domingo, 20 de abril de 2008

ERA UMA VEZ NA AMÉRICA...


O Papa Bento XVI iniciou, no passado dia 15 de Abril, a sua primeira visita oficial aos Estados Unidos da América (EUA), viagem ensombrada pelo escândalo da pedofilia. O escândalo de padres pedófilos nos Estados Unidos estalou em 2002, em Boston, trazendo a público o comportamento de sacerdotes que, ao longo de várias décadas, abusaram sexualmente de crianças e adolescentes. Este escândalo custou à Igreja, muito mais do que os 2 biliões pagos para ressarciar as vítimas; custou a confiança e o respeito, que o Papa espera restaurar.
Parece que a Igreja Católica tem a intenção de avançar com uma reforma das leis canónicas, para penalizar os prelados que abusem sexualmente de menores. Acho muito bem. Crimes tão hediondos devem ser punidos tanto pela lei civil como pela lei eclesiástica. Um padre que cometa tais crimes deixa de ter qualquer autoridade moral ou religiosa para continuar a exercer a sua profissão.
Na terça-feira passada, Bento XVI admitiu a "vergonha" que sentia pelo escândalo e garantiu que a Igreja Católica "fará todo o possível" para sarar as feridas causadas nas vítimas desses crimes.
Como Papa, o actual líder católico adoptou uma postura mais rígida a respeito dos abusos do que o seu antecessor,o Papa João Paulo II, que já estava envelhecido e fragilizado quando os escândalos estouraram.

Diz-se que Bento XVI nutre muita admiração pelo povo americano, que começou no pós II Guerra Mundial, pelo facto dos EUA terem adoptado uma politica de reconciliação e de perdão relativamente à Alemanha , em vez de uma política de vingança, defendida por Estaline. O que também é admirável neste povo é que, seja qual for a religião que professa, Deus está na sua boca e no seu coração, sem vergonhas ou pruridos porque Ele , simplesmente, faz parte das suas vidas. Senti esta especial ligação a Deus, logo na primeira hora em que pisei solo norte- americano. Ainda hoje, quando relembro esse episódio, fico emocionada.

A visita papal teve um sucesso sem precedentes: “O Papa tocou o coração dos americanos e suscitou uma resposta de estima e de entusiasmo”. Vários factores contribuíram para este sucesso, a começar pelo pedido de desculpas a todas as vítimas de pedofilia e o facto de ter recebido privadamente algumas delas.
O Pe. Frederico Lombardi apontou que “o Papa «apanhou o espírito» da América”, referindo a cultura do país que nasce “da procura pela liberdade, que nasce da procura de uma construção de uma comunidade de homens livres, onde cada um pode dar o melhor de si, segundo as convicções religiosas”.
Apesar de, inicialmente, o Papa ser conotado com a ala mais ortodoxa da Igreja, durante a viagem esta imagem foi-se dissipando. O Papa consegui chegar a toda a Igreja, a todo o homem e mulher, em toda a sua complexidade.
Mas, o que se afigura como mais impressionante, é que este Papa não se impõe pela sua imagem ou pela sua telegenia; é a beleza e a profundidade das suas palavras que entra no coração dos homens.
“It’s already a cliché in Rome that the crowds came to see John Paul but they come to hear Benedict”.
O Papa percebeu que a América é um país religioso. Enquanto na Europa há um número crescente de "cristãos de Café"- aqueles que escolhem dentro de um menu de opcões doutrinais e morais e que acreditam que a religião deve ser essencialmente uma espécie de validação divina para o seu estilo de vida, em vez de sacrificio e compromisso- a América continua muito receptiva aos principios religiosos e doutrinais defendidos pela Igreja. Os americanos preferem uma única verdade a um caos moral. Infelizmente, os europeus optaram pela última. É por estas e por outras razões que eu continuo a dizer que os EUA são uma grande Nação. Só diz o contrário, quem não conhece a nação americana.

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