém, nem o passageiro mais resguardado na ultima carruagem, escapa ao carvão na pele, no cabelo, no nariz, nos ouvidos….

Depois da lagarada em que as crinças viram e experimentaram pisar as uvas no lagar, a Casa dos Lagares, (Cheires, Sanfins do Douro) organizou para nós o nosso já tradicional pic nic familiar na margem do rio Pinhão:

Pic nic é diminiutivo, porque em boa verdade é um banquete ao ar livre, sem nenhum dos inconvenientes do pic nic. Senão vejam: aperitivos servidos junto ás cadeirinhas de lona armadas junto ao rio, com destaque para uns fabulosos croquetes de alheira; depois feijoada transmontana com arroz servida em tachinho (marmita) dos trabalhadores da vinha, e vinho tinto "Fragulho"; para sobremesa, bolinhos de cenoura (deliciosos), coquinhos, uvas moscatel, maçãs do Douro, gelatinas (para as crianças), um espantoso moscatel "Fragulho" e café.
Como único som, ouve-se a água a correr, num fundo de silêncio total.

Um fim de semana de delícia para olhos, para a mente. A repetir.
Para já, prometi a minzinha aqui fazer meia hora de tapete, todos os dias, sem falta!!

1 comentário:

RA disse...

O Fragulho tinto está bom? Fiquei espantado com o branco! E com os preços... De resto, só inveja! :-)