terça-feira, 20 de outubro de 2009

Saramogo


A partir de Penafiel, onde decorreu domingo o lançamento mundial do seu livro, o Nobel da Literatura de 1998 referiu-se à Bíblia como "um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana". O Corão "é a mesma coisa", segundo o escritor: "Imaginar que Corão e a Bíblia são de inspiração divina? Francamente! Como? Que canal de comunicação tinham Maomé ou os redactores da Bíblia com Deus, que lhes dizia ao ouvido o que deviam escrever? É absurdo. Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos."
O demagogo Saramago, ou Saramogo, emerge periodicamente de Lanzarote para vociferar a sua existência para, sem olhar a meios, evitar o expectável olvido dos mediocres.
Misturadas com as relevantes notícias dos grandes da nossa cultura, como Paula Rego ou Eduardo Lourenço, surgem a espaços as lamentáveis atoardas de Saramogo.
As ofensas rasteiras a todos os crentes não são sequer novas ou originais, são um sinal da confragedora pobreza de ideias originais para este tipo de golpe publicitário barato. Antes foi o ataque a Portugal com a defesa da sua anexação por Espanha, e antes deste muitos outros disparates e ofensas que alguns tendem a aceitar ou desculpar à sombra de um Nobel imerecido.
Com alguns livros formalmente bem elaborados, o censor do PREC alcandorou-se á categoria de intocável, ao olimpo dos grandes criadores a quem tudo se permite.
Não é assim. Saramogo é mais uma anedota de mau gosto, uma voz ranhosante, um provocador barato, um homem que luta por uma, tão desfocada quanto inflacionada, ideia de si próprio. De quando em quando, tem de gritar alarvidades para se fazer lembrar, para iludir a sua irrelevância.

Pénible...

2 comentários:

senhor zebedeu disse...

o homem queria tempo de antena. teve-o. ponto final. estar a falar deste tipo ou da maitê proença é fazer propaganda a coisa nenhuma...

Alírio Camposana disse...

Também não percebo qual é a superioridade de valores dos "crentes" quando encarnam a postura de modernos inquisidores.

Crenças à parte e de um ponto de vista estritamente objectivo,há escritos na Bíblia que caracterizam um Deus com essas particularidades humanas, menos boas, que Saramago detecta.

Os padres dirão que "não se deve levar à letra" e têm razão. Mas que há laivos de vingança, medo e até um pouco de sadismo na divindade, lá isso há.

Os Evangelhos do Novo Testamento são relatos de boatos, ideias, mitos, concepções de valores que passaram de copistas para copistas, ao longo de séculos, de ideias profundamente influenciadas pela civilização grega, por exemplo. Aliás, o cristianismo bebe profundamente nas concepções gregas de um mundo sensível e de um mundo inteligível, a começar pela própria palavra Kristos.

Observemos os Evangelhos apócrifos, entre os quais o de Tomé que, por acaso é bem interessante, e perceberemos que a Igreja (homens) escolheu os mais convenientes. A Igreja Católica Apostólica Romana (herdeira do Império Romano) sempre teve o hábito de criar normas e atribuir-lhes uma origem divina. Lembremo-nos dos mais recentes "novos pecados" de Ratzinger! Será que foi Deus que lhe telefonou?

Os estudiosos das religiões saberão explicar muito melhor estas "humanizações" das divindades.

Quanto a Saramago, julgo que ele é livre de escrever o que quiser, assim como os leitores são livres de o lerem ou não.

Cumprimentos.

avc