quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Desconcertação Social


Há já uns dias que esta brincadeira de carnaval do sr. van Zeller não me sai da cabeça. Sempre defendi que a sociedade portuguesa precisava de sindicatos genuinos e independentes dos interesses partidários e que deveria haver um patronato sério, organizado, capaz de alavancar o país rumo ao progresso. Os sindicatos são o que se vê e o patronato organizado não representa os garndes empresários que ainda resistem e teriam algo para dar ao país. Com este governo pelo meio, a concertação social é uma vergonha. Quem paga é o povo. De novo e sempre.

Não resisto a falar de um caso que vivo todos os dias. Uma PME de excelência, com todas as certificações possiveis, vencedora de prémios, a melhor do país no seu ramo de actividade. Ali as pessoas são isso mesmo, pessoas. Recebem vários tipos de "condecoração" á medida que o seu tempo na empresa vai passando; quarenta anos de dedicação à empresa são vistos com respeito e festejados por todos. Resulta que os mais velhos estão abertos á novidade e os mais novos respeitam a experiência. Resulta que é natural o comprometimento colectivo com o interesse da empresa porque é adquirido que a administração da empresa também "cuida dos seus". Não por acaso, a produtividade da empresa é exemplar, ao nível da dos países mais desenvolvidos mundo. Os trabalhadores são, na sua esmagadora maioria, portugueses. Provávelmente, a última das preocupações dos administradores desta empresa é a agilização do desemprego; é natural, têm outras prioridades como gerir bem e criar riqueza. Os impostos devidos são pagos, a lei é cumprida, a contabilidade reflete o sucesso que se consolida ano após ano.

Olhando para este caso concreto, que bem conheço, e para outros, do sector automóvel aos moldes, fico perplexo e angustiado quando deparo com o grupelho de patrões que, á falta de saber fazer melhor, propõe o emprego descartável como meio de salvação das empresas. Resumindo, a troupe do sr. van Zeller pensa que resolve o problema espremendo o trabalho dos jovens e atirando para o estado e a segurança social aqueles que, espremidos e esgotados, poderão ser substituidos por novos trabalhadores num ciclo repetitivo de consumo optimizado de mão de obra!

É este neo-liberalismo despersonalizado que não suporto; que uma direita estupidificada apascenta e que uma esquerda desactualizada e autista legitima. Urge edificar um tempo de mudança, centrado no humanismo e na solidariedade como contrapartida da responsabilidade e compromissos mútuos. Não é dificil e as receitas de verdadeiro sucesso passam por aí. Sou um democrata-cristão optimista e não me rendo.

Já agora, o sr. van Zeller e sus muxaxos não estarão em idade de ser substituidos por gente mais jovem e, sobretudo, mais capaz????

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem dito. É isso mesmo.