Confesso que, por vezes, hesito em falar da ministra da educação; como nada de bom e ocorre, poderá parecer uma coisa partidária ou militante. Não é.
As declarações de Manuel Alegre foram mais demolidoras do que a acção de toda a oposição. Do ponto de vista do conteúdo, foram, apesar de justas, duma violência a que a oposição não se atreveu; do ponto de vista da eficácia, foram o que vimos.
Manuel Alegre tem razão em cada uma das palavras que utiliza. O sistema está prestes a entrar e colapso. A escola pública mais bem classificada do país suspendeu a avaliação por decisão unânime dos seus noventa docentes. Sócrates, insiste em não tirar consequências e renovar a ministra. Até quando?
É interessante, do ponto de vista da análise, ver como Alegre, facto a facto, torna incontornável a sua recandidatura a Belém. Escolheu um caminho peculiar ao fazê-lo em oposição ao PS de Sócrates. Mas, como dizia há dias Edmundo Pedro, o PS não terá como não apoiar Alegre, ainda que Sócrates prefira Cavaco. Teremos, no plano dos valores, um candidato humanista contra um tecnocrata. No plano do xadrez partidário, um socialista com a esquerda cativa e, ao mesmo tempo, o capital acumulado de oposição a Sócrates; Cavaco terá a maioria do centro-direita e, dado o voto ser secreto, a contribuição provável de Sócrates e dos seus mais próximos. Tudo dependerá da conjuntura de então e das prioridades dos portugueses, mas poderá ser mais interessante do que parece à primeira vista...
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