quarta-feira, 11 de março de 2009

Os nossos novos amigos


Foi-nos instilada desde tenra idade a amizade com a Grã-Bretanha, nossos mais antigos aliados, nação amiga e confiável. Depois veio o caso Maddie, a descida da libra e o caso Freeport, que ameaça arruinar em definitvo esta tão longa amizade.
Com a França havia o laço fortíssimo da maior fatia dos nossos emigrantes e havia um enlevo cultural e político, principalmente da esquerda.
Os americanos eram bons clientes, aliados fiáveis; para os atlantistas, onde me incluo, são o nosso vizinho, o nosso parceiro preferêncial, como caução de independência e dimensão numa Europa de tantos.
Sem ignorar as particularidades normais do relacionamento entre estados e do xadrez político internacional, podiamos dizer que andávamos com boas companhias.
De alguns anos a esta parte, com um contributo decisivo de Sócrates, onde está Portugal?
Afastado dos tradicionais parceiros europeus, pisca o olho sem resposta a Espanha, inimigo de longa data.
Cada vez mais irrelevante para os americanos, elege como melhor amigo no continente o tiranete Chavez.
Em vez de procurar activamente mercados diversificados em África, candidata-se a ponto de chegada dos dinheiros angolanos, como parceiro menor e submisso do cleptocrata dos Santos. É confrangedora a disputa entre Cavaco e Sócrates quanto aos afetos do déspota de Luanda.
No próximo fim de semana, Severiano Teixeira estará na Líbia a intensificar as relações e cooperação entre os dois países.
O dever do governo é procurar as parcerias mais vantajosas de forma pragmática; mais relevante que os bons pricípios, são os bons negócios. Não tenho ilusões, muito menos hipocrisia, quanto a esta realidade. Mas, para além dos negócios, há a política externa, a diplomacia e, acima de tudo, a soberania e a respeitabilidade internacional. Lembro aqui a França que sempre negociou com os maiores facínoras do mundo, mas na maior discrição, dando a maior atenção aos seus aliados políticos tradicionais.
Portugal, manifestamente, afastou-se de Brown, de Sarkozi e de Obama para caír nos braços de Chavez, de José Eduardo dos Santos e de Khadafi. Os nossos dirigentes sentir-se-ão bem assim; eu não.

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