Só hoje, depois de uma ausência de alguns dias, vi as imagens da guerrilha urbana na Quinta da Fonte. Várias pessoas me falaram num tiroteio entre ciganos e pretos, ninguém me falou em questões sérias de segurança, no escândalo da abundância de armas, no perigo eminente que uma situação destas encerra. Confesso que, ao ver as imagens, fiquei chocado. Nem reparei na cor dos guerrilheiros, nem me interessa. Parecia o médio-oriente, mas, infelizmente, não era. Era em Portugal, um Portugal sem lei, uma flagrante ausência de Estado.
Desenganem-se os que viram aquilo como uma contenda entre pretos e ciganos, desenganem-se os que pensam que a Quinta da Fonte é um mundo distante, um universo paralelo. É já ali, ao virar da esquina, um dia vira a esquina.
Este episódio dramático revelou a fragilidade absoluta da autoridade do Estado, o insucesso da inclusão, o fracasso da ordem pública, a falta de soluções para problemas concretos que são varridos para baixo do tapete.
É só esperar, um dia será numa rua próxima de nós. Os xenófobos estarão a ver a cor de quem segura a arma. O governo estará a testar novas ideias no terreno. Mais uma vez.
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