segunda-feira, 16 de junho de 2008

Crónica Humorística

O Prof. Miguel Beleza dedica-se hoje á crónica humorística. Vejam bem:
«16-06-2008 24 Horas
A crise não está instalada
MIGUEL BELEZA
Não existe, claramente, uma crise na economia portuguesa.
O desemprego efectivo não ultrapassa os cinco por cento.
O emprego e o investimentos vão crescer até ao final deste ano.
O turismo teve um dos melhores anos de sempre.
Estamos a exportar serviços financeiros.
Exportamos móveis, têxteis.
Construímos auto-estradas e edifícios em todo o mundo.
O nosso sistema de pagamento por multibanco é um exemplo para muitos países.
Com espectáculos como o Rock in Rio, trazemos muitos estrangeiros ao nosso país.Fabricamos tabaco e exportamos para o mundo inteiro.
Fabricamos automóveis, vinho, cortiça, pão e bebidas de toda a espécie.
A crise não está instalada.
As pessoas têm medo porque só vêem o imediato e não se lembram da grande crise que tivemos no início dos anos 80. Mas também temos de ver tudo de bom que existe em Portugal.
Temos um dos melhores bancos do mundo, o BCP, que intervém nos negócios lá fora.
A agricultura é boa e a TAP está entre as melhores transportadoras aéreas do mundo.
É preciso pedir menos ajudas ao Estado, pois isso não leva a lado algum. É preciso trabalhar e produzir mais.
É altura de baixar os impostos. Cortar os subsídios que não servem para nada.
Só se deve pagar subsídios a quem mostra que tem uma doença ou que está a frequentar um curso de formação.
Quando uma pessoa deixa de ser desempregada e passa a trabalhadora, o mais provável é continuar numa situação precária. Começam por ganhar mal e ainda têm de pagar impostos. Estas pessoas é que deviam ser ajudadas.
À semelhança do que se faz noutros países, a gasolina deve ser cara, mas os automóveis deviam ser baratos.
As portagens só deviam existir à entrada das cidades.
Deviam descer o IRS e integrá-lo com o IRC.
Com uma taxa marginal única, as pessoas recebem mais se trabalharem, se produzirem.É preciso um Governo de coligação entre todos partidos democráticos.
Em dois anos iríamos retomar a vida normal.
Viva Portugal!
Viva o Porto!»
Como alguém muito bem comentou:
Apetece dizer que ainda exportaríamos mais vinho não fosse o excessivo consumo interno de alguns....
Hoje mesmo João César das Neves, bem mais perto da realidade, publica no Diário de Noticias:
«Portugal vive grave crise social. Toda a gente sabe isto. Os jornais repetem diariamente os contornos do drama, sucedem- -se manifestações e protestos, a oposição orienta nesse sentido as críticas crescentes. Ninguém tem dúvidas de que, em vez das prometidas recuperação e prosperidade, caímos em séria perturbação económica. (...)
Uma parte importante da população portuguesa, que tinha algumas posses e muitas ambições, acreditou nos discursos que os governantes andam a produzir há dez anos. Apostou na educação, comprou casa e carro, endividou-se ao banco. Depois veio o desemprego, doença, trabalho precário, prestações crescentes. Em vez de subir, caiu em grandes dificuldades. Normalmente ainda tem património, a casa hipotecada, carro velho, mas não sabe o que porá no prato esta noite. É uma pobreza envergonhada, desiludida, revoltada.
Este é o verdadeiro rosto da nossa crise social.
As políticas contra a pobreza não vão aliviar as dificuldades. Como os responsáveis, que criaram a situação, ainda não a perceberam, conceberão medidas complexas, mas ao lado dos sofrimentos. Alvoroçados, não pelo problema, mas pelo ataque político, proporão programas que calem os críticos, sem resolver o drama.»

1 comentário:

RA disse...

Pois é T., e não o ouviste no RCP no programa Freud & Maquiavel da última terça-feira, a dissertar com Carlos Magno e Amaral Dias... Para além da excentricidade absoluta da análise, da bizzarria das soluções propostas, o sr. acaba com o Eça e anuncia-se descendente directo do Pizarro espanhol! Fiquei com a certeza de que não quer ser ministro e que acha que o dispirate nunca deverá ser taxado.