sábado, 2 de fevereiro de 2008

RECORDAR A ULTIMA RAINHA DE PORTUGAL


"Sempre gostara muito de Sintra! Logo ao entrar, os arvoredos escuros e murmurosos do Ramalhão lhe davam uma melancolia feliz!"
Eça de Queiroz in "O Primo Basílio"



Maria Amélia Luísa Helena de Orleães nasceu princesa de França e foi a última Rainha de Portugal.
Enquanto Rainha de Portugal, D. Amélia demonstrou atenção e empenho para com a cultura portuguesa e causas sociais de apoio aos desfavorecidos: foi fundadora do Instituto de Socorros a Náufragos (1892), do Museu dos Coches Reais, hoje Museu Nacional dos Coches (1905) e da Assistência Nacional aos Tuberculosos.
A Rainha D. Amélia sofreu um profundo desgosto com as mortes do filho D. Luís Filipe e do marido Rei D. Carlos, vítimas do regicídio de 1 de Fevereiro de 1908. Corajosa, levantara-se na carragem para fustigar o assassino com a unica coisa que tinha á mão - flores, e assim tentar proteger a sua familia, enquanto todos fugiam em volta.
A partir de então, refugiou-se no Palácio Nacional da Pena, continuando, no entanto, a acompanhar e a apoiar o jovem Rei D. Manuel II, seu filho mais novo. Era em Sintra que D. Amélia se encontrava quando se deu a revolução de 5 Outubro de 1910 e a consequente implantação da república.
Seguiu para o exílio em Londres com D. Manuel II e, após o casamento de D. Manuel II, mudou-se para Versalhes, perto de Paris.
Sofreu um novo desgosto em 1932 com a morte prematura de D. Manuel, último Rei legítimo de Portugal.
D. Amélia vivia em França quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial. Nessa altura, o governo de Salazar ofereceu-lhe asilo político, o que não foi aceite. Então o Estado Português declarou território nacional o castelo que habitava D. Amélia, erguendo a bandeira de Portugal à entrada e transformando-o assim em território neutro e intocável numa França ocupada.No fim de guerra, Salazar convida D. Amélia a vir a Portugal.
O regresso da última Rainha portuguesa a terras lusas deu-se a 8 de Junho de 1945, após o fim da guerra. Esta emocionante jornada, levou a Rainha a Fátima, ao Palácio da Pena e a todos os lugares a que estava emocionalmente ligada, com a excepção de Vila Viçosa, onde não foi capaz de regressar.
No dia imediato ao do seu regresso a França uma nota oficiosa da Presidência do Conselho tornava público que a excelsa Senhora entregara ao provedor da Misericórdia um donativo de 200 contos para serem aplicados em benefício dos pobres, e ao Chefe do Governo um cheque de 500 contos para o fim que a este aprovesse.
Essa mesma nota acrescentava;
"Atendendo a que a obra antituberculosa merece sempre o maior desvelo à Senhora Dona Amélia, fundadora e protectora da Assistência Nacional aos Tuberculosos, e considerando que se encontra em construçäo no Porto o sanatório de D. Manuel II, o Presidente do Conselho entende que será condigna aplicaçäo da referia importância o custeio naquele sanatório de um dos pavilhöes a construir, a que por gratidäo se dará o nome da Rainha, por esta forma associado na mesma instituição ao do seu filho."
D.Amélia faleceu em Outubro de 1951 em Versalhes. Foi transladada para junto do marido e dos filhos, no panteão real dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa. Nunca esqueceu nem deixou de amar Portugal, e no seu testamento legou a D. Duarte os seus bens aqui situados.

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto é cultura, da que querem apagar... Obrigado T!