Pedimos desculpa vezes demais. Há, aliás, o extraordinário tique português do “desculpem qualquer coisinha”. O “qualquer coisinha” não se aplica ao sorry, ao pardon, ao perdona, ao entschuldigung; estes termos são aplicados pelos povos que os usam sempre que há motivo, raramente sem causa, nunca sucedidos de um pífio “qualquer coisinha”.
Isto tem a ver com o nosso défice crónico de auto-estima, com a nossa humildadezinha.
É impensável imaginar um nórdico a começar um discurso pedindo desculpa pelo tempo que vai roubar aos ouvintes e acabar o discurso pedindo desculpa por qualquer coisa, cá em Portugal já assisti a vários assim. O problema é que nós desculpamos e, frequentemente, o discursante bem deve as desculpas; pois não tinha nada de interessante a dizer. O problema é que a culpa está em toda a parte, logo a desculpa impõe-se por tudo e por nada. São desajustamentos crónicos de atitude.
O utilizador intensivo do “desculpem qualquer coisinha” vive mal consigo e com o seu corpo, sentimo-lo como um corpo estranho e incómodo que se nos impôs por um periodo de tempo, melgou denodadamente, ocupou o nosso espaço, não nos trouxe nada de novo e no fim lá se afastou com as desculpas a sublinhar a consciência da sua impertinência. Quando se curvam ou baixam os olhos é pior ainda, imaginamos-lhes um chapéu amarrotado nervosamente nas mãos suadas.
Salazar gostava muito desta atitude geral e há quem continue a gostar, dá uma ideia de poder fácil ao desculpante, cheira a naftalina, xailes negros e gente ordeira; é o que resta de muitos anos de virtuosa pobreza, de medo e humildade forçada.
Pior que isto, só os que nos importunam sem interesse, com excesso de autoconfiança, roubam o nosso tempo, ocupam o nosso espaço e nem nos pedem desculpa no fim!
Isto tem a ver com o nosso défice crónico de auto-estima, com a nossa humildadezinha.
É impensável imaginar um nórdico a começar um discurso pedindo desculpa pelo tempo que vai roubar aos ouvintes e acabar o discurso pedindo desculpa por qualquer coisa, cá em Portugal já assisti a vários assim. O problema é que nós desculpamos e, frequentemente, o discursante bem deve as desculpas; pois não tinha nada de interessante a dizer. O problema é que a culpa está em toda a parte, logo a desculpa impõe-se por tudo e por nada. São desajustamentos crónicos de atitude.
O utilizador intensivo do “desculpem qualquer coisinha” vive mal consigo e com o seu corpo, sentimo-lo como um corpo estranho e incómodo que se nos impôs por um periodo de tempo, melgou denodadamente, ocupou o nosso espaço, não nos trouxe nada de novo e no fim lá se afastou com as desculpas a sublinhar a consciência da sua impertinência. Quando se curvam ou baixam os olhos é pior ainda, imaginamos-lhes um chapéu amarrotado nervosamente nas mãos suadas.
Salazar gostava muito desta atitude geral e há quem continue a gostar, dá uma ideia de poder fácil ao desculpante, cheira a naftalina, xailes negros e gente ordeira; é o que resta de muitos anos de virtuosa pobreza, de medo e humildade forçada.
Pior que isto, só os que nos importunam sem interesse, com excesso de autoconfiança, roubam o nosso tempo, ocupam o nosso espaço e nem nos pedem desculpa no fim!
Sem comentários:
Enviar um comentário