domingo, 27 de julho de 2008

I amsterdam

Acabadinho de chegar de Amsterdão, fico atónito com a invernía do sul, comparada com a tropicalidade do norte. Tinha sido assim no início de Junho em Frankfurt, repetiu-se agora a cena para gáudio dos profetas das alterações climáticas. O calor do fim de semana ao norte sublinha o que Amsterdão tem de melhor: as pessoas.

Deixei há muitos anos o turismo papa-monumentos-e-museus. Estou-me borrifando se alguem se espanta por eu ter estado tantas vezes em Londres e continuar a recusar-me a gastar tempo com bonecos de cera, eu decido o que faço com o meu tempo. Para mim, as cidades são, essencialmente, sítios com gente; é a articulação das caracteristicas do sítio com o perfil das gentes que me faz querer voltar, ou não. Volto a Milão sempre obrigado, vou para Londres, Viena ou Amsterdão com asas nos pés!

Amsterdão é uma cidade linda, cheia de canais, de história mais contada por ruas e por casas do que por monumentos, de parques verdes e recantos românticos. Mas, acima de tudo, é uma cidade-centro-do-mundo, é um paraíso de liberdade e tolerância, é o paradigma da elegância informal, é a acessibilidade da cultura, a curiosidade do novo, a preservação do antigo, a efervescência das vanguardas. Ah, e as bicicletas, as magníficas bicicletas; acho que a Rolls e a Bentley as olham tentando transmitir aos seus clientes a versão motorizada da elegância da bicicletas de Amsterdão...

Pois é, uns dias por lá deixam-me assim. A P. juntou-se-me na recta final, a do descanso, e pedalamos muito, a sorver a cidade. No intrincado e fascinante Jordaan, com direito a café americano a olhar o Prinzengracht e os barcos que passam com amigos de copo de vinho feliz e, não raro, um cão divertido. No Vondel Park entre as famílias de pic-nic e os lazy sunbathers na relva. Na passagem acidental por uma rua onde centenas de gays bebem alegremente e nos olham sem réstea de heterofobia, até ao jantar no Luden e a expedição noturna ao Paradiso para aggiornamento das últimas tendências da música mais underground neste verdadeiro templo (sim, é mesmo numa antiga igreja) da música. Apanhar a bicicleta estacionada em frente e regressar a meio da noite para o hotel, rejuvenesce-nos uns bons anos.

I'll be back!

1 comentário:

Tá porreiro, pá! disse...

Caro RA, e nos canais também havia BACA's?