quarta-feira, 9 de abril de 2008

O ESTADO E A IGREJA


Hoje, o programa Opinião Pública da SIC Notícias, esteve a debater a relação entre Estado e a Igreja. A pergunta que lançava aos telespectadores era a seguinte: “Deve haver maior separação entre estado e Igreja?” Fiquei atónita com esta questão pois estava convencida que a Constituição da República Portuguesa estabelecia claramente um regime de separação entre o Estado e as Igrejas. Constitucionalmente, Portugal é um Estado Laico. No entanto, não se deve confundir laicidade- Estado sem vínculos religiosos, sem uma religião oficial - com secularismo: interpretar e regular a vida prescindindo tanto de Deus como da religião.
Aparentemente, o que suscitou o debate público foram as recentes declarações do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga.
O Arcebispo de Braga deixou claro que “O Estado democrático não pode ser militantemente ateu” e que “ a Igreja nunca poderá prescindir de dar o seu contributo à edificação dum país mais justo”. Avisou , ainda, que “a intervenção na vida social é estruturante do cristianismo”.
Falou da existência de “uma singular contradição”: “Por um lado, verificamos a tolerância como base duma sociedade pluralista onde todas as posições culturais, ideológicas, éticas devem ser consideradas legítimas e igualmente dignas de consideração; por outro lado, presenciamos uma incrível exclusão da presença católica dos ambientes públicos e políticos quase que pretendendo refugiar-nos no simples âmbito privado.”
O que se verifica na nossa sociedade é a crescente imposição de uma Laicité intolerante e jacobina que pretende negar, não só qualquer relevância política e cultural da fé cristã, mas até a própria possibilidade de uma ética natural.
Quando a Igreja se dirige aos seus fiéis para lhes falar sobre questões doutrinais, sobre sexualidade, sobre dogmas ou pecados, todos se julgam no direito de opinar, de criticar e de atirar pedras. Contudo, se for a Igreja a emitir uma opinião sobre politicas injustas ou medidas legislativas moralmente ofensivas todos se insurgem porque a Igreja está a interferir em áreas que não lhe dizem respeito. Quem dirige o Estado, sob a capa de um inexistente Estado laico, tenta impor uma ideologia secular que não é mais do que uma atroz ditadura que não respeita a fé dos que os elegeram.
Se qualquer cidadão pode recusar-se a cumprir uma lei injusta ou imoral, porque é que os cristãos não podem manifestar a sua opinião sobre coisas da «res publica»: (coisa de todos, tudo aquilo que pertence à totalidade dos membros de um grupo social humano) se estas forem atentatórias da liberdade, da igualdade e da a dignidade humana?
Sobre esta ideologia secular, imposta pelo estado em nome do "pluralismo", vale a pena ler o que dizia o teólogo Henri De Lubac sobre as consequências nefastas que pode acarretar para o o processo democrático:”não é verdade, como por vezes se disse que o homem não pode organizar o mundo sem Deus. O que é verdade é que, sem Deus, ele só o pode organizar contra o homem.” O humanismo ateu é, inevitavelmente, um humanismo desumano, e o humanismo desumano não pode sustentar, alimentar nem defender o projecto democrático. Só o pode minar, ou atacar."

1 comentário:

Anónimo disse...

Meus Caros, é a maltosa do aventalinho em toda a sua pujança! Só a varapau!