sexta-feira, 5 de março de 2010

Um homem sério


Este ano de profunda crise trouxe-nos um lote de filmes excelentes a merecerem repetidas idas ao cinema. Comecei a temporada com o épico Invictus, seguiu-se a obra-prima Single Man de que a Ruah já aqui falou, depois veio o novo Allen de que falarei em post dedicado e, por fim, hoje foi a vez de Um homem sério.
Um homem sério, última obra dos irmãos Coen, é uma peça curiosa e intrigante. É uma viagem ao mundo claustrofóbico do judaismo militante.
Ao jeito do Sentido da vida dos Monty Python, o filme começa com uma curtissima metragem aparentemente desgarrada da fita próprimante dita. Serão antepassados judeus polacos de Larry Gopnik a inaugurar a maldição que se perpetuará por gerações até Larry? Talvez. Aqui, como ao longo do filme, há mais perguntas que respostas.
Larry Gopnik é visivelmente a versão actualizada de Job. Deus nada lhe explica, esconde-lhe qualquer vislumbre de compreensão, de esperança e, aparentemente, alheia-se da torrente de acontecimentos que fustigam Larry, um homem sério que colecciona frustrações, provações e tentações com cansaço mas estóico.
O humor negro dos Coen atravessa todo o filme, o personagem Sy é particularmente bem sucedido.
Para além disto, o filme permite-nos um insight inédito do judaísmo. Nunca ninguem se atrevera a tanto, nem tão declaradamente. Neste capítulo deixa as caricaturas de Woody Allen a milhas.
Por fim, os Coen pegaram num grupo de actores desconhecidos e conseguiram grandes personagens, excelentes desempenhos. Não é pouco.
Não é o melhor filme dos Coen; não será um dos filmes da minha vida.
Vale a pena ir ver o filme?
Obviamente que sim!

Sem comentários: