quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O fim de uma era?

Quem me conhece, sabe da minha loucura por automóveis. Sou daqueles que, se tivesse disponibilidade financeira bastante, teria uma colecção enorme e eclética. Como nas pessoas, descubro nos carros mais improváveis sempre um pormenor interessante. Os carros americanos tiveram, e têm, um papel central nesta minha paixão.
As minhas viagens aos Estados Unidos confrontaram-me, desde logo, com dois fenómenos ameaçadores: os carros japoneses com o apelo da fiabilidade, qualidade e valor que fazem vacilar o pragmático americano médio; noutro patamar, os carros premium europeus que se tornaram o sonho de consumo das classes mais altas e dos wannabe's. Carros americanos só nas frotas de rent-a-car, de grandes empresas, taxis e para os americanos conservadores e patriotas.
Contra os que dizem hoje que a indústria automóvel americana parou escandalosamente, eu digo que resistiu estoicamente. Manteve um padrão e uma concepção do automóvel alicerçado num pedigree notável, preso a um tempo que tenderá a passar mas que merece não ser esquecido, relutante em aceitar a cinzenta padronização global.
Em cada viagem que fiz, cometi a criancice de trocar de carro sempre a meio da estadia para ter a oportunidade de conhecer dois carros diferentes a cada estadia! Conheço ao detalhe os Buick's, Pontiac's, Chevrolet's, Cadillac's, Dodge's, Ford's, Lincoln's. A minha mulher anda diariamente num jactante Chrysler Sebring... De vez em quando, sonho que ainda estou ao volante do Lincoln Town Car das fotografias; foram cerca de 5.000 kms e quatro estados percorridos com suavidade e conforto puxados por um soberbo V8 de 4.6 litros, só pensava em importar um!
Barack Obama pediu a Bush medidas para salvar os grandes de Detroit; espero bem que assim aconteça. Mais, espero que tenham a suprema arte e o engenho de evoluir sem se descaracterizarem, que preservem alguns modelos para os conservative fellows e para apaixonados como eu.

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