quarta-feira, 23 de julho de 2008

A QUEDA.


Há uns dias atrás, a nossa amiga a Casual Friday publicou um post sobre o Livro “Terramoto no BCP”. Neste, transcrevia um excelente texto da autora do livro sobre o supremo pecado: a Vaidade. Pecado que não ataca os mais fracos mas, os aparentemente, mais fortes: os mais nobres, os mais justos, os defensores da moral, os inteligentes, os dotados, em suma, homens que deveriam ser um exemplo, um bastião de valores para a sociedade.
A prisão de Radovan Karadzic deixou-me perplexa. Para além das obscuras tramas politicas que conduziram à sua prisão, a imagem daquele homem, transfigurado, fez-me pensar sobre o lado negro da natureza humana. O homem que foi um senhor da guerra e arquitecto da política de limpeza étnica na Bósnia, era um psiquiatra e poeta!...
Hoje, a propósito da sua prisão, li no Jornal Público o seguinte:
“Mas como é que um psiquiatra e poeta, ainda que excêntrico, seguiu caminhos tão negros, interrogava-se muita gente, então e ainda agora.A resposta é dada por Slavenka Drakulic no seu artigo: Os criminosos de guerra.(…) “Karadzic, diz, [tornou-se um criminoso de guerra por pura vaidade. Os seus feitos não lhe chegavam, ele queria poder. A vaidade não é um crime por si, a não ser que nos empurre para uma posição em que podemos, e de facto, ordenamos, a exterminação de 8000 muçulmanos, por exemplo], diz. [Os seres humanos têm a capacidade para fazer o bem e o mal. Mas temos a possibilidade de escolher. Radovan Karadzic escolheu ter poder e ter poder em tempos de guerra pode ter um preço muito alto] …”
Até os anjos, que superam em perfeição todas as criaturas visíveis, não escaparam a este pecado. A vaidade procura e insinua-se nos melhores. Aparentemente, Lúcifer julgava-se tão perfeito, que revoltou-se contra Deus pois não precisava mais Dele.

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