Com o auto-contentamento de Sócrates, Lino & Pinho, os aplausos dos comentadores da praxe, fico perplexo com a apatía anestésica em que o país contempla o caos em curso. A qualidade de vida em frangalhos, a incapacidade de reacção do governo, o desmoronamento da autoridade do Estado, são sublimados pelos milagres de Scolari. Empurramos alegremente a camioneta que a Galp não pode abastecer de combustível carissimo, em falta por causa do bloqueio camionista. É a vida. À pergunta de notícias de um bom amigo a viver em terras bem mais simpáticas, só me apeteceu cantarolar (desafinar) o Chico Buarque dos idos de 70, tão actual por cá... sintomas?
Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão
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