segunda-feira, 16 de março de 2009

O Príncipe Verde


Não tem tido o mediatismo, nem o impacto na opinião pública, de Al Gore. Compreende-se, Al Gore é um showman que a esquerda assumiu como seu, Carlos é o herdeiro do trono britânico: a esquerda não transige nestas coisas. Curiosamente, vistas as coisas sem preconceitos, a orientação política e social de Carlos é manifestamente mais à esquerda do que Al Gore algum dia esteve, ou estará.
Enquanto Diana geria a sua carreira nos tabloides e Al Gore sonhava com o Air Force One, já o Príncipe Carlos falava de dois temas centrais na sua acção pública: o desenvovimento sustentado e a preservação e aggionamento das tradições ao nível da arquitetura, artes, artesanato, etc.. Lembro-me perfeitamente de ouvir comentários pouco abonatórios quando há muitos anos o Príncipe introduzia o ambiente como tema central nas agendas das suas visitas pelo mundo. Os seus projectos de agricultura biológica eram olhados com desdém, e as suas previsões pessimistas como uma bizzarria.
O tempo encarregou-se de lhe dar razão e, irónicamente, o recém chegado Al Gore veio confirmar que Carlos não é um radical, tipo greenpeace em traje de Saville Row.
O Príncipe encontra-se num périplo pela América Latina, com ida às Galápagos incluida, numa evocação de Darwin e com uma mensagem muito concreta a todos os chefes de estado com quem se tem encontrado. 100 meses, é o prazo que Carlos aponta como o limite antes da irreversibilidade total.
Carlos não poupa nos tons do quadro e adverte para a catástrofe social que os efeitos do aquecimento global acarretarão. As grandes migrações provocadas pela fome, pela seca nuns lados e pelas cheias noutros, a redução drástica de área útil do planeta, os recursos cada vez mais limitados e a sua distribuição. A previsão é aterradora e nada a desmente.
Do que tenho lido na imprensa da região, o Príncipe provocou uma "onda positiva" e coleccionou promessas e compromissos. Excepção feita, pela negativa, ao presidente do Equador que não o quis receber no seu dia de descanso...

100 meses! É melhor começarem a deixar de ver o Príncipe como um extravagante, amanhã faltará menos um dia.

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