quarta-feira, 15 de julho de 2009

Desabafos...

Fundo do mar

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I
Caminho

1 comentário:

Jorge Greno disse...

não se deve ir para esses sítios sem levar uma garrafita de oxigénio e um colete insuflável para nos ajudar a emergir e a afastar os monstros