sexta-feira, 3 de abril de 2009

Dedicatória...

" As vezes vejo-o à distância, na rua comprida e estreita onde moro. Anda ao longo das paredes dos edificios, para ter um apoio, caso tropece. O andar é desengonçadao e, em vez de obedecer aos comandos do corpo, parece aproveitar o seu peso, deixando-o descair, às vezes, para a frente com acelarações súbitas..
Quem o vê pela primeira vez...pára e vira-se a olhar para ele. Ele apercebe-se e eu tenho a impressão que continua a andar com uma careta de sofrimento... também faço uma careta de sofrimento, e é isso que nos une, à distância.
Outras vezes experimentei fechar os olhos por um instante. Quem é aquele rapaz que anda cambaleando ao longo dos muros?
Vejo-o pela primeira vez, é um DEFICIENTE! Penso naquilo que teria sido a minha vida sem ele... NÃO!... Não consigo. Podemos imaginar muitas vidas, mas nunca desistir da nossa.

"A NORMALIDADE -submetida a análise- revela falhas, rachas, deficiências, atrasos funcionais, intermitências, anomalias...Quando Einstein, à pergunta do passaporte, responde: "Raça Humana", não ignora as diferenças, omite-as num horizonte mais amplo, que as inclui e as supera. É essa a paisagem que temos de abrir: tanto para que faz da diferença uma discriminação, como para quem, para evitar a discriminação, nega a diferença."
(Giuseppe Pontigia, Nascidos duas vezes)

Dedicado a todos os pais de pessoas com Autismo.

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