terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

No country for old men...


O mundo em que vivemos não se compadece com os velhos. Estes são esquecidos, são maltratados e olhados como um fardo pela sociedade. Não há tempo para olhar para trás, só olhamos em frente, só vemos o futuro, como se o nosso futuro não fosse o resultado do nosso passado. Quando olhamos para um idoso, vemos que não somos deuses; apercebemo-nos da nossa finitude; encaramos a inevitabilidade da morte. É por isso que fugimos, que os deixamos morrer, esquecidos, sem amor.
O Papa Bento XVI, contrariando os valores presentes na nossa sociedade veio, mais uma vez, condenar todas as formas de eutanásia directa e, numa atitude politicamente corajosa, veio defender que a sociedade tem de apoiar as famílias dos doentes terminais. "No domínio da regulamentação do trabalho, reconhecemos habitualmente os direitos específicos das famílias no momento do nascimento", afirmou. "Da mesma forma, direitos semelhantes devem ser reconhecidos aos parentes próximos no momento da doença em fase terminal do seu próximo." Quem não gostaria, na fase terminal da sua vida, de ter ao seu lado um ente querido? Aliviava-se o sofrimento do doente e o dos seus familiares. O doente teria verdadeiramente uma «boa morte», porque rodeado de amor.
Mas, hoje em dia, a “solução final”, apresentada aos idosos não é esta, mas sim, o abandono, o esquecimento, e, quando o fardo é insuportável: a eutanásia. Se bem que a eutanásia activa ainda não seja legal no nosso país, existem, no entanto muitas formas de eutanásia passiva (o “deixar morrer”).
Acredito que a vida tem dignidade desde o primeiro momento da sua concepção.
Acredito que a vida é um contínuo, por isso, é-se pessoa desde o primeiro momento.
Acredito que não se tem mais ou menos dignidade, conforme a idade, a condição física ou social.
Refuto a definição de pessoa em função da sua capacidade de tomar opções livres ou em função da sua produtividade.
A dignidade da pessoa não se pode graduar, medir ou quantificar.
Em suma, é pela forma como cuidamos dos nossos idosos que se avalia o progresso ou a decadência de uma civilização.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os custos financeiros seriam altos mas as vantagens sociais valeriam a pena. Concordo mas não me acredito.