terça-feira, 25 de março de 2008

O PÃO NOSSO DE CADA DIA


No mundo dito rico, o pão é um alimento quase banal que é olhado, frequentemente, como um inimigo da silhueta. No entanto, para muitas pessoas, pelo mundo fora, o pão é uma questão de sobrevivência.

Teologicamente falando: apesar de se referir que "nem só de pão vive o homem", pede-se "o pão nosso de cada dia nos dai hoje". Hoje, o PAM ( Programa Alimentar Mundial, da ONU) veio pedir uma ajuda extraordinário com o objectivo de comprar alimentos para satisfazer as necessidades humanitárias urgentes. Só este ano, o PAM tenciona alimentar 73 milhões de pessoas, incluindo nada menos do que três milhões por dia no Darfur. Mas, para o fazer, precisa de mais 500 milhões dólares, só para cobrir a subida dos preços dos bens alimentares.

Nos últimos tempos, o preço dos alimentos de base - trigo, milho, arroz - atingiu níveis sem precedentes, tendo chegado a aumentar 50%. As reservas alimentares mundiais encontram-se nos níveis mais baixos de sempre. Esta situação, criou um novo rosto da fome, que afecta cada vez mais comunidades que antes estavam protegidas dela. E, como é inevitável, são os mil milhões mais carenciados, aqueles que vivem com um dólar ou menos por dia, os mais duramente afectados.

Quais são as causas do aumento dos preços dos produtos alimentares?

As causas vão desde o aumento da procura em grandes economias, como a Índia e a China, a fenómenos ligados às alterações climáticas, como furacões, cheias e secas que destruíram colheitas em muitas partes do mundo. Também os elevados preços do petróleo aumentaram o custo do transporte dos produtos alimentares. Mas, ironia das ironias, num mundo cada vez mais preocupado com o aquecimento global, o uso crescente de produtos alimentares para a produção de biocombustíveis veio reduzir a quantidade de alimentos disponíveis para os seres humanos.

Os efeitos sentem-se por todo o lado: nós, sentimos-mo-los na diminuição do nosso poder de compra, mas outros sentem-nos de forma mais profunda. No Cairo, pelo menos quatro pessoas morreram em conflitos provocados pela falta de pão, que tem originado enormes filas e revoltas populares junto às padarias da capital do Egipto. A escassez de pão teve início há cerca de um ano, quando disparou o preço dos cereais no mercado mundial.

Esta situação é um desafio para governantes de todo o mundo. Se o preço dos alimentos continuar a subir, poderemos estar perante uma tragédia humanitária de porporções inimagináveis.

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