quinta-feira, 24 de julho de 2008

Genes e Liberdade


A modernidade substituiu a crença em Deus por uma fé cega no conhecimento científico. Os recentes avanços na área da genética e a descodificação do ADN, fizeram a humanidade crer num determinismo biológico que reduz o ser humano a um mero amontoado de células. De tal forma, que a ciência até quer determinar a minha moral!... Onde fica a vontade e a liberdade? E, consequentemente que efeitos tem uma crença, deste género, na responsabilidade individual de cada um, perante o outro? Há tempos, num dos programas da Oprah Winfrey que abordava questões de saúde, esta não se cansou de fazer publicidade ao laboratório X, porque este através de uma análise ao sangue determina a nossa idade real e a propensão para certas doenças. Mais, Oprah, aconselhava os telespectadores, com possibilidades económicas, a oferecerem aos seus amigos e familiares tais análises. Achei, tal sugestão, de um mau gosto atroz. Um amigo, hipocondríaco, era bem capaz de gostar?! Fiquei com dúvidas sobre a ética deste negócio. Até que ponto tais análises são fiáveis? Não estaremos perante mera publicidade enganosa? Obtive a resposta a estas dúvidas, quando li a entrevista a Jorge Sequeiros, presidente do Colégio de Genética Médica, da Ordem dos Médicos. Nesta entrevista, Jorge Sequeiros, denuncia a proliferação de empresas que vendem testes genéticos sem qualquer validade ou utilidade clínica comprovada. Segundo este médico: "Se lhe venderem um teste para uma doença cardiovascular, neurológica ou psiquiátrica...independentemente da história da sua família, estão a fazê-lo gastar o seu dinheiro inutilmente...Não há um único teste genético para doenças comuns cuja validade e utilidade clínica estejam demonstradas. Isto, porque estas doenças se devem, na maior parte das vezes, à mistura de diversos genes com múltiplos factores ambientais, como os nossos hábitos de vida." Sem dúvida, um cientista com bom senso que nos vem dizer que a ciência não é infalível e que a nossa vida não está pré-determinada, à nascença, pelos nossos genes. A liberdade e a vontade jogam um papel essencial no destino do homem.

Sem comentários: