domingo, 19 de julho de 2009

Retratos de Lisboa I


Três jovens esburacados por piercings diversos, de regresso de uma qualquer sala de cinema, descem a Av. da Liberdade. Os rapazes iguais a tantos outros alternativos, a rapariga sublinhava o piercing do sobrolho com uns maravilhosos olhos cor de água.

- Reparaste que havia muito de Jacques Tati no filme?
- Talvez de Play Time, tens razão.
- Talvez, mas eu vi muito do Roma, não acham?
- É, tinha algo de Fellini.
- Mas há fortes contradições no desenrolar da acção no espaço público.
- Uma coisa é filmar o público, outra é o domínio do privado.
- O Fellini é dos raros que dominava bem os dois...

Não percebi qual era o filme, nem o que possa unir Tati a Fellini, nem Play Time a Roma, para alem duma profunda ironia sobre o real, mas em estilos profundamente diferentes.
Não interessa, a discussão era apaixonada, o fim de tarde estava quente; num balcão quase para a rua, três espanholas glamorosas pediam 3 ginginhas com elas.

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