sexta-feira, 5 de setembro de 2008

De gatas


Hoje foi dia de eleições em Angola. Pelas últimas notícias, amanhã também vai ser.
Angola, graças a um imenso complot internacional, a uma descolonização criminosa, e uma oligarquia governante cleptocrática, é hoje um país deprimente, falhado, símbolo de horrores e das piores injustiças.
José Eduardo dos Santos é um escroque da pior espécie, um tirano sem escrúpulos, um pária da política internacional. É mais próximo de um chefe de gang do que de qualquer líder político. Não há cores intermédias possíveis quando se pinta o quadro de Angola, tudo é extremo, negro de obscurantismo, vermelho de fogo e de sangue.
Para alguns, as eleições de hoje, uma palhaçada que levou anos a preparar, são símbolo de uma importantissima vitória, da suposta liberdade e democraticidade do regime. Pela manhã, Silva Peneda, observador do PSD, desmentia a comissária europeia e garantia que as eleições corriam lindamente, a uma hora a que a maioria das urnas ainda estava longe de abrir! Ao longo do dia, foram surgindo, saídos de diversas tocas, comentadores de ocasião unidos na admiração e reconhecimento dos supostos méritos de dos Santos e do MPLA.
Este foi um dia em que deu para ter uma ideia mais clara do nível de influência que os corruptocratas do MPLA e o seu cabecilha têm em Portugal. Sabemos dos negócios da Sonangol com Amorim na Galp, sabemos dos mais diversos investimentos da familia dos Santos em sectores estratégicos da economia portuguesa. Adivinhavamos a influência que o dinheiro sujo angolano teria no panorama político português. O que eu nunca ousei prever, foi o desbragado branqueamento que se vem fazendo destes criminosos, a intoxicação da opinião pública com a distorção de uma realidade atroz, o despudor com que tantos inclassificaveis mascaram a farsa macabra que é o regime angolano.
Os que sobram da guerra sangrenta e hoje vejetam entre a miséria e o lixo, o povo oprimido e sem horizontes, os que passam fome e carregam doença, são pormenores de somenos para os que se fascinam com o brilho e o fausto da oligarquia mafiosa presidida por José Eduardo dos Santos.

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