domingo, 1 de fevereiro de 2009

Obrigado!


Para mim, a ida á missa das sete da tarde em Cristo-Rei é normalmente um mau indicador do Domingo. Normalmente, é sinal que desbaratei a manhã; hoje não foi o caso, fiquei a ouvir a entrevista do meio-dia do RCP ao Luis Nobre Guedes e valeu a pena. A seguir, a missa da uma foi preterida pelo almoço-CDS (Casa Da Sogra). Por fim, há que desleixar a saída de casa, bem perto das sete, desistir de ir aos Jesuitas, um pouco mais distantes, e lá acabamos em Cristo-Rei.
Somos assiduos da paróquia nas referidas missas matinais, mas a das sete é outro mundo. Bandos de jovens bem, ou aspirantes a, enchem a igreja e lideram a celebração. Poses à parte, esta juventude queque desenvolveu uma pronuncia muito própria, verdadeiro fenómeno tribal, talvez resposta a qualquer frustração nortenha em relação a Cascais, que, para alem de hilariante, dificulta de sobremaneira a compreensão das leituras pelo católico normal. Vale a pena uma incursão a título de curiosidade, se bem que não se deva entrar na Casa de Deus com a curiosidade de quem vai ao circo.
Vem isto a propósito do preconceito, ficou bem claro o estado de espirito com que enfrento esta turba de aspirantes a tias e tios. Mas hoje, a meio da missa, enquanto uma jovem imperceptível distorcia o nome do velho Moisés, o olhar fugiu-me para dois jovens sentados num banco lateral. Tinham renunciado à cascata sanjoanina onde os outros se acotovelam em exibição; ele indumentária casual-queque, cabelo à fozeiro e brinco; ela no mesmo estilo, a dar ares de Guincho, cabelo comprido e piercing no nariz. Nada de mais, dito assim. Mas, no meio dos dois sentava-se a avó, pequenina, frágil, cabelos de neve, seguramente, muito além dos oitenta. No rosto dos três havia enlevo, ternura e uma serenidade que, confesso, cheguei a invejar. Estiveram a missa toda de mãos dadas, o auxilio necessário aos movimentos da avó era o prolongamento natural dos seus gestos, abraçaram-se os três no abraço da paz.
Em silêncio, agradeci a Deus ter-me dado a oportunidade de presenciar aquele quadro de tão intensa beleza. Afinal, que diferença faz a estranha fala, a indumentária, ou os códigos da tribo?

Sem comentários: