quarta-feira, 9 de abril de 2008

A mulher de César


O suposto ou possível romance Câncio-Sócrates é dos assuntos mediáticamente bem geridos da actualidade portuguesa. É, no género agarra-me se não eu bato-lhe, um interessante exercício; os actores querem que se saiba (senão não se sabia!), mas não permitem que se saiba! Assim, toda a gente sabe e sabe que, supostamente, o casal não queria que se soubesse! É uma alternativa, bem elaborada, ao romance público Bruni-Sarkozi de que aqui já falei. Não preciso de dizer qual abordagem prefiro, sempre gostei de gente frontal, desempoeirada e corajosa.

Na arena pública estes dois actores actuam separados e em palcos alternativos. Enquanto Sócrates governa o país com mão de ferro (supostamente) e se guia por puro pragmatismo, Fernanda Câncio na imprensa advoga uma agenda fracturante, o caderno de encargos jacobino, dá o mote para que o governo, sem grandes custos orçamentais, possa satisfazer alguma esquerda e extrema-esquerda de tradição revolucionária, républicana e laica. Genial!

O que é comum aos dois é a irritante postura de superioridade moral e intelectual; mais do que esconder as suas evidentes fragilidades, revela uma arrogância e prepotência a que não estávamos habituados. Julgam tudo e todos de uma tribuna onde se pretendem intocáveis, de tal forma que não cuidam sequer as aparências. Concretizando, há sistemáticas queixas, indicações e sugestões sobre a ingerência do governo Sócrates na gestão da RTP, em particular na informação. Essa mesma RTP, através do seu segundo canal, e sabendo-se que há um quadro excedentário de jornalistas de grande qualidade na casa, contrata 10 programas de informação com quem? Com Fernanda Câncio!

Não vou discorrer sobre a aptidão da senhora para fazer problemas sobre bairros problemáticos, tema susceptível de manipulação ideológica, mas levanto uma legitima dúvida sobre a necessidade de a RTP contratar "fora" este tipo de programação. Pior, esta necessidade por provar, pode, em quem raciocine como a senhora Câncio, levantar todo o tipo de dúvidas, é ela própria que as legitima semana após semana nas páginas que escreve.

À mulher de César não basta ser séria... e à mulher de Sócrates???

2 comentários:

Anónimo disse...

Eh eh eh, você gosta mesmo da fulaninha! É aquela com cara de grão de bico e voz de cana rachada? Não me parece grande pistola! Abraço

Anónimo disse...

Será mesmo a mulher de Sócrates? Não sendo, não precisa de parecer séria!