De todos os bens postos à nossa disposição desde a criação, o tempo é seguramente o mais valioso e, simultâneamente, o mais desvalorizado. Em tese, todos sabemos disto. Na prática, damo-nos frequentemente ao disparate de perder tempo.
Adiamos o telefonema ao amigo distante, esquecemos os livros que queremos ler, ignoramos os filmes que seriam os da nossa vida, inventamos pretextos tontos para deixarmos de estar com os que mais queremos.
Amanhã, para a semana, no próximo ano irei certamente. Agora, hoje, este mês, neste ano há impedimentos com o grau de importância do comodismo, da tarefa mecânica, do não me apetece muito. Esquecemos que a vida passa e o tempo foge. Parece que não entendemos que, mais importante que um novo canudo ou a miragem de uma promoção, é tirarmos tempo para ver crescer os nossos filhos e crescermos com eles, é aproveitarmos a vida que ainda podemos partilhar com os nossos pais, é o valor incalculável duma boa conversa e duma gargalhada franca com um amigo.
Não esqueçamos que o tempo está aí, mas não é nosso; podemos usá-lo agora, ou nunca. É irrepetível; do que dele fizermos, se escreverá um dia a nossa história.
Tenho dado por mim a acordar agora mais cedo, cumpro o ritual de ver o mar ao início da minha manhã, lembro-me de algumas palavras sábias, frequentemente do bom amigo Frei Bernardo, e parto para agarrar o dia. O dia que tem o mesmo tempo para todos, ricos e pobres, saudáveis e doentes. Poderia lá eu desperdiçar esta oportunidade?
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