terça-feira, 27 de janeiro de 2009

John Updike


Morreu John Updike. Confesso que o descobri há muitos anos, aí uns 26, depois de vistas 400 vezes as playmates e bunnies, nas páginas da Playboy. Updike publicava na Playboy os contos mais ousados, que a New Yorker não permitia. Como Kerouac, Murakami, Theroux, Borges, Gordimer e tantos outros grandes, deixou parte do seu legado impresso na criação de Hefner.
Com uma vida que nos deu mais de 50 livros e uma imensa série de contos, poemas e crónicas, foi distinguido por duas vezes com o Pulitzer e por outras duas com o National Book Award. Considerou sempre a publicação do seu conto "Friends from Philadelphia", o primeiro publicado pela New Yorker juntamente com um poema, como "the ecstatic breakthrough of my literary life."
O que sempre me atraiu em Updike, como em Carver, como em Ford, foi a intensidade com que pintou quadros de um realismo transcendente. A temática recorrente centra-se, nos seus principais livros através de Rabbit, no americano anónimo, classe média, na vida urbana de uma cidade-tipo e a forma como estas pequenas realidades ganham vida própria em paralelo com um século pleno de grandes acontecimentos. Como gostava de dizer: "My subject is the American Protestant small town middle class, I like middles. It is in middles that extremes clash, where ambiguity restlessly rules."
Como somos todos chegados a este culto dos recém partidos, é boa altura para ler ou reler a saga de Rabbit Angstrom, ou passear pela poesia inspirada e fotográfica do autor.

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