A noite de hoje adivinhava primavera, o ar fluia sem nos cortar a cara, o movimento da avenida denunciava os anseios anónimos de melhores dias.
Nestes passeios noturnos hesito sempre entre o iPod e o barulho das ondas. Em particular, a seguir ao Homem do Leme, a pequena baía de seixos roliços e soltos acolhe o desfazer das ondas com uma sonoridade inimitável. Ao largo, os barcos que buscam Leixões, compõem o quadro sob a guarda da lua. Ia jurar que a par do barulho do mar, me acompanhou sempre o "Gracias a la vida", Violeta Parra, tão discreta e tão presente como a lua...
E, a pensar na vida, como sempre nestas alturas, dei por mim contente, não tanto com o que já aprendi, mas com o que estou disposto a aprender. Vieram-me á cabeça as vezes que me vi posto em causa e em que felizmente consegui ver novos caminhos. Lembrei-me de Virgilio Ferreira quando dizia que a verdade é um erro á espera de vez.
Dei graças a Deus por me ter sempre afastado das certezas absolutas quanto às minhas certezas.
1 comentário:
Também eu costumava andar nessa zona nos anos 80. Como não havia Ipod só se ouvia o mar.
Bons tempos em que apanhava o 18 da 1 da manhã para a Boavista.
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