domingo, 18 de maio de 2008

Senhora da Ministra da Educação acorde e ponha aqui os olhos


Karin Nilsson, directora-geral da Educação na Suécia, esteve na passada semana na Fundação Calouste Gulbenkian para falar sobre o modelo educativo do seu país, que permite aos pais escolher a escola dos filhos sem despesas acrescidas, e deu uma interessante entrevista publicada no Público este fim de semana.
Merecem destaque os seguintes excertos dessa entrevista:

«- Os pais têm liberdade para escolher a escola dos filhos?
KN - Sim, cada município tem as suas escolas, são as chamadas escolas municipais, são públicas. Há também escolas independentes, que são privadas, podem pertencer a um indivíduo, a uma empresa, a uma congregação religiosa ou a uma cooperativas de pais. Os pais têm um voucher por cada filho, ou seja, o Estado distribui um montante por cada aluno, igual para todas as escolas, que pode ser gasto numa escola independente ou numa municipal.
- O número de escolas independentes tem aumentado?
KN - Actualmente, 9% dos alunos da escolaridade obrigatória (do 1.º ao 9.º anos) e 17,4% do secundário frequentam escolas independentes. Estes números vão continuar a subir. Só este ano, a Direcção-Geral de Educação recebeu 560 novos pedidos. É na direcção que verificamos se o pedido obedece a todos os requisitos. Por exemplo, se tem viabilidade financeira, se tem um local para construir, qual é a pedagogia que segue...
(…)- Como é feito o financiamento das escolas municipais?
KN - Através de impostos directos e indirectos. Existem 290 autarquias e seis mil escolas. Os municípios financiam as suas actividades através dos impostos autárquicos (70 por cento), subsídios estatais (15 por cento) e outras fontes de rendimento (15 por cento). Há municípios ricos e outros pobres, por isso, o Estado procura fazer de Robin Hood e equilibrar as contas. Na verdade, existe comunicação entre os municípios e o Estado limita-se a estabelecer um equilíbrio. Isto significa que todos os municípios têm dinheiro para financiar o sistema educativo.- E muitos pais têm optado pelas independentes. Porquê?
KN - Temos assistido a um fenómeno que é novo. Na década de 1990, a Suécia decidiu descentralizar a educação, que estava concentrada no Estado e passou as escolas para os municípios. Esta mudança, possibilitou o surgimento das escolas independentes. Ou seja, abriu-se a possibilidade dos pais escolherem. Não digo que as escolas municipais não sejam boas, na generalidade são boas; mas os pais querem mais qualquer coisa e algumas das escolas independentes têm um perfil muito específico que atrai as famílias. Por exemplo, as escolas que ensinam só em língua inglesa são muito populares.
- Não obedecem a um currículo nacional?
KN - Sim, o currículo é igual para todas as escolas, assim como os programas para todas as disciplinas. Se queremos certificar os alunos, temos de seguir um currículo nacional. As escolas comprometem-se todas a seguir o currículo nacional. Um ano depois de uma escola nova começar a funcionar, a Inspecção-Geral de Educação vai para o terreno, ver se está a cumprir. A inspecção vai a todas as escolas. Até 2003, a inspecção era feita de seis em seis anos; com o novo Governo será mais forte e passará pelas escolas a cada três anos.
(…)
- Os resultados dos alunos diferem da pública para a privada?
KN - Temos verificado que as escolas independentes têm tido melhores resultados. É difícil explicar porquê. Ainda não começámos a analisar isso... Tudo isto ainda é muito novo na Suécia e não temos feito investigação sobre estas questões. »

Senhora da Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues acorde e ponha aqui os olhos e os ouvidos e atreva-se a inovar mais e melhor neste sentido. Atreva-se a preconizar e implementar o melhor.
Tenha a coragem de dar aos Pais portugueses a verdadeira liberdade de escolha da escola dos filhos, proporcionando-lhes a possibilidade de escolher a escola que considerem a melhor para os seus filhos (em vez de optar pela escola publica por falta de dinheiro para pagar a escola privada ) ……
Deixe os Pais escolher e tenha a ousadia de pôr à prova a qualidade das escolas públicas, e note que na Suécia a grande maioria dos alunos frequenta escolas publicas como se lê nesta entrevista …
Deixe as escolas privadas – de inspiração religiosa ou não – diferenciar a respectiva oferta de ensino, sem prejuízo dum único programa nacional, e obrigue as escolas publicas a melhorar, fruto da concorrência …..
E não deixe de medir os resultados dos alunos para saber se diferem da publica para a privada … tal como hoje já diferem no ranking das escolas, ou se virá a atenuar-se essa diferença pela necessidade da escola pública fazer muito mais e muito melhor em concorrrência directa e transparente…
Toda a entrevista de Karin Nilsson ao Publico aqui

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