Estive mesmo para não ir. Entre o trabalho e outros compromissos, o tempo escasseava e só a compreensão e simpatia de um amigo me libertaram sem maiores pesos de consciência. Dois bilhetes no bolso, lá fomos, eu e a P., em cima da hora e sem jantar. Ainda bem!
Anthony deu um dos melhores concertos a que assisti. O génio transgender arrebatou o Coliseu que, rebentava pelas costuras, esgotado dias antes. Provocador, estabeleceu uma linha de diálogo directo com a assistência que passou pela politica, religião e, inevitávelmente, o sexo. A conversa era próxima, fluida e naturalmente inteligente. Algum desencanto com Obama, o ambiente, as novas fronteiras, num discurso fluido a lembrar uma aula participada da USC ou da UCLA.
A música é a que conhecemos, mas ao vivo a voz de Anthony supera as expectativas mais entusiastas. Temas como Fell in love with a dead boy, Hope there's someone, Epilepsy is dancing, foram magistrais e arrepiantes.
Os The Johnsons estão lá para Anthony brilhar, contudo, a perfeição na execução, o rigor estético, a elegância dos violinos, do violoncelo, da guitarra; a contenção da bateria; a harmonia dos metais... UAU!
O público, esmagadoramente conhecedor, esteve mais pendente para o cosmopolitismo hetero do que para a receada parada gay.
Foi assim, Anthony perturbante e transgressor, homem a caminho de mulher, corpo gigante e desajeitado, gesto desencontrado, cérebro brilhante e voz sublime. Incomoda? Certamente! Baralha? Sem dúvida! So did Oscar Wilde... So did Mr. Wilde...
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