A notícia do dia foi a amplificação das declarações de S.E.R. D. José Policarpo.
Ouvi, logo pela manhã, as ditas frases e passei por dois estados de espirito em dois tempos diferentes.
Primeiro, perguntei-me como teria sido possível dizer tais coisas, sabendo das implicações e que viria a acontecer o que, de facto, aconteceu.
Num segundo tempo, irritei-me comigo próprio. Irritei-me por ter instintivamente alinhado com a brigada do politicamente correcto. Irritei-me por me ter irritado com a constatação de uma verdade. Irritei-me porque também já assumi a condição dos que devem estar prontos a acatar todas as agressões e a calar todas as opiniões com medo que alguem se ofenda.
É um facto que, do ponto de vista político, D. José Policarpo esteve menos bem, comprometeu a sua imagem de activista do dialogo inter-religioso. Mas, também é um facto que só referiu factos, não mentiu.
É uma verdade incontornável o papel humilhante e redutor a que o Islão remete a mulher; o que lá são deveres a observar, cá é violação de direitos. É um caso de ténue fronteira, mas o respeito pela religião pode coincidir frequentemente com a complacência face ao desprezo por direitos fundamentais. De facto, uma jovem europeia que se iluda com uma tonteria de amor e siga o seu amado para determinado tipo de comunidades islâmicas, pode enfrentar, depois da embriaguez da paixão, a ressaca da sua vida.
Escusado será dizer, que fora deste âmbito fica o islão moderado e mais secularizado, o que aprendeu a viver em harmonia com o seu próximo e respeita as diferenças. Registo também o equilibrio da reacção do Sheik Munir, testemunho que a maioria do Islão português pertence a esta facção moderada.
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