Recebi há pouco por e-mail um podcast enviado por um amigo meu. O meu amigo, patriota fervoroso, cioso das instituições nacionais, declarava-se entre o perplexo e o escandalizado com as declarações do Presidente da República sobre o 10 de Junho. Confesso que, apesar de me sentir portuguezíssimo e de me emocionar com o hino, tenho do 10 de Junho uma visão distante, mais próxima da Valsinha das Medalhas do Carlos Tê. Nevertheless, lá abri o podcast e ouvi o Presidente. Numa fuga desjeitada a uma pergunta incómoda, o Prof. Cavaco proferia agitado que no 10 de Junho só falaria sobre a "Raça", "o dia da Raça" (o tal da valsinha das medalhas?). Fui confirmar e, de facto, o dia continua a ser o de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Depois fiquei intrigado, não admitindo a possibilidade de o Presidente se referir aos Portugueses como raça, somos felizmente uma grande nação mistura e sintese de muitas raças, comecei a pensar noutras possibilidades.
A Feira Nacional de Agricultura decorre em Santarém e, aí sim, o anémico Portugal rural divide-se em raças, a arouquesa, a alentejana, o porco bísaro... Seria, pensando na desgraça do nosso solo arável, uma mensagem do Prof. Cavaco para a tal espécie de ministro Jaime Silva?
Seria uma tomada de posição em defesa da raça Rafeiro Alentejano, tipicamente portuguesa, em detrimento de raças agressivas como o Rottweiller ou o Pittbull?
Seria uma afirmação a favor do lince da Malcata?
Tudo coisas pertinentes e dignas da atenção presidencial, mas valeria a pena baralhar tudo e misturar com o 10 de Junho? Se fosse no 5 de Outubro, até eu aplaudiria, em data tão mesquinha toda a confusão aproveita.
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