Ando atónito e preocupado com a reacção europeia à catástrofe que se vive na India. Nas televisões portuguesas a abordagem anda de mãos dadas com as cheias de Santa Catarina. Nas televisões europeias, á excepção das inglesas, a coisa é tratada como uma curiosidade exótica. O discurso europeu tem sido economia, economia, economia. Só a CNN, por ser americana, tem revelado a lucidez de interpretar a tragédia como global.
A população muçulmana na India é residual, no vizinho Paquistão é massiva. Esta mobilidade, se extrapolada para o resto do mundo, é assustadora. As implicações políticas nas relações internacionais provocadas por actos terroristas deste formato, revelam uma dimensão e um alcance muitíssimo mais sofisticado do que se podia prever.
A Al Qaeda revela uma evolução difícil de controlar; propaga-se como um franchise simplificado, rápido e ágil: onde haja um grupo de fanáticos e um portátil ligado á rede, poderá haver uma célula da Al Qaeda. A evolução dos métodos, a dispersão mundial, a imprevisibilidade do formato, a simplicidade da comunicação e da estrutura, são os grandes desafios que o mundo, todo o mundo civilizado, não pode deixar de enfrentar. Entretanto, na Europa, economia, economia, economia. Até aí estão enganados, ainda falta aferir o impacto dos atentados na economia da India, da qual Bombaim é a capital económica, e a repercussão na economia mundial.
Se pensam que é lá longe, estão redondamente enganados.
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